Projeto 100 chega ao fim com o lançamento do Sesmarias. Para o enólogo francês Michel Rolland, consultor do projeto, trata-se do “melhor vinho do Brasil”
Foram quase oito anos de decantação. Agora, a Miolo tira oficialmente de sua adega o vinho que custará US$ 100. O anúncio foi feito sábado na sede da vinícola, no Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves (RS), em evento que teve a presença do renomado enólogo francês Michel Rolland. O especialista deu suporte técnico à produção do novo varietal, intitulado Sesmarias. Trata-se de um vinho feito a partir do corte de diferentes variedades de uvas viníferas, concebido no projeto Fortaleza do Seival, na Campanha Gaúcha. A bebida será a mais cara da Miolo, caracterizando-se como um novo ícone da empresa. Até agora, o vinho mais caro feito pela vinícola era o Lote 43, cujo preço está na casa dos R$ 80.
Cercado de mistério durante todo este tempo, o Sesmarias guarda ainda alguns segredos, como o nome das uvas usadas e sua proporcionalidade. Sabe-se, por exemplo, que a Miolo escolheu seis das 14 variedades que planta em Candiota para conceber o vinho fino. Entre aquelas produzidas na propriedade estão a Touriga Nacional, Petit Verdot, Tempranillo e Cabernet Sauvignon. No entanto, isso não quer dizer que a composição do Sesmarias será sempre a mesma. É possível, ainda, que seja inserida uma sétima variedade no corte já na próxima safra.
O preço, nada modesto para os padrões brasileiros, se justifica pelo modo de produção, que é rico em detalhes - como, por exemplo, o cuidado para colher apenas cachos com menos de um quilo de uva. Assim como o seleto processo, o número de garrafas será limitado a apenas 4044 unidades - o equivalente a um pouco mais de 3 mil litros. Para os próximos lotes, o objetivo é não ultrapassar cinco mil garrafas. Apenas uma vez a Miolo havia feito tão poucas garrafas de um vinho. Foi em 1992, quando lançou seu primeiro produto, o Merlot Reserva. A venda do Sesmarias começará a ser feita em agosto pelo site da empresa. Quem comprar terá que esperar, já que a entrega será feita somente em março do ano que vem. Deste modo, a Miolo inova até mesmo no processo de comercialização. Será a primeira vinícola brasileira a adotar o modelo francês de venda de vinhos conhecido como "Vente de Vins en Primeur" - denominação que significa a reserva dos produtos antes mesmo de chegarem ao mercado.
"Será um grande vinho e arrisco a dizer que será o melhor já feito no Brasil", orgulha-se o enólogo Michel Rolland. Segundo ele, o Sesmarias será reconhecido como um divisor de águas para a vitivinicultura brasileira. Também pudera: o sonho da família Miolo é consequência de grandes investimentos. A vinícola guarda a sete chaves o custo do "Projeto 100", que deu origem ao Sesmarias - que, para Rolland, atingirá seu auge dentro de cinco a dez anos.
Sabe-se que de 2001, quando foram plantadas as primeiras videiras em Candiota, até este ano, já foram investidos aproximadamente R$ 40 milhões. Cerca de R$ 20 milhões tiveram como destino a área de viticultura. O empreendimento da Miolo faz parte de um plano para encorpar a empresa até 2012, transformando-a em uma multinacional do vinho. Para entrar no rol dos grandes players, a Miolo pretende aumentar sua área plantada de 600 para mil hectares. "Nosso objetivo é ter escala para competir globalmente", afirmou Adriano Miolo, diretor técnico da vinícola. No ano passado, a companhia faturou R$ 71,5 milhões. O objetivo, em 2009, é superar a marca em 20%, superando os R$ 85 milhões.
Por: Marcos Graciani / Redação de AMANHÃ
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