Mesmo com um consumo de vinho ainda baixo para os padrões mundiais, o Brasil tem potencial para crescer nos próximos anos, disse o engenheiro químico Valdiney Ferreira, professor da Fundação Getulio Vargas.
— Como ocorre com outras indústrias, a indústria do vinho também é uma cereja de bolo. Todo mundo quer se posicionar bem aqui porque as expectativas em um futuro bastante próximo são muito boas. O mercado está crescendo — avaliou.
O consumo de vinho per capita no Brasil é de dois litros por ano, o que coloca o país em uma das últimas posições no mundo. Valdiney Ferreira observou, porém, que o Brasil tem um mercado com um potencial extraordinário de crescimento.
— E se isso passa para quatro ou cinco litros per capita, você tem uma explosão da indústria no Brasil — afirmou.
Os países, como o Chile e a Argentina, grandes consumidores, apresentam um consumo individual acima de 25 litros de vinho/ano, enquanto nas nações mais velhas da Europa, o consumo supera os 30 litros anuais por habitante.
O negócio do vinho é o tema central do curso de gestão inédito que a FGV inicia em março deste ano, no Rio de Janeiro. O objetivo é atuar em um elo importante da cadeia do vinho, que é a comercialização, envolvendo a importação, exportação, formação de profissionais e os empreendedores.
De acordo com Ferreira, a produção brasileira de vinhos está em franca expansão, os números se aproximam de 300 milhões de litros produzidos por ano, mas, segundo ele, é preciso trabalhar mais na qualidade do produto.
— A produção por ano é crescente. Mas ainda é uma produção com percentual muito grande de vinhos que não são considerados vinhos finos.
No concorrente Chile, por exemplo, a produção é somente 50% maior que a brasileira, mas quase tudo é vinho fino, destacou.
— E ele [o Chile] produz, praticamente, para exportar — disse.
O professor da FGV salientou que no caso brasileiro, o carro chefe são os vinhos espumantes, cuja qualidade e aceitação são crescentes.
— Tem um carro chefe nosso que está ficando cada vez mais promissor e está tendo um reconhecimento internacional muito grande, que são os vinhos espumantes. A gente tem espaço para competir no mercado internacional — explicou Ferreira.
O Rio Grande do Sul concentra ainda 90% da produção nacional. No Brasil, o setor responde pela geração de mais de 300 mil empregos.
Ele sugeriu que o Brasil aproveite a boa aceitação dos vinhos espumantes para ampliar a exportação. Entre os entraves à exportação, enumerou a falta de divulgação do vinho brasileiro.
— E, principalmente, temos que descobrir a nossa vocação, o que a gente é efetivamente forte. Se o Brasil tiver um foco bastante forte na sua indústria do vinho, as oportunidades podem vir mais fáceis — concluiu o professor.
Ferreira disse que a desoneração tributária é muito importante para a produção e a exportação nacionais e também para a importação, uma vez que um vinho que custa 10 euros na Europa chega na ponta do consumo no Brasil a um custo entre R$ 80 a R$ 100.
— A tributação é muito pesada em cima do vinho. Precisa desonerar. Mas, para isso, a indústria do vinho tem que ter poder. Falta à indústria do vinho nacional se organizar politicamente para brigar pelos interesses do setor como fazem outras indústrias — finalizou
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