Imagine um vinho que você pode beber a garrafa toda sem perceber, como se ela fosse um suco de framboesas e cerejas. É quase viciante! Este é o novo vinho da vinícola Reserva de Caliboro.
O Erasmo é desde vários anos uma marca bem conhecida no Brasil. Em 2012, no guia Descorchados, foi eleito o número um na categoria “Vinhos Tintos” onde competem todos grandes nomes da viticultura chilena, como Almaviva, Don Melchor, Seña, Viñedos Chadwick, Montes M, Caballo Loco e todos esses vinhos ícones que o Chile produz. O Erasmo com a sua safra 2007 superou todos estes Ultra Premiums chilenos, e o motivo da ”febre” por conseguir uma garrafa de Erasmo 2007 se entende já que o preço é pelo menos umas cinco vezes menos que os outros vinhos da lista acima.
Mas a ideia deste post não é falar do Erasmo que todos conhecem, e muito menos de comparar com os outros vinhos de Chile ou discutir se mereceu o não ser o melhor vinho tinto do Chile, isso cada um pode ter a sua própria opinião, como dever ser quando se trata de vinhos.
Eu queria dedicar estas linhas para falar sobre a feliz surpresa que esta vinícola apresentou a pouco tempo no Chile é que esta semana acaba de estrear na Buywine, trata-se do Erasmo Barbera – Garnacha 2013, um tinto que já está dando muito o que falar no Chile e tudo indica de que vai cativar muitos paladares também aqui no Brasil.
Este Erasmo é um vinho que nunca passou por madeiras, pelo tanto todos os seus atributos provem única e exclusivamente da própria fruta, ou seja, das uvas que deram vida a este tinto fresco e delicioso. A graça do vinho é principalmente seu estilo, puro, fresco, jovial, e são vários os segredos que poderiam, segundo minha forma de ver, explicar como esta vinícola conseguiu produzir este vinho tão diferente:
O sangue italiano:
Francesco Marone Cinzano, o conde, (também proprietário da vinícola Col D’Orcia em Montalcino, Itália) não pode, mesmo que ele queira, produzir vinhos que não tenham sua assinatura, e esta é a forma quase natural na qual ele consegue um raro equilíbrio nos vinhos, é só se focar na textura dos taninos deste vinho que vão entender do que me estou referindo. Um vinho safra 2013 que tem taninos que acariciam a língua como se tratasse de um vinho evoluído e pronto para beber, e não pensem que o vinho é levinho, porque não é, até parece um vinho pelo menos de concentração média ou até completa, concentrado, mais ao mesmo tempo fresco e frutado ao extremo.
O Maule:
Sem dúvida e mesmo que não tenha nada a ver com seu irmão maior já que é um estilo oposto (Erasmo Assemblage) dá para sentir uma forte ligação com o clima frio deste vale, e não podemos esquecer que fica lá no final do extremo sul da viticultura chilena, a mais de 500 quilômetros sentido sul, da capital do Chile, Santiago. Os vinhos deste vale, sem exceção (exceto os ruins), têm uma espécie de “marca registrada” trata-se de sua acidez (quase mineral) que entrega equilíbrio, nervo e vivacidade e deixa os vinhos com um final de boca muito mais longos, com uma irresistível frutosidade. É essa acidez a que faz, muitas vezes, (quando degustamos “as cegas” os vinhos desta região) pensar que não são chilenos. De fato, muitas vezes parecem vinho mais de Bordeaux na França ou Chianti na Itália do que do Chile
As Uvas Mediterrâneas:
A Barbera que produz vinhos deliciosos no norte de Itália e a Garnacha (o Grenache na França) muito famosa no sul da Espanha e na França, se unem e são complementadas pela também mediterrânea, e cada dia mais chilena Carignan, então o resultado não podia ser diferente.
A propósito de verão, considerando que estamos começando o ano 2014 e as temperaturas estão lá no alto, não consigo imaginar um vinho tinto mais adequado que este para beber durante este verão. É como um Beaujolais, mais de altíssima qualidade, (tem 91 pontos em Descorchados 2014).
Imagino este vinho num churrasco, claro que tem que ser servido numa temperatura baixinha, uns 13 a 14 graus dependendo de como esteja o clima. Se esta muito quente, podem baixar ate os 12 graus inclusive. Há…para aqueles que estão começando a beber vinhos tintos, ou gostam de vinhos “suaves” (meios doces) experimentem este tinto, mais tenham cuidado que ele é altamente “viciante” e a garrafa acaba em coisas de minutos. Tal como falei no começo do Post, este novo Erasmo é uma revelação, mais além disso tem a magia de representar o lado mais puro desta bebida, sem maquiagem, só fruta fresca que apaixona ao primeiro gole.
Fonte : Vinho Em Prosa
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