Pesquisar este blog

sábado, setembro 18, 2010

É a uva que dita o vinho

Por mais talentoso e competente que seja o enólogo, e por mais moderna que seja a tecnologia empregada na vinificação, ainda assim, é a variedade da uva (a casta), que vai determinar, majoritariamente, o caráter e a qualidade do vinho. Constata-se com isso que não há vinho excelente sem que antes a uva tenha resultado excepcional no vinhedo. Como também não há vinho espetacular, em que o homem (enólogo), tenha usado de artifícios químicos reparadores (maquiagem), para sugerir qualidade.

Aliás, nos melhores vinhos, o homem (mero coadjuvante) e suas intervenções sutis, ocorrem tão somente para conduzir o processo e extrair o melhor da matéria prima (uva), sem ofuscar-lhe o papel de destaque (protagonista), que tempos depois irá interpretar na taça toda atmosfera e esplendor do seu terroir. E sendo o vinho reflexo da uva, a maior parte da atenção dos produtores atualmente está voltada para o vinhedo e tudo que o compreende: solo, clima, posição, manejo, irrigação, variedade e interação humana.

No final, um grande vinho é o resultado de uma feliz parceria entre o homem e a natureza, sendo a natureza a sócia majoritária e benevolente dessa joint venture. Daí porque o vinho reúne em si um misto de sagrado e profano.
Tribuna do Norte

sexta-feira, setembro 17, 2010

Máquina de refil de vinho começa a invadir supermercados da França


Invento foi criado em 2008 por francesa que queria unir sua paixão por vinho com sustentabilidade

A francesa Astrid Terzian resolveu juntar uma de suas paixões com sua preocupação com o ambiente para criar o conceito da máquina de refil de vinhos. Ela deu início a essa ideia em 2008, quando desistiu de seu sonho de comprar uma vinícola para partir para as vendas do produto.

Sua primeira máquina foi instalada em junho de 2009, na cidade de Dunquerque, na França. Agora, diversos supermercados franceses já possuem o equipamento. Basta trazer sua garrafa – seja ela de vidro, plástico ou até um cantil – e encher. Sem necessitar de embalagem, o produto fica mais barato: o preço para o consumidor final é de 1,45 euros por litro. Sem falar que o meio ambiente agradece o reaproveitamento dos recipientes. Os vinhos disponibilizados nas máquinas têm procedência variada.
Fonte: Pequenas Empresas e Grandes Negócios

quinta-feira, setembro 16, 2010

Com Afeto...O Rei Petrvs

Não existe classificação oficial dos vinhos do Pomerol, uma das mais notáveis sub-regiões de Bordeaux, no sudoeste francês. Ainda assim, no topo de qualquer lista dos melhores tintos da comuna certamente estaria o lendário Pétrus. Aliás, em qualquer relação dos grandes tintos do planeta este vinho elaborado com a casta Merlot tem lugar assegurado, tal a sua qualidade. O domaine, comandado por Christian Moueix, tem apenas 11,5 hectares, de onde saem não mais que 50 mil garrafas por ano. Um tinto raro e caro, mas sua fama é merecida, pela classe, aromas potentes, bom corpo e notável concentração de sabor.

O Pomerol, quase um subúrbio da cidade de Libourne, tem apenas 750 hectares de vinhedos e é a menor das apelações de Bordeaux - pequenina mesmo, perto da vizinha Saint-Émilion, que possui 2.300 hectares plantados. Ao contrário do Médoc (outra grande área bordalesa), onde predomina a Cabernet Sauvignon, ali é o reino da Merlot. Esta uva tinta proporciona vinhos redondos, não muito agressivos na juventude e que não precisam envelhecer muito para dar prazer. Neste universo, o Pétrus tem identidade própria. Apresenta o aveludado típico da casta, mas tem vocação para guarda. Normalmente precisa de dez anos para chegar ao ponto ideal de consumo e tem estrutura para durar décadas.

Na preparação dos vinhos do Pomerol, a receita consagrada é 70 de Merlot e 30% de Cabernet Franc. No Pétrus a proporção é outra, 5% de Cabernet Franc e 95% de Merlot. Ele traduz esta uva ao máximo de sua expressão - na verdade, é o que todo Merlot gostaria de ser. O segredo está no solo e nos cuidados com que o vinho é cercado na propriedade. O terreno é argiloso, com boa capacidade de drenagem, e debaixo dele há um sub-solo com forte presença de óxido de ferro, que confere ao vinho sua especificidade.

O preço traduz todos esses cuidados: uma garrafa de Petrus da safra de 1995 custa no mercado brasileiro US$2.800, 00 chegando a US$5.200,00 para a safra de 1982.
Hoje a família Moueix é dona ou administra perto de 20 propriedades vinícolas em Bordeaux, entre elas estrelas como os Châteaux Trotanoy e La Fleur-Pétrus, no Pomerol, Château Magdelaine, em Saint-Émilion, e o Château Dauphine, em Fronsac. Mas nesta constelação, nenhuma tem o brilho ou o charme do tinto que, por sua nobreza, é chamado respeitosamente por muitos enófilos de o Rei Pétrus.
Postado por Com açucar, ou com Afeto.

quarta-feira, setembro 08, 2010

Cabernet Franc, o anti-herói do Loire


Apelações territoriais do Loire podem confundir o consumidor comum
Para aqueles mais interessados em tomar vinhos do que em colecionar ou investir neles, os preços insanos de algumas garrafas podem ser um mistério. Para tentar explicar essa lógica, é bom explicar: na vitivinicultura, o grosso do dinheiro está em pequenas, porém selecionadíssimas, propriedades famosas.
“Você pensa: o mundo enlouqueceu?”, diz Sam Harrop. “Estamos gastando milhares em caixas de Bordeaux em primeur quando, poucas centenas de milhas estrada acima, há uma região produzind tintos que mostram melhor terroir e mais vibrantes por uma fração do preço”.

Ele está falando Loire. Especificamente, sobre o Cabernet Franc produzido lá. Harrop é um neo-zeolandês Master of Wine que acabou de passar quatro anos aconselhando os produtores do Loire sobre como eles podem desenvolver seus vinhos para o paladar britânico. Ou seja, ele não é imparcial. Mesmo assim, ele tem um forte argumento. O Cabernet Franc é subestimado, não apenas entre essas propriedades top de linha, e sim desde a mais simples prateleira de supermercado.

“É incrivelmente difícil levar as pessoas a comprá-lo”, repetem os importadores. Parcialmente, isso ocorre porque sua terra natal é o Loire, cujas apelações de procedência despistam os consumidores comuns. Também porque no passado os tintos do Loire geralmente traziam extração exagerada, junto com aromas e sabores herbáceos - algo que o projeto de Harrop em torno do Cabernet Franc está tentando remediar. Além disso, a variedade não é bastante conhecida porque as grandes marcas nunca investiram nela.

“Digamos que se a Penfolds, por exemplo, tivesse plantado cabernet franc em vez de Merlot, a história seria totalmente diferente”.
A frustração é que, apesar de todo esse apoio de marketing, muitos produtores do Loire simplesmente não parecem interessados em vender, o que dificulta a missão dos amantes dessa uva. Então, se alguma vez você chegar ao Loire, procure pelo fresco e revigorante Cuvee Domaine 2009 produzido por Charles Pain. Se preferir um vinho mais esperto, com especiarias e ideal para ser harmonizado com cordeiro grelhado, tente o Les Nivieres Saumur 2009 ou o Cuvee de Printemps Saumur 2008, elaborados na Domaine de la Paleine. Para algo mais sério, com carvalho, estrutura de claret e imensa riqueza equilibrada, encontre o Chateau de la Grille e seu Baudry-Dutour Chinon 2005.
Postado por Maurício Roloff.

Sonoma, simples na medida certa

Rústico não é o adjetivo mais adequado para uma região que leva tão a sério os vinhos e a gastronomia. A saída, então, passa pela inevitável comparação: Sonoma é menos requintada que a vizinha Napa. Mas isso tem lá suas vantagens, acredite. Se por um lado você não vai encontrar ali cobiçadas garrafinhas de molho de vinho e chocolate, por outro estará distante de algumas armadilhas turísticas de Napa. Caso das vinícolas que parecem existir apenas para entrar no roteiro das excursões de um dia que partem de São Francisco.

Em Sonoma, as vinícolas tendem a ser mais novas, menores e familiares. A Scribe Winery, por exemplo, é uma das caçulas: fundada em 2007, só mostrará ao mundo seus pinot noirs e chardonnays no ano que vem. Quem tiver a oportunidade de fazer uma visita provavelmente será recebido pelo dono, Andrew Mariani, de 28 anos, e poderá provar em primeira mão os rótulos.

Tratamento semelhante será dado nas mais de 300 vinícolas da região. A maioria aceita visitantes com hora marcada e dificilmente você verá um megaesquema como o montado pela Domaine Chandon, em Napa, onde levas de turistas se revezam entre vinhedos e sala de degustação. Os contatos das vinícolas estão disponíveis no site www.sonomacounty.com. Na dúvida sobre quais escolher? Lancaster Estate, A. Rafanelli e Peay Vineyards são bons pontos de partida.

Antes, depois e no intervalo entre as degustações, dedique-se a conhecer o melhor da produção de queijos da Redwood Hill Farm, especializada em produtos feitos com leite de cabra. Na rota gastronômica dos turistas devem estar, ainda, os sorvetes da La Michoacana (experimente os de caramelo e manga).

Sim, depois de tanto provar, talvez o almoço fique comprometido. Mas tente jantar em grande estilo. Pode ser no Santé, dentro do Sonoma Mission Inn and Spa, que no ano passado recebeu sua primeira estrela Michelin. Entre as melhores pedidas, uma versão adulta do tradicional macarrão com queijo (leva também lagosta e trufas negras) e o peito de pato com arroz de cogumelos e foie gras.

O Rustic, na vinícola de Coppola, e o Estate, de Sondra Bernstein, são outras opções certeiras. A primeira casa da restaurateur, o Girl and the Fig, já é uma instituição. E o Estate, sua mais nova investida, tem tudo para seguir o caminho. Pratos da culinária italiana, como carne de porco com polenta, são destaques do menu.

A vocação artística também está presente. Healdsburg, uma das maiores cidades da região de Sonoma, tem razoável coleção de arte moderna. Nas paredes do Healdsburg Center for the Arts, se revezam artistas locais. Enquanto o Hawley Tasting Room and Gallery exibe paisagens pintadas por Dana Hawley, mulher do vinicultor John Hawley.

Outro produto típico da região, a mostarda, entra com o vinho e o mel no cardápio de terapias dos spa de Sonoma. No Simple Touch, os banhos são com espumante e mostarda. Já no spa do Hotel Healdsburg, com vinho tinto e mel. Rústico de fato não é um bom adjetivo para falar da região.

Saiba mais

Passagem aérea:

O trecho SP-São Francisco- SP custa a partir de R$ 2.540,07 na American
Airlines (aa.com.br); R$ 2.660,42 na United (united.com.br); R$ 2.694,45 na Continental (continental.com) e R$ 2.717,95 na TAM (tam.com.br)

Aluguel de carro:

No Aeroporto de São Francisco, a diária de um carro modelo econômico custa a partir de US$ 40,44 na Alamo (alamo.com); US$ 51,75 na Hertz (hertz.com)
e US$ 74,40 na Avis (avis.com).
Kabir Chibber, NYT - O Estado de S.Paulo



segunda-feira, setembro 06, 2010

Um pouco sobre o vinho no Brasil

No Rio Grande do Sul concentra-se mais de 90% da produção vinícola do país e lá estão as melhores vinícolas brasileiras. A maior parte destas vinícolas está localizada na Serra Gaúcha região de montanha ao norte no estado, destacando-se as cidades de Bento Gonçalves, Garibaldi e Caxias do Sul, seguidas de Flores da Cunha, Farroupilha e Canela, e o restante em Erechin, no noroeste do estado; Jaguari, no sudoeste; Viamão e São Jerônimo, no centro-leste; Bagé, Don Pedrito, Pinheiro Machado e Santana do Livramento, no extremo sul.

Uma pequena parte restante dos vinhos brasileiros é proveniente de diminutas regiões vitivinícolas situadas nos estados de Minas Gerais (municípios de Andradas, Caldas, Poços de Caldas e Santa Rita de Caldas), Paraná, Pernambuco (Santa Maria da Boa Vista e Santo Antão), Santa Catarina (Urussanga) e São Paulo (Jundiaí e São Roque). No entanto, essas regiões cultivam quase que exclusivamente uvas americanas (Isabel, Niágara, etc.) que originam apenas vinhos de categoria inferior. Algumas vinícolas começaram a produzir vinhos elaborados com uvas européias, mas até agora não convenceram. Esperamos que, com seriedade, trabalho e tecnologia essas regiões possam, pelo menos em longo prazo, oferecer vinhos de boa qualidade.
No quadro vinícola descrito para as regiões fora do Rio Grande do Sul, existe uma feliz exceção situada no Nordeste brasileiro. É o promissor Vale do rio São Francisco, especialmente na cidade de Santa Maria da Boa Vista, próxima de Petrolina e Juazeiro, na fronteira de Pernambuco e Bahia.

A vitivinicultura brasileira evoluiu de maneira extraordinária nas duas últimas décadas, e o Brasil produz hoje vinhos de boa qualidade. O atual panorama vinícola brasileiro é animador e, complementando esse salto qualitativo, a partir de setembro de 1995 o Brasil passou a ser membro da OIV (Office International de la Vigne e du Vin ou, simplesmente, Organização Internacional do Vinho), organismo que regula as normas internacionais de produção do vinho, cujo cumprimento resulta, obrigatoriamente, em elevação do padrão de nossos vinhos. Uma das normas que em breve será implantada é a criação e implementação das Denominações de Origem Controladas, como as existentes nos países europeus.

Estamos produzindo bons vinhos varietais (elaborados com um tipo predominante de uva) brancos (das uvas Chardonnay, Riesling, Sauvignon Blanc, etc.) e tintos (das uvas Cabernet Sauvignon, Merlot, etc.) e muitos deles têm recebido prêmios em concursos internacionais sérios, a maioria deles supervisionados pela OIV.
É preciso, no entanto, que o consumidor brasileiro deixe de comparar os nossos vinhos com os estrangeiros. Sem dúvida, os melhores vinhos do mundo se originam da França, Itália, Espanha, Portugal, Chile e outros países. Entretanto, a rigor não se pode comparar vinhos de regiões diferentes, uvas diferentes e tipos de vinificação diferentes, que lhes conferem estilos diferentes. Do mesmo modo, o vinho brasileiro de qualidade tem o seu estilo. Os brancos são adequados ao nosso clima - frutados, refrescantes, para serem consumidos jovens - e já alcançaram um nível de qualidade que ultrapassa muitos vinhos brancos de países de tradição vinícola. Os tintos já atingiram o nível de muitos vinhos europeus jovens.
Alguns da safra de 1991, a melhor da história da vitivinicultura brasileira, atingiram um surpreendente grau de qualidade e estão melhorando com o envelhecimento na garrafa por mais de sete anos, um tempo antes inimaginável para os vinhos nacionais.
Existem, ainda, dois problemas cruciais que dificultam um maior desenvolvimento da vitivinicultura brasileira. O primeiro é sem dúvida o pequeno consumo (cerca de apenas 2 litros per capita por ano), resultante da falta de tradição vinícola e do baixo poder aquisitivo do brasileiro. O segundo é o preço do vinho nacional, que é relativamente caro, em conseqüência da alta taxação de impostos e de encargos sociais, e não tem conseguido enfrentar os baixos preços de muitos importados.
Infelizmente, a maior parte dos consumidores brasileiros não tem conhecimento desses fatos e continua tomando vinhos importados de qualidade inferior, escolhido pelo pomposo nome de difícil pronúncia ou pelo questionável charme da cor da garrafa.
Os Níveis de Qualidade dos Vinhos Brasileiros

Os vinhos brasileiros estão classificados em dois níveis de qualidade:

1. Vinho de Mesa - vinho inferior, elaborado a partir de variedades de uvas comuns (Concord, Herbemont, Isabel, Seyve Willard, Niágara, etc.) de espécies americanas (Vitis labrusca, Vitis rupestris, etc.).

2. Vinho Fino de Mesa - vinho de mesa diferenciado, elaborado a partir de variedades de uvas nobres (Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Pinot Noir, Merlot, Chardonnay, Riesling, Sauvignon Blanc, etc.) da espécie européia (Vitis vinifera).

Outras Denominações Utilizadas

1. Vinho Varietal - vinho feito com uma só variedade de uva ou com o mínimo de 60% da variedade de uva declarada no rótulo. As boas vinícolas utilizam 100% da variedade declarada.
2. Vinho de Corte (ou de Assemblage) - vinho elaborado a partir de diferentes uvas.
3. Vinho seco - vinho com teor de açúcar menor do que 5 gramas por litro.
4. Vinho demi-sec - vinho com teor de açúcar entre 5-20g/l.
5. Vinho suave - vinho com teor de açúcar maior do que 20g/l.

As Regiões

Com a implantação de um sistema de irrigação eficaz, essa região começou, há duas décadas, a produzir frutas de qualidade e uvas européias que, através controle da irrigação, podem dar até duas safras ao ano! Na década de oitenta, algumas vinícolas lá se instalaram e começaram a produzir vinhos honestos. No entanto, há muito que melhorar, e essa região pode vir a produzir "caldos" realmente surpreendentes.

Rio Grande do Sul

O Rio Grande do Sul, além de ser o estado de melhor e maior produção vinícola também é sede da UVIBRA (União Brasileira de Vitivinicultura) e da ABE (Associação Brasileira de Enologia) entidades que lutam para a melhoria do vinho brasileiro.
Situada nas montanhas do nordeste do estado, a região da Serra Gaúcha é a grande estrela da vitivinicultura brasileira, destacando-se os municípios de Bento Gonçalves, Caxias do Sul e Garibaldi pelo volume e pela qualidade dos vinhos que produzem, além de outros municípios com produções de qualidade.
Fora da região da Serra Gaúcha existem outras regiões vinícolas do estado, menores, como a região de Viamão e Campanha, sendo que essa última apresenta o maior destaque é a sub-região de Santana do Livramento, no extremo sul do estado.

Serra Gaúcha

A região da Serra está próxima das condições geo-climáticas dos melhores vinhedos do mundo (a faixa ao norte ao sul do planeta, com latitude entre os paralelos trinta e cinqüenta), mas as chuvas costumam ser excessivas, exatamente na época que antecede a colheita, período crucial à maturação das uvas.
Por essa razão, os viticultores da Serra Gaúcha são verdadeiros heróis: obstinados, enfrentam os percalços da natureza, extraem da terra o que de melhor ela pode lhes dar e conseguem, com trabalho árduo e investimentos em tecnologia, produzir vinhos que surpreendem e melhoram em qualidade a cada dia.
Hoje, as melhores vinícolas da Serra Gaúcha utilizam cepas nobres e contam com a mais avançada tecnologia, idêntica à utilizada nos principais países vinícolas da Europa. A qualidade de seus vinhos certamente continuará a melhorar, pois em breve serão implantadas as primeiras Denominações de Origem Controladas do país, como conseqüência de estudos que vêm sendo desenvolvidos há muitos anos na região.
Além de Bento Gonçalves, Caxias do Sul e Garibaldi, existem ainda cerca de trinta e cinco municípios da Serra, cuja produção vinícola é voltada mais para o vinho de mesa, os chamados vinhos coloniais.
Outros municípios da Serra Gaúcha, como Antônio Prado, Canela, Carlos Barbosa, Farroupilha, Flores da Cunha, Guaporé, São Marcos e Veranópolis produzem pequenas quantidades de vinhos finos.
Fora da região da Serra Gaúcha existem outras regiões vinícolas do estado, menores, como a região de Viamão e Campanha, sendo que essa última apresenta o maior destaque é a sub-região de Santana do Livramento, no extremo sul do estado.

Bento Gonçalves

Bento Gonçalves aloja grande parte das mais prestigiadas vinícolas do país. Percorrer as linhas (linhas de demarcação das terras dos primeiros colonos) nos arredores da cidade é uma experiência inesquecível. O Vale dos Vinhedos situado na parte sul do município é um festival de cores, aromas e sabores para seus visitantes, em seus vinhedos e cantinas vinícolas, muitas das quais investindo pesado no turismo enogastronômico.
A Casa Valduga, por exemplo, possui ótimo restaurante de cozinha italiana e uma bela pousada para os amantes do bem beber e comer. Também a vinícola Miolo possui a aconchegante Osteria Mamma Miolo, onde pode-se saborear desde pratos italianos até um javali assado.
Em Bento Gonçalves, a tradição vinícola artesanal, trazida pelos imigrantes italianos, foi seguida pela modernização, com adoção e aprimoramento da tecnologia. Lá também estão sediadas duas instituições públicas da maior importância na pesquisa e no ensino enológicos: a Embrapa, com um excelente centro de pesquisa, e a Escola Agrotécnica Federal Presidente Juscelino Kubitschek que vem formando gerações de técnicos em enologia e, a partir de 1995, passou a ter o Curso Superior de Tecnologia em Viticultura e Enologia, o primeiro centro de formação de enólogos no país e um dos raros nas Américas.
Para qualquer enófilo indo ao Rio Grande, é obrigatório visitar a Serra Gaúcha e, em particular, Bento Gonçalves.

Caxias do Sul

Caxias aloja algumas vinícolas de qualidade situadas nos arredores do município. Os destaques são a Remy-Lacave, pelo enorme castelo sede da vinícola (réplica de um castelo medieval europeu) e, especialmente, a Juan Carrau - Velho Museu, com o seu Atelier do Vinho, pequena e charmosa vinícola fonte de vinhos muito corretos. De menor porte, a vinícola Zanrosso (Granja do Vale) já apresenta vinhos de qualidade.

Garibaldi

Garibaldi, cidade bucólica e hospitaleira da Serra Gaúcha, é muito conhecida como a capital do champanha, o vinho espumante brasileiro, pois lá estão sediadas várias empresas especialistas na produção desses vinhos, alguns deles entre os melhores do país. No entanto, algumas vinícolas, como a De Lantier e a Chandon, produzem alguns dos melhores vinhos tranqüilos (não espumantes) do país.
Outras Regiões do Rio Grande do Sul
O Rio Grande do Sul apresenta outros municípios vinícolas situados fora da Serra Gaúcha, a saber: Erechin, no noroeste do estado; Jaguari, no sudoeste; Viamão e São Jerônimo, no centro-leste; Bagé, Don Pedrito, Pinheiro Machado e Santana do Livramento, no extremo sul.
Desses municípios, merece destaque Santana do Livramento, quase na fronteira com o Uruguai, bem próxima do início da faixa considerada ideal para a vitivinicultura, entre os paralelos trinta e cinqüenta. Ali não existem os problemas climáticos da Serra Gaúcha e tem se avançado na produção de uvas européias e vinhos de qualidade. Com o bom clima local, o investimento em tecnologia e a vontade das empresas, a região certamente passará a uma posição de destaque no panorama vinícola nacional. O problema é que empresas vinícolas de grande porte lá instaladas há mais tempo (e que já chegaram a produzir bons vinhos!), hoje apostam em vinhos "docinhos”, muito vendáveis, mas longe de conquistar o consumidor mais exigente. Aliás, esses vinhos constituem um raro exemplo no mundo vinícola de vinhos demi-sec (adocicados), elaborados com uvas européi as nobres como a Cabernet Sauvignon, a Merlot, a Chardonnay e outras, configurando, sem dúvida, um desperdício de matéria prima nobre! Resta-nos como consolo, o fato do consumidor menos exigente e menos informado poder comprar seus vinhos "docinhos" nacionais, em vez dos importados que, infelizmente, invadem nosso mercado e não geram empregos, nem divisas para o país!

As Variedades

UVAS TINTAS
Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Petite Syrah, Pinot Noir, Gamay, Malbec, Merlot, Zinfandel

UVAS BRANCAS
Chenin Blanc, Moscato Canelli, Sauvignon Blanc, Sylvaner, Chardonnay, Gewürztraminer, Pinot Blanc, Malvasia, Moscato, Riesling Itálico, Riesling Renano, Semillon, Trebbiano (Saint Emilion ou Ugni Blanc)
Fonte: Academia do Vinho

A Semântica da Degustação

Para quem gosta de conhecer o vinho saiu, finalmente, uma obra de leitura obrigatória: a tradução de “Le goût du vin”, de Émile Peynaud (O gosto do vinho, São Paulo, Martins Fontes, 2010).
Até o século XVIII, os livros sobre o vinho versavam sobre o plantio da vinha, sobre os usos medicinais do fermentado e sobre sua elaboração, raramente dedicando-se a apreciação da bebida. Apenas em 1793 o termo “provador” foi designado pelos lexicógrafos franceses (1) como “aquele cujo ofício é provar vinhos”, e a palavra “degustar” só surgiu nos textos franceses em 1813. Na literatura do século XIX houve um “quase-silêncio” intelectual sobre o vinho, onde ele figura sempre como um acompanhamento ou complemento do comer, tornando-o, assim, tributário da literatura gastronômica mais geral até que, por volta de 1970, com o surgimento da Revue dês Vins de France, os dois discursos se dissociam. Até o surgimento do livro de Peynaud, em 1980, o vinho estava subsumido nos estudos de alcoolização (2), sem “dignidade” como tema cultural. Mas Peynaud introduz, finalmente, a abordagem sensorial e abre a possibilidade da intelectualização que faz emergir o moderno discurso enológico francês: tradição, vínculo com o lugar, distinção, estética, autenticidade, artesanato e região.

Um dos capítulos mais interessantes é aquele sobre “As palavras do vinho”. Nele, analisa a linguagem dos degustadores e a semântica da degustação. “O cronista que fala de vinhos ‘engraçados, divertidos, elegantes, espirituosos, impactantes, maliciosos’ (e seria fácil aumentar insignificância e ele próprio merece alguns desses adjetivos” (3). É o capítulo que analisa o que incomoda não poucas pessoas: a verborragia. E como faz essa análise? A partir das técnicas de análise de texto, especialmente da lingüística de corpus, quando aparece o abuso de certos termos – como “frutas vermelhas e negras” – “Essas observações de especialistas da semântica podem surpreender, desamparar o degustador habitual; elas têm o grande mérito de sensibilizá-lo para o uso correto de um bom vocabulário, claro, útil e compreensível para todos”.

Para Peynaud, aquele que cria uma ficção no terreno da linguagem é um pseudo-poeta que constrói um vinho literário, que não existe. Para quem simplesmente quer se informar sobre escolhas a fazer, ele não ajuda, só atrapalha.

1 O primeiro livro a tentar analisar a ciência da degustação foi provavelmente “The History of Ancient and Modern Wines” escrito em 1824 pelo Dr. Alexander Henderson. A obra “Études sur le vin” de Louis Pasteur, publicada em 1866, foi de grande importância. Esta publicação científica, ao explicar a fermentação alcoólica e o papel do oxigênio na degradação dos vinhos, suscitou uma vontade maior de compreender a bebida.

2 “Bebida, abstinência e temperança - na história antiga e moderna” (São Paulo, editora SENAC, 2010) de Henrique Carneiro, professor da USP, faz uma análise da história moral da embriaguez, baseada em referências da tradição ocidental e atitudes sociais diante desse estado especial. O autor faz um percurso histórico sobre as formas culturais de ingestão, das práticas, dos atos e gestos diante do álcool.

3 Extraído do prefácio: “ Os bons vinhos incitam à sobriedade, sendo o alcoolismo a punição do mal beber. (…) Eu queria que este livro vos ensinasse também a falar do vinho. Beber vinho não é um prazer solitário, mas comunicativo. Se for bom, dizei-o da mesma maneira que mais vos apetecer. Há poucos prazeres capazes de tornar tão eloquentes como o de partilhar um copo. “

sábado, setembro 04, 2010

Vinho Verde exporta mais

De acordo com os dados apresentados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) referentes aos primeiros cinco meses de 2010, o Vinho Verde exportou mais 1,2 milhões de euros (mais de 453 mil litros) do que em período homólogo de 2009. Se nos primeiros cinco meses de 2009 foram exportados cerca de 5,907 milhões de litros de Vinho Verde (mais de 13,476 milhões de euros), este ano, as vendas para os mercados externos ascenderam aos 6,361 milhões de litros (cerca de 14,680 milhões euros).

Entre os principais países importadores de Vinho Verde destacam-se os Estados Unidos da América, cujo consumo tem vindo a aumentar consideravelmente, evidenciando-se como líder do mercado internacional. 1,733 milhões de litros de Vinho Verde (equivalente a mais de 3,7 milhões de euros) foi a quantidade de Vinho Verde exportada para os EUA durante os cinco primeiros meses de 2010. São mais 415 mil e 642 litros de Vinho Verde comparativamente a período homólogo de 2009.

Os dados apresentados reafirmam França, Brasil e Reino Unido como alguns dos principais mercados externos. Em França, com o aumento de mais de 65 mil litros de vinho adquiridos este ano, os valores ultrapassaram os 712 mil litros. Para o Brasil, o crescimento foi de 121.160 litros de Vinho Verde, passando para cerca de 320 mil litros, em 2010. Relativamente ao Reino Unido, no ano passado, o consumo entre Janeiro e Maio rondava os 163.659 litros (cerca de 293.388 de euros). Com um aumento de quase 74 mil litros, o Reino Unido passou a consumir 237.363 litros de Vinho Verde, em igual período de 2010.

De referir que a Comissão de Vitivinicultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) desenvolve, anualmente, um programa de promoção que compreende cerca de 100 acções, num investimento que ronda o milhão e meio de euros, direccionado especificamente para os mercados externos.

Em entrevista ao Jornal Hipersuper (ver edição 261, de 20 de Maio de 2010), Manuel Pinheiro, presidente da CVRVV, admitia que “o Vinho Verde de hoje nada tem a ver com os Verdes que se produziam há 15 anos” e que o sucesso se deve “a uma revolução silenciosa de renovação de vinhas, adegas, profissionalismo e enológica”.

Na altura, Manuel Pinheiro admitia, também, que teria de existir “um novo perfil de Vinho Verde porque o consumidor mudou”, deixando o recado de que “a pessoa mais importante na produção de vinho é o consumidor”.
Por Victor Jorge

Vinho no caminho do bem

No começo da última semana chegou ao Brasil uma dupla que está rodando o mundo de vinícola em vinícola. Mais do que fazer enoturismo, Anja Cheriakova e Georges Janssens estão recolhendo garrafas por onde passam para, no ano que vem, promover um leilão que financiará projetos humanitários no Laos.

Batizado de World Wine Tour, o roteiro teve início na Holanda (onde os dois moram), saltou para a Ásia, retornou até a ponta da África, voou à Oceania e entrou nas Américas pelo norte. O Brasil é a primeira parada depois dos Estados Unidos. A previsão é que eles fiquem por aqui até 16 de setembro, quando partem para visitar nossos vizinhos andinos. Depois disso, é voltar para a Europa, totalizando cerca de 20 países e 300 vinícolas. Os rótulos serão arrematados em maio de 2011 em Hong Kong, com a meta de somar R$ 150 mil.

No trecho verde e amarelo da viagem, a programação inclui conhecer de 15 a 20 cantinas. A logística local tem o apoio do Wines of Brasil, projeto setorial de promoção dos vinhos brasileiros no Exterior. O diário de bordo desta aventura está um pouco desatualizado, mas quem quiser saber mais pode acessar www.worldwinetour2010.com
Postado por Maurício Roloff

quinta-feira, setembro 02, 2010

O consumo de vinhos cresce aceleradamente no Brasil.

Sommelier do Antiquarios fala sobre o vinho no Brasil
O consumo de vinhos cresce aceleradamente no Brasil. Nunca se viu os brasileiros bebendo tanto vinho. Só no ano passado, o consumo foi de 13,4 milhões de litros a mais do que o ano passado. É praticamente um crescimento de 4,6 milhões de litros por ano.

De acordo com dados da União Brasileira de Vitivinicultura (UVIBRA), entre nacionais e importados, o consumo de vinhos saltou de 49 milhões de litros em 2002 para 59 em 2005 e em 2007 esse número passou para 78 milhões. Já o consumo de espumantes quase dobrou no período, passando de 6 milhões de litros para 10,5 milhões. Trata-se do melhor resultado da história do país. O interesse no vinho também pode ser medido pela procura por cursos, segundo a ABS-Associação Brasileira de Sommeliers- vem crescendo 30% ao ano desde 2003.

Mesmo assim, há uma sensação entre produtores e importados de que o vinho ainda não alcançou todo o potencial que poderia no Brasil. A algum tempo atrás os brasileiros não tinham o habito de beber um vinho durante as refeições, antes a cachaça e a cerveja predominavam, mas isso vem mudando o consumo foi crescendo pouco a pouco.

Segundo Vitório Sommelier do restaurante Antiquarius Grill (Barra da Tijuca) o clima do Brasil tem grande influencia sobre esses dados. “O clima quente pede mais um vinho rose bem leve.” Para Vitório o consumo tende realmente a aumentar, os restaurantes estão contratando mais sommeliers, “ As pessoas estão criando o habito de beber vinhos durante as refeições.”

A produção de vinhos no Brasil também vem mostrando um aumento considerável, o mercado de vinho no Brasil cresceu 20% em 2007, quando foram comercializados 78 milhões de litros da bebida. “O Brasil esta começando a produzir mais vinhos de qualidade como por exemplo, os vinhos do Vale São Francisco, fora isso temos também espumantes de excelente qualidade até melhor que alguns importados. Já existem inclusive, alguns vinhos Brasileiros entrando em concursos e sendo reconhecidos.” Afirma o Sommelier Vitório.

E ele realmente tem razão O espumante vem se mostrando a grande vocação do País. Segundo a ABE – Associação Brasileira de Enologia, em 2007, os vinhos brasileiros ganharam 109 prêmios internacionais, dos quais 60 foram para espumantes.



Por: Thais Aguiar