Às vésperas de obter a Denominação de Origem (DO), uma etapa de evolução da Indicação de Procedência (IP) conquistada em 2002, o Vale dos Vinhedos entra em uma nova fase na produção de vinhos finos e espumantes
Em Portugal a Denominação de Origem Controlada (DOC) é um sistema que certifica vinhos, queijos e outros produtos agrícolas do país. Tal designação é atribuída a produtos elaborados em regiões geograficamente delimitadas e que cumprem um conjunto de regras que seguem uma legislação própria. O DOC português é semelhante aos sistemas francês de Appellation D’origine Contrôlée” (AOC), italiano Denominazione Di Origine Controllata (DOC), e o espanhol Denominación de Origen (DO).
Como resultado de amplo planejamento estratégico e técnico conjunto entre as vinícolas associadas da Aprovale (Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos) e instituições de pesquisa, a região do Vale dos Vinhedos ruma justamente para consolidar-se como área diferenciada na elaboração de vinhos e espumantes de alto-padrão e por isso está em busca de sua “Denominação de Origem” (DO).
Com uma área limitada em 81,123 km2, as vinícolas estão se estruturando para trabalhar com os melhores resultados das áreas de cultivo instaladas neste perímetro. Com este novo posicionamento, que privilegia a qualidade, o foco que se delineia é a de elaboração de produtos de alto valor agregado, com competitividade internacional.
De acordo com o presidente da Aprovale, Aldemir Dadalt, este é o futuro do Vale dos Vinhedos. “Estamos trabalhando há cinco anos com esta orientação estratégica, de focar a produção em vinhos e espumantes que possam extrair a máxima qualidade do terroir propiciado pela região. E a conquista da DO é a certeza da relevância do diferencial que os vinhos e espumantes aqui elaborados terão no mercado”, afirma.
Alinhada a esta decisão conjunta e à vocação da região, a Vinícola Miolo focou no Vale dos Vinhedos a elaboração de espumantes, devido à reconhecida aptidão do local para este tipo de bebida. A vinícola também produz ali seus vinhos superpremium Lote 43, Merlot Terroir e Cuvée Giuseppe. Para isso, a empresa investiu R$ 5 milhões, triplicando sua capacidade de produção de espumantes. Dentro deste planejamento, a Miolo reforçou a produção das linhas Reserva e Seleção nas áreas da Campanha, fronteira com o Uruguai.
A certificação da Denominação de Origem, pleiteada pela Aprovale junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), está em fase de finalização pelo Conselho Regulador. Entretanto, os vinhos da safra deste ano já estão sendo avaliados pelos novos parâmetros a fim de requerer a concessão futura da denominação.
Em outubro, as vinícolas do Vale dos Vinhedos interessadas tanto na IP como na DO fizeram um requerimento para a avaliação técnica de seus produtos. Foram encaminhadas as inscrições de 30 vinhos provenientes de nove vinícolas do Vale, que totalizarão 1.134.000 garrafas certificadas. Deste total, 780 mil garrafas destinam-se à obtenção da Indicação de Procedência Vale dos Vinhedos (I.P.V.V.) e 354 mil, a Denominação de Origem (DO).
Mesmo que a DO represente um controle mais rígido de todo o processo de produção vitivinícola do Vale dos Vinhedos, são amplos os benefícios que proporcionará. Ela permitirá que cada vinhedo possa expressar de forma bem específica seu terroir. Além disso, representará a expressão do vinho com identidade, produzido no Vale.
Outra vantagem da distinção refere-se à visibilidade no mercado internacional. A DO do Vale dos Vinhedos passará a ser referência na produção de vinhos entre as regiões de excelência mundial.
Requisitos exigidos - Variedades tintas autorizadas: Merlot varietal e Assemblage com, no mínimo, 60% de Merlot e cortes com Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon ou Tannat;Variedades brancas autorizadas: Chardonnay varietal e Assemblage com, no mínimo, 60% de Chardonnay e corte com Riesling Itálico;Espumantes: Brancos ou rosados, devendo conter, no mínimo, 60% das uvas Chardonnay e/ou Pinot Noir e corte com Riesling Itálico;Cultivo: 100% da uva deve ser cultivada no Vale dos Vinhedos;Método: Vinhedo conduzido no método espaldeira com produção de, no máximo, 10 mil quilos por hectare para vinhos e 12 mil quilos por hectare para espumantes.
Fonte: Aprovale.
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