A revista Gula que está nas bancas (PAG106) fala sobre a evolução evidente dos vinhos Uruguaios que concordo plenamente, e avalia 10 vinhos de importadoras variadas. Há três meses provei o Bouza A8 e me surpreendi, achei que a revista foi até econômica em sua pontuação 90pts, dei ST(93+). Outro grande vinho que achei excelente mais que não consta nesta lista é o VF Luis A. Gimenez Tanta Super Premium 2006 ST(92+), que em Vitória é encontrado na Enótria.
Lista por ordem de pontuação :
Bouza A8 Parcela Única 2007 – R$ 147,00 – www.decanter.com.br – 90pts – ST(93+)
Preludio Barrel Select Lote 77 2004 – R$ 115,00 – www.expand.com.br – 88pts
De Lucca Rio Colorado Reserve 2006 – R$ 135,00 – www.premiumwine.com.br – 88pts
Rio de Los Pájaros Reserve Pisano 2008 – US$ 20,90 – www.mistral.com.br – 88pts
Reserva Del Virrey Tannat Roble 2000 – R$ 45,00 – www.baidnher.com.br –
87pts
Pizzorno Reserva Corte 2006 – R$ 87,00 – www.grandcru.com.br – 87pts
Pisano RPF Tannat 2006 – US$ 27,50 – www.mistral.com.br – 87pts
Catamayor Tannat 2005 – R$ 55,00 – www.worldwine.com.br – 86,5pts
Posada del Virrey 2001 – R$ 30,00 – www.baidnher.com.br – 86,5pts
Pizzorno Tannat Reserva – R$ 175,00 – www.grandcru.com.br – 86pts
Fonte - Vivendo a Vida
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sábado, julho 24, 2010
quinta-feira, julho 22, 2010
Vinho, um bom remédio...
O vinho, pelo visto, logo será vendido nas farmácias, com prescrição médica. Acumulam-se as evidências de que, consumido de modo sistemático e, certamente, em porções moderadas, ele contribui de forma significativa para manter sadias as coronárias, retardar o envelhecimento e prevenir algumas doenças típicas das idades mais avançadas, como Parkinson e Alzheimer.
A comprovação, agora, é dada por cientistas da Universidade da Carolina do Sul, nos Estados Unidos. O professor Dana King, chefe da equipe, se disse surpreso com os resultados. A pesquisa envolveu 7,5 mil pessoas. “O risco de desenvolver doenças cardíacas diminuiu em 38% entre os que passaram a consumir vinho nas doses recomendadas” - assegurou o médico.
Vários grupos foram formados. Uns tomavam vinhos, outros destilados. Havia os que não bebiam rigorosamente nada, os que malhavam em academias, os das diferentes dietas alimentares, os que acumulavam duas ou mais dessas atividades.
Exames regulares de saúde monitoraram os participantes, individualmente, durante os quatro anos em que se estendeu o programa. O maior benefício registrado no teste foi para os que elegeram o vinho, disseram os pesquisadores em artigo no American Medical Journal.
Na verdade, os vinhos, especialmente tintos, possuem propriedades especiais. O resveratrol, substância existente na casca da uva, estimula a produção do bom colesterol, o HDL, contribuindo para eliminar as placas gordurosas que, ao aderirem nas paredes das artérias, causam enfartes e derrames. E há, ainda, flavonóides como a quercitina e a luteonina, com ação antioxidante que combate os radicais livres responsáveis pelas doenças do envelhecimento.
O professor Dana King é categórico ao afirmar que, apesar do álcool não ser uma panacéia para a boa saúde, é impossível negar os benefícios que o consumo moderado proporciona. “Nenhum dos participantes ingeriu qualquer bebida alcoólica no início do estudo, mas os grupos que passaram a consumi-la em quantidades controladas tiveram substancial redução no risco de doenças coronarianas, na comparação com os abstêmios”.
Essa redução foi maior entre os que conjugaram sua dose diária com a prática constante de exercícios físicos. O cientista adverte, entretanto, que os abstêmios precisam avaliar, com cuidado, uma alteração de hábito. E quem possui problemas hepáticos deve, definitivamente, afastar a idéia do consumo sistemático de vinho ou outra bebida alcoólica.
A Universidade da Carolina do Sul ratificou uma constatação feita já na década passada, celebrizada na época como “o paradoxo francês”. Indagava-se, então, o motivo pelo qual as pessoas na França, adeptas de uma culinária farta em pratos calóricos e com um dos maiores índices per capita de consumo de vinho, não mostram tendência à obesidade e são extremamente longevas. O diferencial, constatou-se, foram as propriedades benéficas da bebida, somadas ao caráter saudável da dieta mediterrânea.
Respalda tais conclusões o fato dos norte-americanos serem cuidadosos ao extremo na abordagem de temas ligados ao consumo de álcool. Não se deve esquecer que o país, durante os anos da lei seca, em meados do século passado, baniu por completo os destilados e fermentados. A proibição caiu, mas, ainda hoje, em muitos estados, as bebidas só podem ser compradas em lojas administradas pelo governo.
A palavra chave, de qualquer forma, é moderação. Qual o limite? Um copo com 120 ml de vinho ao dia para mulheres, dois para homens. Crianças, lactentes e motoristas, nem pensar.
Postado por Vcjr77 às 14:37
A comprovação, agora, é dada por cientistas da Universidade da Carolina do Sul, nos Estados Unidos. O professor Dana King, chefe da equipe, se disse surpreso com os resultados. A pesquisa envolveu 7,5 mil pessoas. “O risco de desenvolver doenças cardíacas diminuiu em 38% entre os que passaram a consumir vinho nas doses recomendadas” - assegurou o médico.
Vários grupos foram formados. Uns tomavam vinhos, outros destilados. Havia os que não bebiam rigorosamente nada, os que malhavam em academias, os das diferentes dietas alimentares, os que acumulavam duas ou mais dessas atividades.
Exames regulares de saúde monitoraram os participantes, individualmente, durante os quatro anos em que se estendeu o programa. O maior benefício registrado no teste foi para os que elegeram o vinho, disseram os pesquisadores em artigo no American Medical Journal.
Na verdade, os vinhos, especialmente tintos, possuem propriedades especiais. O resveratrol, substância existente na casca da uva, estimula a produção do bom colesterol, o HDL, contribuindo para eliminar as placas gordurosas que, ao aderirem nas paredes das artérias, causam enfartes e derrames. E há, ainda, flavonóides como a quercitina e a luteonina, com ação antioxidante que combate os radicais livres responsáveis pelas doenças do envelhecimento.
O professor Dana King é categórico ao afirmar que, apesar do álcool não ser uma panacéia para a boa saúde, é impossível negar os benefícios que o consumo moderado proporciona. “Nenhum dos participantes ingeriu qualquer bebida alcoólica no início do estudo, mas os grupos que passaram a consumi-la em quantidades controladas tiveram substancial redução no risco de doenças coronarianas, na comparação com os abstêmios”.
Essa redução foi maior entre os que conjugaram sua dose diária com a prática constante de exercícios físicos. O cientista adverte, entretanto, que os abstêmios precisam avaliar, com cuidado, uma alteração de hábito. E quem possui problemas hepáticos deve, definitivamente, afastar a idéia do consumo sistemático de vinho ou outra bebida alcoólica.
A Universidade da Carolina do Sul ratificou uma constatação feita já na década passada, celebrizada na época como “o paradoxo francês”. Indagava-se, então, o motivo pelo qual as pessoas na França, adeptas de uma culinária farta em pratos calóricos e com um dos maiores índices per capita de consumo de vinho, não mostram tendência à obesidade e são extremamente longevas. O diferencial, constatou-se, foram as propriedades benéficas da bebida, somadas ao caráter saudável da dieta mediterrânea.
Respalda tais conclusões o fato dos norte-americanos serem cuidadosos ao extremo na abordagem de temas ligados ao consumo de álcool. Não se deve esquecer que o país, durante os anos da lei seca, em meados do século passado, baniu por completo os destilados e fermentados. A proibição caiu, mas, ainda hoje, em muitos estados, as bebidas só podem ser compradas em lojas administradas pelo governo.
A palavra chave, de qualquer forma, é moderação. Qual o limite? Um copo com 120 ml de vinho ao dia para mulheres, dois para homens. Crianças, lactentes e motoristas, nem pensar.
Postado por Vcjr77 às 14:37
quarta-feira, julho 21, 2010
O INCOMPREENDIDO AROMA DOS VINHOS
Apresentar o vinho ao nariz talvez seja o estágio mais instigante de uma degustação. Os preceitos básicos para qualquer tipo de prova de vinhos são: taça e temperatura adequadas e, no que diz respeito à análise olfativa, é necessário utilizar a memória e a imaginação. Depois, comparar os aromas percebidos com aqueles que estão armazenados no banco de dados de cheiros do cérebro. Para os que possuem um repertório limitado, não há motivo para preocupação, o tempo e prática ampliarão esta lista até que atinja milhares de fragrâncias catalogadas. É importante dar nome a cada odor identificado, desta maneira, ele ficará registrado para sempre.
Em uma análise mais técnica dos aromas, vários aspectos são verificados:
1. Sanidade: se o líquido não cheira a nada desagradável ou estragado, como o que chamamos de bouchonné (cheiro de rolha), por exemplo. O TCA (2,4,6-trichloroanisole), componente produzido por micróbios que vivem nas células da cortiça, é tão poderoso que mesmo em quantidades ínfimas pode causar aromas e sabores de mofo, de meia de tênis suada nos vinhos. Ele ataca as rolhas e acaba arruinando a bebida. Entre 5 e 20% dos vinhos produzidos em todo o mundo são contaminados pelo TCA
2. Intensidade ou ataque aromático: é a quantidade de aroma, o impacto do líquido em nossas narinas.
3. Complexidade: a variedade de cheiros, ou quantidade de diferentes essências que podem ser reconhecidas.
4. Reconhecimento: identificar e nomear os aromas que compõe o aroma final.
5. Originalidade: considerando alguns odores como banais e outros como raros e intrigantes.
6. Persistência: quanto tempo a sensação permanece em nosso olfato.
7. Evolução: aromas evoluem à medida que o líquido é aerado. Com alguns minutos ou até algumas horas na taça, aromas novos podem surgir.
Por outro lado, as impressões retronasais são percebidas através da comunicação interna da boca com o nariz. O aroma de boca é diferente do de nariz, pois a saliva aquece e intensifica a evaporação.
Podemos ainda agrupar os aromas da seguinte maneira, citando alguns exemplos:
1. Florais: acácia, rosa, violeta, flor de laranjeira, tília, narciso, jasmim.
2. Frutas cítricas: limão, laranja, maçã verde, tangerina, abacaxi.
3. Frutas vermelhas: morango, framboesa, groselha, cereja.
4. Frutas negras: amora, cassis, ameixa.
4. Frutas amarelas: pêssego, damasco, manga, pêra, melão.
5. Frutas naturalmente secas: amêndoa, avelã, noz.
6. Frutas secas, cristalizadas, em calda e geléias: ameixa seca, figo seco, uva passa, geléia de amora.
7. Especiarias: pimenta do reino, noz moscada, anis, cravo, canela.
8. Vegetais: feno, musgo, capim, grama cortada, pimentão verde, azeitona, tabaco.
9. Animais: couro, pelica, âmbar, almíscar, suor.
10. Herbáceos: hortelã, sálvia, aneto, orégano, manjericão, alecrim, pinho, manjerona.
11. Minerais: pedra de isqueiro, petróleo, terra.
12. Tostados: café, chocolate, caramelo, pão torrado, amêndoa torrada.
13. Químicos, empireumáticos: asfalto, vinagre, gás de cozinha.
14. Outros: defumado, mel, manteiga, baunilha, cedro, carvalho, cogumelo, mofo, álcool, levedura, leite, tartufo, cascas de pão, enxofre.
Os aromas de um vinho também podem ser classificados em: primários, secundários e terciários.
Primários: são os provenientes das variedades de uva com as quais o vinho foi feito, (Cabernet Sauvignon ou Chardonnay, por exemplo). Os aromas primários são os mais frescos, normalmente do grupo dos frutados, florais, vegetais, herbáceos e minerais
Secundários: são os aromas que a bebida adquiriu em elaboração (fermentação e amadurecimento em barris de carvalho, por exemplo). Os secundários ficam no grupo das madeiras, manteiga, tostados, leveduras, enxofre etc.
Terciários: são os perfumes que o líquido ganhou ao longo de seu envelhecimento em garrafa. A palavra bouquet se refere apenas a aromas terciários, ou seja, este termo se aplica somente a exemplares envelhecidos.Os terciários são mais etéreos e fechados, como os odores animais, químicos, mofo e tartufo.
Utilizando criteriosamente o olfato, pode-se dizer muito a respeito de um vinho: sua idade, em que país/região foi produzido (se era uma região quente ou fria, chuvosa ou seca, por exemplo); sua assemblage (os tipos de uva que o compõe); como foi produzido (que tipo de fermentação sofreu, se passou por estágio em madeira e em que tipo de madeira).
Essências de banana, por exemplo, são típicos de um Beujolais Noveau; pedra de isqueiro nos lembra um Chablis; cheiro de petróleo é característico dos Rieslings da Alsácia; pimentões verdes são associados à Cabernet Sauvignon; perfume de pêra é comum em Processos; os vinhos portugueses feitos com a cepa Touriga Nacional nos remetem a violetas; enquanto Chadonnays quase sempre trazem abacaxis frescos ou em calda entre seus aromas.
É possível, também, identificar, usando apenas o olfato, se o vinho amadureceu em barris de carvalho, por seu cheiro de baunilha e de tostados. Aromas de manteiga indicam que um vinho branco sofreu uma desacidificação (a fermentação malolática).
O perfume de frutas tropicais indica que a bebida sofreu uma fermentação mais longa e a frio.
______________________________
Fonte: http://revistaadega.uol.com.br/Edicoes/20/artigo54015-3.asp
Em uma análise mais técnica dos aromas, vários aspectos são verificados:
1. Sanidade: se o líquido não cheira a nada desagradável ou estragado, como o que chamamos de bouchonné (cheiro de rolha), por exemplo. O TCA (2,4,6-trichloroanisole), componente produzido por micróbios que vivem nas células da cortiça, é tão poderoso que mesmo em quantidades ínfimas pode causar aromas e sabores de mofo, de meia de tênis suada nos vinhos. Ele ataca as rolhas e acaba arruinando a bebida. Entre 5 e 20% dos vinhos produzidos em todo o mundo são contaminados pelo TCA
2. Intensidade ou ataque aromático: é a quantidade de aroma, o impacto do líquido em nossas narinas.
3. Complexidade: a variedade de cheiros, ou quantidade de diferentes essências que podem ser reconhecidas.
4. Reconhecimento: identificar e nomear os aromas que compõe o aroma final.
5. Originalidade: considerando alguns odores como banais e outros como raros e intrigantes.
6. Persistência: quanto tempo a sensação permanece em nosso olfato.
7. Evolução: aromas evoluem à medida que o líquido é aerado. Com alguns minutos ou até algumas horas na taça, aromas novos podem surgir.
Por outro lado, as impressões retronasais são percebidas através da comunicação interna da boca com o nariz. O aroma de boca é diferente do de nariz, pois a saliva aquece e intensifica a evaporação.
Podemos ainda agrupar os aromas da seguinte maneira, citando alguns exemplos:
1. Florais: acácia, rosa, violeta, flor de laranjeira, tília, narciso, jasmim.
2. Frutas cítricas: limão, laranja, maçã verde, tangerina, abacaxi.
3. Frutas vermelhas: morango, framboesa, groselha, cereja.
4. Frutas negras: amora, cassis, ameixa.
4. Frutas amarelas: pêssego, damasco, manga, pêra, melão.
5. Frutas naturalmente secas: amêndoa, avelã, noz.
6. Frutas secas, cristalizadas, em calda e geléias: ameixa seca, figo seco, uva passa, geléia de amora.
7. Especiarias: pimenta do reino, noz moscada, anis, cravo, canela.
8. Vegetais: feno, musgo, capim, grama cortada, pimentão verde, azeitona, tabaco.
9. Animais: couro, pelica, âmbar, almíscar, suor.
10. Herbáceos: hortelã, sálvia, aneto, orégano, manjericão, alecrim, pinho, manjerona.
11. Minerais: pedra de isqueiro, petróleo, terra.
12. Tostados: café, chocolate, caramelo, pão torrado, amêndoa torrada.
13. Químicos, empireumáticos: asfalto, vinagre, gás de cozinha.
14. Outros: defumado, mel, manteiga, baunilha, cedro, carvalho, cogumelo, mofo, álcool, levedura, leite, tartufo, cascas de pão, enxofre.
Os aromas de um vinho também podem ser classificados em: primários, secundários e terciários.
Primários: são os provenientes das variedades de uva com as quais o vinho foi feito, (Cabernet Sauvignon ou Chardonnay, por exemplo). Os aromas primários são os mais frescos, normalmente do grupo dos frutados, florais, vegetais, herbáceos e minerais
Secundários: são os aromas que a bebida adquiriu em elaboração (fermentação e amadurecimento em barris de carvalho, por exemplo). Os secundários ficam no grupo das madeiras, manteiga, tostados, leveduras, enxofre etc.
Terciários: são os perfumes que o líquido ganhou ao longo de seu envelhecimento em garrafa. A palavra bouquet se refere apenas a aromas terciários, ou seja, este termo se aplica somente a exemplares envelhecidos.Os terciários são mais etéreos e fechados, como os odores animais, químicos, mofo e tartufo.
Utilizando criteriosamente o olfato, pode-se dizer muito a respeito de um vinho: sua idade, em que país/região foi produzido (se era uma região quente ou fria, chuvosa ou seca, por exemplo); sua assemblage (os tipos de uva que o compõe); como foi produzido (que tipo de fermentação sofreu, se passou por estágio em madeira e em que tipo de madeira).
Essências de banana, por exemplo, são típicos de um Beujolais Noveau; pedra de isqueiro nos lembra um Chablis; cheiro de petróleo é característico dos Rieslings da Alsácia; pimentões verdes são associados à Cabernet Sauvignon; perfume de pêra é comum em Processos; os vinhos portugueses feitos com a cepa Touriga Nacional nos remetem a violetas; enquanto Chadonnays quase sempre trazem abacaxis frescos ou em calda entre seus aromas.
É possível, também, identificar, usando apenas o olfato, se o vinho amadureceu em barris de carvalho, por seu cheiro de baunilha e de tostados. Aromas de manteiga indicam que um vinho branco sofreu uma desacidificação (a fermentação malolática).
O perfume de frutas tropicais indica que a bebida sofreu uma fermentação mais longa e a frio.
______________________________
Fonte: http://revistaadega.uol.com.br/Edicoes/20/artigo54015-3.asp
terça-feira, julho 20, 2010
Vinho e Saúde
Um pouco de História
Desde a antigüidade, o vinho apresenta-se intimamente ligado à evolução da medicina, desempenhando sempre um papel principal. Os primeiros praticantes da arte da cura, na maioria das vezes curandeiros ou religiosos, já empregavam o vinho como remédio. Papiros do Egito antigo e tábuas dos antigos Sumérios (cerca de 2200 a.C.) já traziam receitas baseadas em vinho, o que o torna a mais antiga prescrição médica documentada.
O grego Hipócrates (cerca de 450 a.C.), tido como o pai da medicina sistematizada, recomendava o vinho como desinfetante, medicamento, um veículo para outras drogas e parte de uma dieta saudável. Para ele, cada tipo de vinho teria uma diferente função medicinal.
Galeno (século II d.C.), o mais famoso médico da Roma antiga, empregava o vinho na cura das feridas dos gladiadores, agindo este como um desinfetante.
Também os Judeus antigos tinham o vinho como medicamento. Segundo o Talmud, "sempre que o vinho faltar, a medicina tornar-se-á necessária".
Foi na Universidade de Salermo (Itália), fundada no século XI, que a importância do vinho sobre a dieta e a saúde foi codificada. Lá, correntes clássicas e árabes se fundiram, fornecendo as bases da medicina européia. O "Regime de Salermo" especificava "diferentes tipos de vinho para diversas constituições e humores".
Avicena (século XI DC), talvez o mais famoso médico do mundo árabe antigo, reconhecia a importância do vinho como forma de cura, embora seu emprego fosse limitado por questões religiosas.
O uso medicinal do vinho continuou por toda a Idade Média, sendo divulgado principalmente por monastérios, hospitais e universidades.
Até o século XVIII, muitos consideravam mais seguro beber vinho do que água pois esta era, freqüentemente, contaminada. Conta a lenda de Heidelberg, na Alemanha, que o guardião do grande barril (Große Faß) onde o soberano guardava todo o vinho recolhido como imposto, só bebia vinho. Seu nome era "Perkeo" (do italiano “Perche no” - por que não). Certa feita deram um líquido diferente para que ele bebesse e este morreu imediatamente. O tal líquido assassino era nada mais nada menos que água.
Em 1865-66, Louis Pasteur, o grande cientista francês nascido na região do Jura (terra dos famosos vin jaune e vin de paille), empregou o vinho em diversas de suas experiências, declarando que o vinho é "a mais higiênica e saudável das bebidas".
Em 1892, durante a grande epidemia de cólera2 em Hamburgo, o vinho era adicionado à água com intuito de esterilizá-la.
A partir do final do século XIX, a visão do vinho como medicamento começou a mudar. O alcoolismo foi definido como doença e os malefícios de seu consumo indiscriminado começaram a ser estudados. Nas décadas de 70 e 80, o consumo de álcool foi fortemente atacado por campanhas de saúde pública exaltando as complicações de seu uso em excesso. Entretanto, várias pesquisas científicas bem conduzidas têm demonstrado que, consumido com moderação, o vinho traz vários benefícios à saúde.
O consumo moderado
"Nem muito e nem muito pouco" parece ser o princípio para se realçar os efeitos benéficos do vinho sobre a saúde. Entretanto, as autoridades de saúde de vários países têm encontrado dificuldade em estipular o que pode ser considerado "consumo sensato". Na França, a ingestão de até 60 g de álcool por dia é segura para homens. Por outro lado, no Reino Unido, recomenda-se menos de 30 g por dia.
Vários são os fatores que influenciam estes limites: sexo, idade, constituição física, patrimônio genético, condições de saúde e uso de outras substâncias (drogas, medicamentos etc). Em linhas gerais, um homem pode consumir até 30 g de álcool por dia. Para as mulheres, por diversas razões (menor tolerância, menor proporção de água no organismo etc) recomenda-se até 15 g por dia. A diferença entre consumo moderado e exagerado pode significar a diferença entre prevenir e aumentar a mortalidade3.
Além da quantidade, a regularidade também é importante para se obter os efeitos benéficos do vinho. Os que exageram nos finais de semana e se poupam nos outros dias podem sofrer todos os malefícios da ingestão exagerada e aguda do vinho sem nenhum ganho para a saúde.
O Paradoxo Francês
Uma grande reviravolta na relação entre vinho e saúde ocorreu no início da década de 90 com a divulgação do Paradoxo Francês. Durante um programa de televisão nos EUA, o cientista francês Serge Renaud mostrou que estudos epidemiológicos em escala mundial evidenciaram que os franceses apresentavam 2,5 vezes menos mortes por doenças coronarianas que os americanos, apesar de fumarem muito e consumirem a mesma quantidade de gorduras. A principal explicação para tal paradoxo estaria no consumo regular e moderado de vinho. Como era de se esperar, após a transmissão do programa, o consumo de vinho tinto nos EUA multiplicou por 4. Tal paradoxo foi, posteriormente, publicado na revista inglesa The Lancet, uma das mais conceituadas revistas médicas do mundo, dando origem a uma enxurrada de artigos sobre os benefícios do vinho sobre a saúde nos tempos modernos.
Álcool, taninos, flavonóides, catecinas, resveratrol, etc
Há muito sabe-se que o álcool, consumido em pequenas doses regulares, traz benefícios para a saúde. Estudos epidemiológicos mostram que o álcool presente no vinho, cerveja e destilados pode diminuir a mortalidade3 por infarto do miocárdio4, isquemia5 cerebral etc. Entretanto, o vinho é quem mais desperta interesse dos cientistas por apresentar, além do álcool, diversas substâncias antioxidantes em sua composição. Entre os mais de 1000 compostos encontrados no vinho, os polifenóis (flavonóides, taninos, catecinas, resveratrol etc) são os mais estudados.
Os polifenóis, derivados de várias plantas, são os antioxidantes mais encontrados em nossa dieta. De acordo com sua origem, apresentam diferentes estruturas químicas. Atualmente, vários estudos têm demonstrado que o resveratrol, um antioxidante natural presente em vinhos tintos e brancos, está associado com os efeitos benéficos do vinho na doença coronária. Além disso, em laboratório, o resveratrol tem mostrado efeito protetor contra o câncer6, embora estes resultados ainda não tenham sido demonstrados na prática clínica. Também controversa é a hipótese de que os flavonóides parecem mostrar um efeito protetor contra doenças cardiovasculares7, atuando sobre o LDL8 (colesterol9 ruim).
Vinho e Saúde: Alguns fatos
Doenças coronárias: o consumo moderado de vinho controla os níveis sangüíneos de algumas substâncias químicas inflamatórias chamadas citocinas. Estas, por sua vez, afetam o colesterol9 e as proteínas10 da coagulação. O vinho é capaz de reduzir os níveis de LDL8 e aumentar os de HDL11 (colesterol9 bom). Com relação à coagulação, o vinho torna as plaquetas12 presentes no sangue13 menos aderentes e reduz os níveis de fibrina, evitando que o sangue13 coagule em locais errados. Estes efeitos poderiam prevenir o entupimento de uma coronária, evitando um infarto do miocárdio4.
Doenças do cérebro: Os efeitos mais conhecidos do álcool sobre o sistema nervoso14 são a embriaguez e a dependência alcoólica. Entretanto, quando consumido com parcimônia, o vinho parece reduzir o risco de demência15, incluindo o Mal de Alzheimer16. Segundo alguns especialistas, os polifenóis presentes no vinho (principalmente nos tintos) seriam os responsáveis por evitar o envelhecimento das células cerebrais. É intrigante notar que, proporcionalmente falando, a ação antioxidante dos polifenóis dos vinhos brancos é superior à dos tintos. Entretanto, a quantidade de polifenóis dos tintos é muito superior à dos brancos, tornando estes vinhos mais interessantes para as células cerebrais. Além da ação antioxidante, os vinhos melhoram a circulação17 cerebral, com o fazem com a circulação17 coronária. Sabe-se, ainda, que as chances de apresentar depressão são menores em consumidores moderados de vinho.
Doenças respiratórias: Experimentos recentes têm demonstrado que o vinho é capaz de reduzir as chances de uma infeção pulmonar, sendo mais eficaz que alguns antibióticos modernos.
Doenças do aparelho digestivo18: Há vários séculos, São Paulo já recomendava "um pouco de vinho para a saúde do estômago19". Hoje, sabe-se que o consumo moderado de vinho está associado a uma menor incidência20 de úlcera péptica21 por uma série de razões: alívio do estresse, inibição da histamina, ação antimicrobiana contra o Helicobacter pylori, bactéria22 implicada na gênese da úlcera duodenal23. Por atuar sobre o colesterol9, o vinho parece reduzir as chances de formação de cálculos no interior da vesícula biliar24.
Doenças do aparelho urinário25: Estudos mostram que o vinho é capaz de reduzir em até 60% o risco de formação de cálculos urinários, ao estimular a diurese26.
Diabetes27: o vinho consumido de forma moderada melhora a sensibilidade das células periféricas à insulina28, sendo interessante nos pacientes com diabetes tipo 229 (não insulino-dependente). Além disto, o vinho reduz as chances de morte por infarto do miocárdio4 em pacientes com diabetes tipo 229. Em mulheres, um estudo mostra que o vinho pode reduzir as chances de surgimento de diabetes27.
Sangue13 e anemia30: O álcool ajuda o organismo a absorver melhor o ferro ingerido nos alimentos. Além disto, um copo de vinho tinto contém, em média, 0,5mg de ferro.
Ossos: alguns estudos populacionais têm demonstrado que o consumo de pequenas quantidades de vinho é capaz de melhorar a densidade óssea, reduzindo as chances de osteoporose31.
Visão: O vinho reduz a degeneração macular, causa comum de cegueira em idosos.
Câncer6: A possibilidade de que os antioxidantes presentes no vinho pudessem prevenir alguns tipos de câncer6 despertou o interesse de muitos pesquisadores em todo o mundo. Alguns estudos populacionais mostram uma redução da mortalidade3 por doença coronária e por câncer6 em bebedores comedidos de vinho. Por exemplo, homens que consomem vinho sensata e regularmente têm menor chance de desenvolver Linfoma32 não-Hodgkin.
Como foi dito repetidas vezes, o consumo moderado parece ser o caminho para a felicidade. Muito ainda precisa ser entendido sobre os reais efeitos, benéficos e maléficos, do vinho sobre a saúde antes de torná-lo a panacéia universal para as moléstias do mundo moderno. Entretanto, em pouquíssimas situações, um remédio pôde ser tão infinitamente agradável e prazeroso
Artigo publicado na Revista Wine Style, número 1, em 2005, escrito pelo Dr. Gustavo Andrade de Paula (médico e diretor de Degustação da ABS-SP/Associação Brasileira de Sommeliers de São Paulo).
Desde a antigüidade, o vinho apresenta-se intimamente ligado à evolução da medicina, desempenhando sempre um papel principal. Os primeiros praticantes da arte da cura, na maioria das vezes curandeiros ou religiosos, já empregavam o vinho como remédio. Papiros do Egito antigo e tábuas dos antigos Sumérios (cerca de 2200 a.C.) já traziam receitas baseadas em vinho, o que o torna a mais antiga prescrição médica documentada.
O grego Hipócrates (cerca de 450 a.C.), tido como o pai da medicina sistematizada, recomendava o vinho como desinfetante, medicamento, um veículo para outras drogas e parte de uma dieta saudável. Para ele, cada tipo de vinho teria uma diferente função medicinal.
Galeno (século II d.C.), o mais famoso médico da Roma antiga, empregava o vinho na cura das feridas dos gladiadores, agindo este como um desinfetante.
Também os Judeus antigos tinham o vinho como medicamento. Segundo o Talmud, "sempre que o vinho faltar, a medicina tornar-se-á necessária".
Foi na Universidade de Salermo (Itália), fundada no século XI, que a importância do vinho sobre a dieta e a saúde foi codificada. Lá, correntes clássicas e árabes se fundiram, fornecendo as bases da medicina européia. O "Regime de Salermo" especificava "diferentes tipos de vinho para diversas constituições e humores".
Avicena (século XI DC), talvez o mais famoso médico do mundo árabe antigo, reconhecia a importância do vinho como forma de cura, embora seu emprego fosse limitado por questões religiosas.
O uso medicinal do vinho continuou por toda a Idade Média, sendo divulgado principalmente por monastérios, hospitais e universidades.
Até o século XVIII, muitos consideravam mais seguro beber vinho do que água pois esta era, freqüentemente, contaminada. Conta a lenda de Heidelberg, na Alemanha, que o guardião do grande barril (Große Faß) onde o soberano guardava todo o vinho recolhido como imposto, só bebia vinho. Seu nome era "Perkeo" (do italiano “Perche no” - por que não). Certa feita deram um líquido diferente para que ele bebesse e este morreu imediatamente. O tal líquido assassino era nada mais nada menos que água.
Em 1865-66, Louis Pasteur, o grande cientista francês nascido na região do Jura (terra dos famosos vin jaune e vin de paille), empregou o vinho em diversas de suas experiências, declarando que o vinho é "a mais higiênica e saudável das bebidas".
Em 1892, durante a grande epidemia de cólera2 em Hamburgo, o vinho era adicionado à água com intuito de esterilizá-la.
A partir do final do século XIX, a visão do vinho como medicamento começou a mudar. O alcoolismo foi definido como doença e os malefícios de seu consumo indiscriminado começaram a ser estudados. Nas décadas de 70 e 80, o consumo de álcool foi fortemente atacado por campanhas de saúde pública exaltando as complicações de seu uso em excesso. Entretanto, várias pesquisas científicas bem conduzidas têm demonstrado que, consumido com moderação, o vinho traz vários benefícios à saúde.
O consumo moderado
"Nem muito e nem muito pouco" parece ser o princípio para se realçar os efeitos benéficos do vinho sobre a saúde. Entretanto, as autoridades de saúde de vários países têm encontrado dificuldade em estipular o que pode ser considerado "consumo sensato". Na França, a ingestão de até 60 g de álcool por dia é segura para homens. Por outro lado, no Reino Unido, recomenda-se menos de 30 g por dia.
Vários são os fatores que influenciam estes limites: sexo, idade, constituição física, patrimônio genético, condições de saúde e uso de outras substâncias (drogas, medicamentos etc). Em linhas gerais, um homem pode consumir até 30 g de álcool por dia. Para as mulheres, por diversas razões (menor tolerância, menor proporção de água no organismo etc) recomenda-se até 15 g por dia. A diferença entre consumo moderado e exagerado pode significar a diferença entre prevenir e aumentar a mortalidade3.
Além da quantidade, a regularidade também é importante para se obter os efeitos benéficos do vinho. Os que exageram nos finais de semana e se poupam nos outros dias podem sofrer todos os malefícios da ingestão exagerada e aguda do vinho sem nenhum ganho para a saúde.
O Paradoxo Francês
Uma grande reviravolta na relação entre vinho e saúde ocorreu no início da década de 90 com a divulgação do Paradoxo Francês. Durante um programa de televisão nos EUA, o cientista francês Serge Renaud mostrou que estudos epidemiológicos em escala mundial evidenciaram que os franceses apresentavam 2,5 vezes menos mortes por doenças coronarianas que os americanos, apesar de fumarem muito e consumirem a mesma quantidade de gorduras. A principal explicação para tal paradoxo estaria no consumo regular e moderado de vinho. Como era de se esperar, após a transmissão do programa, o consumo de vinho tinto nos EUA multiplicou por 4. Tal paradoxo foi, posteriormente, publicado na revista inglesa The Lancet, uma das mais conceituadas revistas médicas do mundo, dando origem a uma enxurrada de artigos sobre os benefícios do vinho sobre a saúde nos tempos modernos.
Álcool, taninos, flavonóides, catecinas, resveratrol, etc
Há muito sabe-se que o álcool, consumido em pequenas doses regulares, traz benefícios para a saúde. Estudos epidemiológicos mostram que o álcool presente no vinho, cerveja e destilados pode diminuir a mortalidade3 por infarto do miocárdio4, isquemia5 cerebral etc. Entretanto, o vinho é quem mais desperta interesse dos cientistas por apresentar, além do álcool, diversas substâncias antioxidantes em sua composição. Entre os mais de 1000 compostos encontrados no vinho, os polifenóis (flavonóides, taninos, catecinas, resveratrol etc) são os mais estudados.
Os polifenóis, derivados de várias plantas, são os antioxidantes mais encontrados em nossa dieta. De acordo com sua origem, apresentam diferentes estruturas químicas. Atualmente, vários estudos têm demonstrado que o resveratrol, um antioxidante natural presente em vinhos tintos e brancos, está associado com os efeitos benéficos do vinho na doença coronária. Além disso, em laboratório, o resveratrol tem mostrado efeito protetor contra o câncer6, embora estes resultados ainda não tenham sido demonstrados na prática clínica. Também controversa é a hipótese de que os flavonóides parecem mostrar um efeito protetor contra doenças cardiovasculares7, atuando sobre o LDL8 (colesterol9 ruim).
Vinho e Saúde: Alguns fatos
Doenças coronárias: o consumo moderado de vinho controla os níveis sangüíneos de algumas substâncias químicas inflamatórias chamadas citocinas. Estas, por sua vez, afetam o colesterol9 e as proteínas10 da coagulação. O vinho é capaz de reduzir os níveis de LDL8 e aumentar os de HDL11 (colesterol9 bom). Com relação à coagulação, o vinho torna as plaquetas12 presentes no sangue13 menos aderentes e reduz os níveis de fibrina, evitando que o sangue13 coagule em locais errados. Estes efeitos poderiam prevenir o entupimento de uma coronária, evitando um infarto do miocárdio4.
Doenças do cérebro: Os efeitos mais conhecidos do álcool sobre o sistema nervoso14 são a embriaguez e a dependência alcoólica. Entretanto, quando consumido com parcimônia, o vinho parece reduzir o risco de demência15, incluindo o Mal de Alzheimer16. Segundo alguns especialistas, os polifenóis presentes no vinho (principalmente nos tintos) seriam os responsáveis por evitar o envelhecimento das células cerebrais. É intrigante notar que, proporcionalmente falando, a ação antioxidante dos polifenóis dos vinhos brancos é superior à dos tintos. Entretanto, a quantidade de polifenóis dos tintos é muito superior à dos brancos, tornando estes vinhos mais interessantes para as células cerebrais. Além da ação antioxidante, os vinhos melhoram a circulação17 cerebral, com o fazem com a circulação17 coronária. Sabe-se, ainda, que as chances de apresentar depressão são menores em consumidores moderados de vinho.
Doenças respiratórias: Experimentos recentes têm demonstrado que o vinho é capaz de reduzir as chances de uma infeção pulmonar, sendo mais eficaz que alguns antibióticos modernos.
Doenças do aparelho digestivo18: Há vários séculos, São Paulo já recomendava "um pouco de vinho para a saúde do estômago19". Hoje, sabe-se que o consumo moderado de vinho está associado a uma menor incidência20 de úlcera péptica21 por uma série de razões: alívio do estresse, inibição da histamina, ação antimicrobiana contra o Helicobacter pylori, bactéria22 implicada na gênese da úlcera duodenal23. Por atuar sobre o colesterol9, o vinho parece reduzir as chances de formação de cálculos no interior da vesícula biliar24.
Doenças do aparelho urinário25: Estudos mostram que o vinho é capaz de reduzir em até 60% o risco de formação de cálculos urinários, ao estimular a diurese26.
Diabetes27: o vinho consumido de forma moderada melhora a sensibilidade das células periféricas à insulina28, sendo interessante nos pacientes com diabetes tipo 229 (não insulino-dependente). Além disto, o vinho reduz as chances de morte por infarto do miocárdio4 em pacientes com diabetes tipo 229. Em mulheres, um estudo mostra que o vinho pode reduzir as chances de surgimento de diabetes27.
Sangue13 e anemia30: O álcool ajuda o organismo a absorver melhor o ferro ingerido nos alimentos. Além disto, um copo de vinho tinto contém, em média, 0,5mg de ferro.
Ossos: alguns estudos populacionais têm demonstrado que o consumo de pequenas quantidades de vinho é capaz de melhorar a densidade óssea, reduzindo as chances de osteoporose31.
Visão: O vinho reduz a degeneração macular, causa comum de cegueira em idosos.
Câncer6: A possibilidade de que os antioxidantes presentes no vinho pudessem prevenir alguns tipos de câncer6 despertou o interesse de muitos pesquisadores em todo o mundo. Alguns estudos populacionais mostram uma redução da mortalidade3 por doença coronária e por câncer6 em bebedores comedidos de vinho. Por exemplo, homens que consomem vinho sensata e regularmente têm menor chance de desenvolver Linfoma32 não-Hodgkin.
Como foi dito repetidas vezes, o consumo moderado parece ser o caminho para a felicidade. Muito ainda precisa ser entendido sobre os reais efeitos, benéficos e maléficos, do vinho sobre a saúde antes de torná-lo a panacéia universal para as moléstias do mundo moderno. Entretanto, em pouquíssimas situações, um remédio pôde ser tão infinitamente agradável e prazeroso
Artigo publicado na Revista Wine Style, número 1, em 2005, escrito pelo Dr. Gustavo Andrade de Paula (médico e diretor de Degustação da ABS-SP/Associação Brasileira de Sommeliers de São Paulo).
segunda-feira, julho 19, 2010
Brasil ganha mais uma Indicação Geográfica para vinhos
O Brasil acaba de ganhar sua sétima Indicação Geográfica: Pinto Bandeira, para vinhos tintos, brancos e espumantes. A concessão do certificado, que é um importante fator para garantir a qualidade e a diferenciação dos produtos, foi oficializada pelo INPI no dia 13 de julho de 2010.
Pinto Bandeira, que fica na região de Bento Gonçalves (RS), se junta a outras seis IGs brasileiras concedidas pelo INPI: Região do Cerrado Mineiro (MG), para o café; Vale dos Vinhedos (RS), para vinho tinto, branco e espumante; Pampa Gaúcho da Campanha Meridional (RS), para carne bovina e derivados; Paraty (RJ), para cachaça e aguardente composta azulada; Vale do Submédio São Francisco (BA/PE), para manga e uvas de mesa; e Vale do Sinos (RS), para couro acabado.
Vale lembrar que o interesse do público nacional pela Indicação Geográfica é cada vez maior. Prova disso é que, em 2008, das quatro
solicitações feitas ao INPI, duas foram de brasileiros e duas de estrangeiros. Em 2009, os pedidos chegaram a 11, sendo sete nacionais e quatro internacionais.
A Indicação Geográfica é um serviço da Coordenação-Geral de Outros Registros, da Diretoria de Contratos de Tecnologia e Outros Registros do INPI.
Pinto Bandeira, que fica na região de Bento Gonçalves (RS), se junta a outras seis IGs brasileiras concedidas pelo INPI: Região do Cerrado Mineiro (MG), para o café; Vale dos Vinhedos (RS), para vinho tinto, branco e espumante; Pampa Gaúcho da Campanha Meridional (RS), para carne bovina e derivados; Paraty (RJ), para cachaça e aguardente composta azulada; Vale do Submédio São Francisco (BA/PE), para manga e uvas de mesa; e Vale do Sinos (RS), para couro acabado.
Vale lembrar que o interesse do público nacional pela Indicação Geográfica é cada vez maior. Prova disso é que, em 2008, das quatro
solicitações feitas ao INPI, duas foram de brasileiros e duas de estrangeiros. Em 2009, os pedidos chegaram a 11, sendo sete nacionais e quatro internacionais.
A Indicação Geográfica é um serviço da Coordenação-Geral de Outros Registros, da Diretoria de Contratos de Tecnologia e Outros Registros do INPI.
O milagre de São Joaquim
Certas histórias parecem criadas com o propósito de desacreditar governos. Não é o caso desta. Aconteceu em São Joaquim, na serra catarinense. Nos idos de 1980, a estação local da Secretaria da Agricultura decidiu erradicar todos os vinhedos experimentais que mantinha e proibir novos plantios. Os técnicos enfim jogavam a toalha, após anos sucessivos de frustrações, possivelmente por estar o lugar muito exposto a geadas precoces. E seria esse o ponto final do projeto vitivinícola na região se umas poucas videiras de Cabernet Sauvignon, poupadas da erradicação, não fossem, tempos depois, encontradas pelo pesquisador francês Jean Pierre Rosier. Ele vinificou alguns cachos e produziu um ótimo vinho, que foi provado pelo então governador Esperidião Amin, numa visita a São Joaquim, em 1999. O mandatário se agradou tanto que, no ato, reativou as pesquisas e o cultivo de viníferas no território serrano.
José Eduardo Basseti brinda o final da história com um Primo Cabernet Sauvignon 2008, há duas horas no decanter afinando aromas e amaciando texturas. Trata-se, como o nome diz, do primeiro tinto feito pela Villaggio Basseti, vinícola que ele possui em sociedade com seus dois irmãos, Marco Aurélio e Cesar Juliano, todos curitibanos. Atual presidente da Associação Catarinense dos Produtores de Vinhos Finos de Altitude, a Acavitis, José Eduardo fala com entusiasmo do milagre de São Joaquim. Bastou uma década para que a região se firmasse como nova fronteira do vinho nacional.
O grande trunfo é o clima. Os vinhedos se distribuem por altitudes entre 900 e 1.400 metros, zonas de invernos severos e temperaturas baixas (média anual de 13 graus). Estações bem definidas, com pouca chuva no verão, durante a colheita, contribuem para o amadurecimento lento e equilibrado das frutas. E os solos também ajudam. Pedregosos, de baixa a média fertilidade, favorecem o enraizamento das vinhas. A topografia, acidentada, montanhosa, permite a boa drenagem, mas às vezes cria dificuldades. Muitos parreirais estão sendo implantados como se faz no Douro português, nos degraus escavados pelas encostas, amparados em muros de pedra.
Além de São Joaquim, a área vitivinicola da serra catarinense abrange os municípios de Campos Novos e Caçador. Soma 300 hectares de vinhedos, com destaque para as castas Cabernet Sauvignon, Merlot, Sangiovese, Malbec, Pinot Noir, Chardonnay e Sauvignon Blanc. Entre as 32 vinícolas instaladas, a Villa Francioni é referência, com tintos e brancos que a cada nova safra crescem no conceito do mercado. Foi criada pelo empresário Manoel Dilor de Freitas, dono da Cecrisa, que não chegou, contudo, a vê-la concluída. Faleceu em fins de 2004, tendo seus filhos assumido o projeto.
Quando os irmãos Basseti chegaram à região, por volta de 2005, as terras ainda eram baratas, cerca de R$ 900 o hectare. Os vinhedos e outros empreendimentos ligados à fruticultura multiplicaram por dez esse valor. Junto com eles, outros empresários paranaenses lá se instalaram, como Luiz Fernando Carvalho, Caio Pisani e Agostinho Ermelino de Leão Júnior. A Villagio Basseti cultiva oito hectares das castas Cabernet Sauvignon, Merlot, Pinot Noir e Sauvignon Blanc, com produtividade controlada, para a obtenção de frutas de alto padrão. Os vinhos estarão no mercado a partir do próximo ano. Do Primo Cabernet Sauvignon foram feitas apenas 500 garrafas pelo sistema girolate (as etapas de elaboração acontecem dentro de uma mesma barrica giratória), que proporciona caldos de intensa estrutura e extração.
José Eduardo assumiu a Acavitis no ano passado, já contabilizando dois êxitos: a participação dos catarinenses na Expovinis, a grande feira do vinho realizada em São Paulo, e a visita, em novembro próximo, da inglesa Jancis Robinson à região. Critica graduada com o Master of Wines, Jancis é uma das mais influentes personalidades do mundo do vinho. O produtor está esperançoso, enfatizando o apoio que a classe tem recebido da Empresa de Pesquisas Agropecuárias de Santa Catarina, a Epagri. O que está acontecendo em São Joaquim merece uma visita, ele diz. A bela região fica apenas a 420 quilômetros de Curitiba, por estradas pedagiadas em boas condições - a BR 270 (duplicada, via litoral) ou a BR-101 (pista simples, pelo interior).
Fonte - Paraná Online
José Eduardo Basseti brinda o final da história com um Primo Cabernet Sauvignon 2008, há duas horas no decanter afinando aromas e amaciando texturas. Trata-se, como o nome diz, do primeiro tinto feito pela Villaggio Basseti, vinícola que ele possui em sociedade com seus dois irmãos, Marco Aurélio e Cesar Juliano, todos curitibanos. Atual presidente da Associação Catarinense dos Produtores de Vinhos Finos de Altitude, a Acavitis, José Eduardo fala com entusiasmo do milagre de São Joaquim. Bastou uma década para que a região se firmasse como nova fronteira do vinho nacional.
O grande trunfo é o clima. Os vinhedos se distribuem por altitudes entre 900 e 1.400 metros, zonas de invernos severos e temperaturas baixas (média anual de 13 graus). Estações bem definidas, com pouca chuva no verão, durante a colheita, contribuem para o amadurecimento lento e equilibrado das frutas. E os solos também ajudam. Pedregosos, de baixa a média fertilidade, favorecem o enraizamento das vinhas. A topografia, acidentada, montanhosa, permite a boa drenagem, mas às vezes cria dificuldades. Muitos parreirais estão sendo implantados como se faz no Douro português, nos degraus escavados pelas encostas, amparados em muros de pedra.
Além de São Joaquim, a área vitivinicola da serra catarinense abrange os municípios de Campos Novos e Caçador. Soma 300 hectares de vinhedos, com destaque para as castas Cabernet Sauvignon, Merlot, Sangiovese, Malbec, Pinot Noir, Chardonnay e Sauvignon Blanc. Entre as 32 vinícolas instaladas, a Villa Francioni é referência, com tintos e brancos que a cada nova safra crescem no conceito do mercado. Foi criada pelo empresário Manoel Dilor de Freitas, dono da Cecrisa, que não chegou, contudo, a vê-la concluída. Faleceu em fins de 2004, tendo seus filhos assumido o projeto.
Quando os irmãos Basseti chegaram à região, por volta de 2005, as terras ainda eram baratas, cerca de R$ 900 o hectare. Os vinhedos e outros empreendimentos ligados à fruticultura multiplicaram por dez esse valor. Junto com eles, outros empresários paranaenses lá se instalaram, como Luiz Fernando Carvalho, Caio Pisani e Agostinho Ermelino de Leão Júnior. A Villagio Basseti cultiva oito hectares das castas Cabernet Sauvignon, Merlot, Pinot Noir e Sauvignon Blanc, com produtividade controlada, para a obtenção de frutas de alto padrão. Os vinhos estarão no mercado a partir do próximo ano. Do Primo Cabernet Sauvignon foram feitas apenas 500 garrafas pelo sistema girolate (as etapas de elaboração acontecem dentro de uma mesma barrica giratória), que proporciona caldos de intensa estrutura e extração.
José Eduardo assumiu a Acavitis no ano passado, já contabilizando dois êxitos: a participação dos catarinenses na Expovinis, a grande feira do vinho realizada em São Paulo, e a visita, em novembro próximo, da inglesa Jancis Robinson à região. Critica graduada com o Master of Wines, Jancis é uma das mais influentes personalidades do mundo do vinho. O produtor está esperançoso, enfatizando o apoio que a classe tem recebido da Empresa de Pesquisas Agropecuárias de Santa Catarina, a Epagri. O que está acontecendo em São Joaquim merece uma visita, ele diz. A bela região fica apenas a 420 quilômetros de Curitiba, por estradas pedagiadas em boas condições - a BR 270 (duplicada, via litoral) ou a BR-101 (pista simples, pelo interior).
Fonte - Paraná Online
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