O Vale dos Vinhedos foi a primeira indicação geográfica (IG) do Brasil, já reconhecida até na União Européia. Agora a cadeia vitivinícola é novamente pioneira ao trazer integrantes do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), órgão responsável pelo reconhecimento da propriedade industrial conferida pela indicação geográfica, e da equipe das Indicações Geográficas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para conhecerem as associações e as vinícolas que estão se preparando para obter esta qualificação para seus vinhos e espumantes na Serra Gaúcha.
As visitas foram coordenadas pelo pesquisador da Embrapa Uva e Vinho, Jorge Tonietto, e ocorreram em duas etapas. Nos dias 18 e 19/11 com a equipe do INPI e nos dias 24 e 25/11 com a equipe do MAPA.
O principal objetivo das visitas técnicas foi apresentar aos representantes do INPI, Maria Alice Camargo Calliari, Lucia Regina Fernandes e Raul Bittencourt Pedreira, e do MAPA, Bivanilda Almeida Tapias, Ana Stepan e José Bonifácio dos Santos, os projetos em desenvolvimento relativos às indicações geográficas e enoturismo junto às associações de vitivinicultores. Também serviu para atualizar informações do INPI junto aos produtores.
Participam dos projetos de pesquisa e desenvolvimento que apóiam estas iniciativas pesquisadores da Embrapa Uva e Vinho, Embrapa Clima Temperado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Universidade de Caxias do Sul (UCS). A Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) confere recursos importantes para dar andamento aos projetos.
Atualmente, estão buscando o reconhecimento cinco projetos em diferentes estágios de evolução. Um dos mais recentes é o conduzido pela Associação Farroupilhense de Produtores de Vinhos Espumantes Sucos e Derivados (AFAVIN), que visa a IG de vinhos e espumantes moscatéis de Farroupilha, que já sensibilizou os vitivinicultores associados para aderirem ao projeto. Outros, como o Consórcio de Espumantes de Garibaldi, que busca uma certificação de produtos através de marca coletiva, a Associação dos Vitivinicultores de Monte Belo do Sul (Aprobelo) e a Apromontes (região dos Altos Montes), em Flores da Cunha e Nova Pádua, que buscam a qualificação de indicação geográfica já estão com os produtores engajados e trabalhando na adequação da estrutura produtiva visando atender aos requisitos necessárias para o oportuno encaminhamento da solicitação de reconhecimento ao INPI.
Em situação mais adiantada encontram-se a Aprovale, que busca transformar a Indicação de Procedência Vale dos Vinhedos em Denominação de Origem, considerado um novo patamar organizacional e qualitativo na produção de vinhos, apresentando forte identidade com a área de produção; e a Associação dos Produtores de Pinto Bandeira (Asprovinho), que em outubro deste ano encaminhou a solicitação de reconhecimento da IG de vinhos finos e espumantes ao INPI.
Segundo o pesquisador da Embrapa Uva e Vinho, Jorge Tonietto, o desenvolvimento de uma indicação geográfica de vinhos representa para os produtores a adoção de novos conceitos e valores. "O processo requer um período de mudanças, com foco na qualidade dos produtos locais, com base em uma região demarcada. É necessário a adoção de normativas de produção específicas e comuns por parte dos produtores e a valorização dos produtos de qualidade de origem controlada", afirmou.
Maria Alice Camargo Calliari, Coordenadora Geral de Outros Registros do INPI, ficou impressionada com o nivelamento existente entre os produtores. "Em cada associação de produtores, você percebe que todos têm a mesma qualidade, interesse e cuidados. Já perceberam que não é apenas uma questão de diferenciação comercial, com agregação de valor ao produto, e sim a promoção da região, das vinícolas, do enoturismo", comentou. Outros dois fatores que também chamaram a atenção da Coordenadora foram o grande nível de empreendedorismo do produtores e o acompanhamento e respaldo técnico da Embrapa.
A iniciativa de apresentar os projetos em andamento para a equipe do INPI foi considerada uma excelente oportunidade de conhecer a realidade das iniciativas. Segundo Maria Alice, essa oportunidade poderá contribuir na hora da avaliação dos processos de reconhecimento das IGs.
FONTE
Embrapa Uva e Vinho
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