Nunca me senti tão esperta quanto nos quatro dias que passei no Uruguai durante o Salão Internacional de Vinho e Gastronomia, do Mantra Resort de Punta del Este, em agosto. "A senhora é uma das espertas, não é?", perguntava a recepcionista. "Sim, claro!". O segurança me informava que nós, os espertos, tínhamos direito a uma área reservada dentro do salão. O gerente do hotel fez um agradecimento especial a nós, o grupo internacional de espertos ali reunidos para o Expert Speed Tasting. Não querendo chamar o leitor de pouco esperto, acho bom esclarecer que os uruguaios estavam dizendo "experta", "experto", com "x", que em espanhol quer dizer especialista.
Fiz parte de um grupo de especialistas convidados pelo Bodegas del Uruguay para avaliar o trabalho de algumas das mais importantes vinícolas do país. Na degustação, provamos e comentamos 19 vinhos de diferentes vinícolas. Depois, na feira, degustei mais algumas dezenas. Claro, aprendi muito sobre o vinho uruguaio (veja o post "Vinhos que provei e aprovei"). Mas não só. A oportunidade foi boa também para observar o trabalho dos especialistas, refletir sobre o que é ser esperto quando se trata de vinho e lembrar de alguns pontos básicos. A seguir, algumas observações tiradas desse e de outros eventos:
1. Temperatura faz toda a diferença
Um dos vinhos chegou à nossa mesa (minha, de um jornalista argentino e outro chileno) um pouco frio demais. Parecia sem gosto e sem aroma de nada. Espertos que somos, reparamos que o problema era a temperatura. O consumidor comum, todavia, poderia ter bebido e nem notado. Ficaria apenas com uma impressão de que aquela garrafa era ruim. Conforme foi esquentando, o vinho foi melhorando. No nariz, foram surgindo os aromas e, na boca, foi ganhando corpo. Frio em excesso inibe aromas. No tinto, amarga os taninos. Por outro lado, quando a garrafa está quente demais, o álcool se sobressai, a acidez desaparece, o vinho fica pesado e chato. No post "Na temperatura certa", ensino a quantos graus deve ser servido cada vinho e qual o tempo de balde de gelo para chegar lá.
2. Se quiser apreciar os aromas de um vinho, não use perfume forte
Em degustações profissionais, é regra não usar perfume para não encobrir os aromas do vinho. Ninguém tem como provar se você se encheu de Chanel Nº 5 ou não, mas as pessoas têm nariz, percebem. E pega mal. Na vida normal, essa regra é mais flexível. Mas, se você for a um wine bar ou a qualquer evento em que o vinho seja o centro das atenções, tente evitar perfumes fortes. Mesmo se vai beber sozinho e quer aproveitar ao máximo os aromas do vinho, escolha um perfume pouco intenso.
3. Entre um vinho e outro, nada de lavar a taça com água
É comum as pessoas passarem uma água na taça quando vão trocar de garrafa. Essa não é a melhor solução para se livrar dos aromas do vinho anterior. Além de não funcionar muito bem, pode deixar o vinho seguinte meio aguado. O ideal é avinhar a taça: colocar um pouquinho (bem menos que o da foto) do vinho que você vai beber, girar, fazer ele passar por toda a superfície e, em seguida, dispensar o líquido. Faça isso ao menos quando for mudar de um branco para um tinto.
4. Se sentir um cheiro ruim, espere um pouco, talvez passe
Alguma vez você já abriu uma garrafa de vinho e sentiu um cheiro podre, de enxofre? Certo de que aquilo estava estragado, deixou a garrafa de lado e foi beber outras coisa?. De repente, veio alguém, bebeu o vinho e disse que estava ótimo? Aí você, cheirou, e não é que o desgraçado estava bom mesmo! Horrível, né? Fica parecendo que você não entende nada de vinho e é completamente Maria-vai-com-as-outras. Mas você não está louco. Um vinho pode estar horrível logo que abre e depois ficar bom. Esse mau cheiro pode ser do conservante SO2, enxofre ou algo parecido. Todo vinho leva SO2, ou pelo menos 99,99% deles. Só que em alguns, por razões diferentes, esse enxofre aparece mais quando a garrafa é destampada. É só esperar uns minutinhos que esse cheiro vai embora. Se você esperou 10 minutos e continua cheirando mal, é bem provável que a garrafa esteja contaminada com Brett (uma levedura selvagem) ou esteja bouchonnée (problema da rolha). Aí não há o que fazer a não ser trocar de garrafa. O brett deixa um cheiro de cachorro molhado no vinho, desagradável, mas na maioria das vezes não insuportável. Existe até o brett que é considerado bom, dá um aroma de terra, couro, cogumelos. Já o vinho bouchonné só vai piorando depois de aberto: fica com gosto de parede. Na prova dos vinhos uruguaios, tinha um que estava bouchonné. rodamos, rodamos a taça, e ele só piorava. Não é culpa do produtor. Pode acontecer com qualquer um.
5. Se não sentir cheiro nenhum, insista, o vinho pode estar fechado
Por outro lado, você pode abrir a garrafa, colocar o vinho no copo, dar aquela fungadinha básica e nada! O vinho tem cheiro de coisa nenhuma. Ai começa a tomar e vai achando o vinho uma delícia. Às vezes, essa mudança de opinião pode ser atribuída à bebedeira, mas muitas vezes não. O vinho estava o que a gente chama de fechado e vai se abrindo. Não vamos entrar em detalhes de química, mas o que acontece é uma reação provocada pelo contato com o oxigênio. Se o vinho custou 30 paus e não tem cheiro de nada, é provável que ele continue assim. Mas, se é um vinho um pouco mais caro, mesmo um bordeaux de R$ 50, R$ 60, dê um tempo. Sirva as taças e peça para o pessoal agitar. Lá no grupo de espertos aprendi uma coisa realmente nova. Veio um vinho assim completamente fechado, e o jornalista argentino tapou a boca da taça com a mão e chacoalhou como se fosse uma coqueteleira. A ideia é aumentar o contato com o ar. Eu e o chileno copiamos imediatamente. O vinho realmente abriu e ficou bem melhor. Mas, por favor, só não faça essa feiúra num restaurante e diga que a Tânia Nogueira ensinou!
6. Um vinho não precisa ser perfeito
Há pessoas que têm o rosto todo certinho e, ainda assim, são sem graça. Outras que têm "imperfeições" e são radiantes. Um nariz um pouco maior que o normal, um dente levemente para a frente, uma sobrancelha mais grossa são detalhes que não costumam tirar a beleza de um rosto harmônico. Pelo contrário, muitas vezes, acrescentam personalidade e charme. Com o vinho acontece exatamente a mesma coisa. Tem aquele vinho todo certinho, frutado, taninos redondos, acidez na medida, o álcool não se sobressai, mas, apesar de tudo isso, você toma e no dia seguinte esquece que ele existe. Outros têm um pouco mais de acidez, taninos levemente rugosos, aromas menos fáceis como os animais ou químicos e, sem saber bem por que, você se apaixona. Numa degustação de "espertos", a gente houve frases como: "tem uma rugosidade deliciosa", "essa acidez pronunciada vai ficar ótima com comida" ou "tem aroma de plástico, que delícia!". Não que os "espertos" sejam loucos, é que eles tomam vinho o dia inteiro e muitos se cansam de vinhos com tudo certinho. Querem personalidade. Eu, pelo menos, adoro quando encontro um vinho único, que não é perfeito, mas é uma delícia. Aventure-se com vinhos europeus e logo verá do que estou falando.
7. Seja seu próprio crítico
Exceto atrocidades, não existe vinho ruim ou vinho bom. Existe o vinho que você gosta. Durante a avaliação, como disse, sentei em uma mesa com um jornalista argentino, de Mendoza, e outro chileno, de Santiago. Ambos nasceram tomando vinho e têm bastante experiência. Eu não nasci em nenhuma região produtora, mas tomo vinho há anos. Nem por isso, concordamos em tudo. Por sua vez, um dos vinhos mais criticados na minha mesa, por ter excesso de carvalho, foi o preferido de um especialista brasileiro de outra mesa como fiquei sabendo depois. Experts boa parte das vezes não concordam entre si. Mesmo os mais famosos. Robert Parker dá uma nota para um rótulo, Jancis Robinson dá outra. A revista inglesa Decanter diz uma coisa , a americana Wine Spectador publica o oposto. Você adorar um vinho que eu odeio ou detestar um vinho que eu amo não quer dizer nada. Ouça o que os "espertos" dizem, mas preste mais atenção a seu olfato e seu paladar.
Fonte:Brasil Post
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terça-feira, setembro 16, 2014
terça-feira, setembro 09, 2014
“Vinhos baratos” não farão mais parte do menu dos mais de 400 hotéis Sheraton no mundo
BOSTON - Segundo Hoyt Harper II, um dos líderes da marca e VP sênior de Brand Management da Starwood, os hóspedes mais frequentes do hotel solicitaram mudança nas operações da bebida: eles preferem pagar mais para ter vinhos “premium”.
“Não só o Sheraton, mas também a maioria de seus concorrentes diretos, fazem a escolha com o critério do preço, mas o feedback dos hóspedes mais regulares do Sheraton mostra que eles estão mais interessados em bons vinhos, mesmo que pague em média US$ 4 a mais por taça”, explica. “Isso mostra dedicação, e o hóspede sente isso, até porque a bebida está quase sempre presente em momentos de socialização de executivos, e é importante na maneira como se dão os negócios.”
A estratégia, então, foi fazer uma parceria para usar os critérios de seleção da Wine Expectator Magazine, revista norte-americana especializada no assunto. De acordo com Harper, a nova parceira é muito criteriosa, e os 8% de seus vinhos que são realmente bem avaliados já estão fazendo parte de um grande número de unidades. Para Sheratons de cada região diferente, um tipo de vinho é indicado.
A bebida ocupa um espaço de 30% entre as mais vendidas nas unidades da marca. Portanto, para Harper, essa “foi uma escolha vitoriosa”. “Os clientes estão amando, principalmente pelo fato de não terem de pedir uma garrafa, assim experimentam taças de diferentes tipos”, aponta. “Gastronomia é um fator de extrema importância quando se trata de Sheraton. Os hóspedes, na maioria de perfil corporativo, são exigentes e querem ter boas experiências”, completa.
Portal PANROTAS
“Não só o Sheraton, mas também a maioria de seus concorrentes diretos, fazem a escolha com o critério do preço, mas o feedback dos hóspedes mais regulares do Sheraton mostra que eles estão mais interessados em bons vinhos, mesmo que pague em média US$ 4 a mais por taça”, explica. “Isso mostra dedicação, e o hóspede sente isso, até porque a bebida está quase sempre presente em momentos de socialização de executivos, e é importante na maneira como se dão os negócios.”
A estratégia, então, foi fazer uma parceria para usar os critérios de seleção da Wine Expectator Magazine, revista norte-americana especializada no assunto. De acordo com Harper, a nova parceira é muito criteriosa, e os 8% de seus vinhos que são realmente bem avaliados já estão fazendo parte de um grande número de unidades. Para Sheratons de cada região diferente, um tipo de vinho é indicado.
A bebida ocupa um espaço de 30% entre as mais vendidas nas unidades da marca. Portanto, para Harper, essa “foi uma escolha vitoriosa”. “Os clientes estão amando, principalmente pelo fato de não terem de pedir uma garrafa, assim experimentam taças de diferentes tipos”, aponta. “Gastronomia é um fator de extrema importância quando se trata de Sheraton. Os hóspedes, na maioria de perfil corporativo, são exigentes e querem ter boas experiências”, completa.
Portal PANROTAS
terça-feira, setembro 02, 2014
O vinho sabe viajar?
A exportação é uma das grandes prioridades nacionais, um imperativo e uma necessidade absoluta para a maioria dos produtores portugueses.
Uma inevitabilidade alimentada não só pela crise económica endémica que teima em não nos largar como uma necessidade criada pela contracção do mercado, contracção anterior ao eclodir da crise e sem ligação directa com a mesma. Bebemos menos vinho hoje que no passado, bebemos com mais moderação, bebemos menos mas melhor, seguindo uma tendência que é transversal a toda a Europa do Sul, à Europa produtora tradicional de vinho.
Por isso a exportação é inevitável, porque a produção aumenta ao mesmo tempo que o mercado nacional se contrai. Desbravar caminho para novos mercados é, pois, mais que um imperativo, uma inevitabilidade. Enquanto uma grande parte da Europa do Sul diminui o consumo, a outra Europa, a do Norte, tradicionalmente menos familiarizado com o vinho, aumenta o consumo e o interesse pelo vinho. O continente americano, não só do Norte como da América latina, mostra igualmente um apetite crescente pelo vinho, tal como parte da Ásia, embora de forma menos pronunciada.
Para conquistar estes mercados é preciso um esforço titânico de promoção, educação e adaptação, viagens frequentes, visitas a importadores e putativos distribuidores, presenças em feiras e eventos e um sem fim de outras solicitações e diligências. Espanha, França, Itália, Alemanha, Áustria, Argentina, Chile, Austrália, África do Sul, Nova Zelândia e uma infinidade de outros países sofrem as mesmas vicissitudes que Portugal procurando os mesmos mercados, disputando o mesmo espaço, os mesmos importadores, as mesmas quotas de mercado nos países de monopólio estatal.
Exportar é uma dificuldade mas encontrar importador, vender o vinho, voltar a receber encomendas e cobrar, sempre um dos momentos mais melindrosos das transacções, são apenas os primeiros dilemas com que o produtor se depara. A outra dificuldade, quase sempre ignorada e frequentemente menosprezada, é o transporte dos vinhos até aos mercados e aos pontos de venda. Temos tendência para esquecer que o vinho é um produto alimentar e que como tal obriga a formas de conservação particulares. Consequentemente, obriga igualmente a condições de transporte que requerem requisitos de temperatura que a maioria das transportadoras não tem nem condições para cumprir nem conhecimentos para implementar.
A maioria dos vinhos são transportados em contentores, quase sempre por via marítima, contentores que salvo raríssimas excepções, e as excepções são mesmo raríssimas, não são climatizados. E mesmo que os contentores fossem climatizados, coisa impraticável pelo preço incomportável, quem poderia garantir que o circuito de refrigeração se mantinha em todos os passos do transporte, desde o embarque até ao desembarque e desalfândega, desde o armazenamento nos entrepostos de importadores, distribuidores e pontos de venda até ao transporte entre os armazéns e os supermercados, garrafeiras ou restauração? E quem garante que em cada um destes pontos de venda os vinhos são bem acondicionados e preservados?
Significa isto que os vinhos chegam ao mercado, sobretudo na exportação, estragados ou impróprios para consumo? Significa que estamos perante um caso de saúde pública? Claro que não, o vinho é extremamente resiliente e capaz de suportar maus tratos, mesmo que consumados de forma mais ou menos contínua. Não se trata, portanto, de um caso de ameaça à saúde pública, mas sim de uma diminuição das propriedades, condicionantes muito mais delicadas e potencialmente mais difíceis de resolver e entender. Significa que, apesar de continuar bebível, e até potencialmente notável, o vinho perdeu muitas das suas qualidades e dos seus predicados iniciais, surgindo diminuído face às qualidades e ao seu perfil original.
Basta beber alguns vinhos portugueses noutros mercados, sobretudo nos países de clima mais quente e extremado e onde a rede de refrigeração é menos cuidada, para sentir as diferenças dos vinhos face aos testemunhos que ficaram em Portugal. Nem todos os vinhos sofrem o mal da mesma forma e alguns vinhos ou estilos viajam com mais facilidade que outros. Os vinhos generosos, por exemplo, vinhos como o Vinho do Porto, Vinho da Madeira ou Moscatel, são mais tenazes e sentem menos as agruras da viagem sobretudo, no caso do Vinho do Porto, os vinhos da família Tawny. Pelo contrário, os vinhos que mais sofrem são os brancos, especialmente os mais delicados, perdendo frequentemente muita da frescura inicial e desbaratando quase todas as subtilezas aromáticas originais, como que envelhecendo anos em escassos meses de vida.
Num mundo ideal, isto não aconteceria e o circuito de frio seria mantido em todos os momentos de viagem ou guarda. Infelizmente, sabemos que vivemos num mundo que está muito longe de ser perfeito. Se formos rigorosos, percebemos que este problema não é exclusivo dos mercados de exportação. Também em Portugal, independentemente de serem garrafeiras especializadas, lojas tradicionais, grandes superfícies, restaurantes ou hotelaria, independentemente de serem armazéns de logística ou carrinhas de distribuição a fazer entregas, se sentem os efeitos da falta de cuidado, a falta de conhecimento sobre as regras de conservação do vinho, ou a falta de incentivo para efectuar investimentos dispendiosos.
Quem sofre directamente com esta realidade somos nós, consumidores e compradores de vinho, bem como os produtores. As pequenas imperfeições que resultam da má conservação do vinho nem sempre são visíveis ou facilmente compreensíveis pelos consumidores que simplesmente, e naturalmente, penalizam o produtor pensando que o vinho “já foi melhor”…
FugasVinhos - Por Rui Falcão
Uma inevitabilidade alimentada não só pela crise económica endémica que teima em não nos largar como uma necessidade criada pela contracção do mercado, contracção anterior ao eclodir da crise e sem ligação directa com a mesma. Bebemos menos vinho hoje que no passado, bebemos com mais moderação, bebemos menos mas melhor, seguindo uma tendência que é transversal a toda a Europa do Sul, à Europa produtora tradicional de vinho.
Por isso a exportação é inevitável, porque a produção aumenta ao mesmo tempo que o mercado nacional se contrai. Desbravar caminho para novos mercados é, pois, mais que um imperativo, uma inevitabilidade. Enquanto uma grande parte da Europa do Sul diminui o consumo, a outra Europa, a do Norte, tradicionalmente menos familiarizado com o vinho, aumenta o consumo e o interesse pelo vinho. O continente americano, não só do Norte como da América latina, mostra igualmente um apetite crescente pelo vinho, tal como parte da Ásia, embora de forma menos pronunciada.
Para conquistar estes mercados é preciso um esforço titânico de promoção, educação e adaptação, viagens frequentes, visitas a importadores e putativos distribuidores, presenças em feiras e eventos e um sem fim de outras solicitações e diligências. Espanha, França, Itália, Alemanha, Áustria, Argentina, Chile, Austrália, África do Sul, Nova Zelândia e uma infinidade de outros países sofrem as mesmas vicissitudes que Portugal procurando os mesmos mercados, disputando o mesmo espaço, os mesmos importadores, as mesmas quotas de mercado nos países de monopólio estatal.
Exportar é uma dificuldade mas encontrar importador, vender o vinho, voltar a receber encomendas e cobrar, sempre um dos momentos mais melindrosos das transacções, são apenas os primeiros dilemas com que o produtor se depara. A outra dificuldade, quase sempre ignorada e frequentemente menosprezada, é o transporte dos vinhos até aos mercados e aos pontos de venda. Temos tendência para esquecer que o vinho é um produto alimentar e que como tal obriga a formas de conservação particulares. Consequentemente, obriga igualmente a condições de transporte que requerem requisitos de temperatura que a maioria das transportadoras não tem nem condições para cumprir nem conhecimentos para implementar.
A maioria dos vinhos são transportados em contentores, quase sempre por via marítima, contentores que salvo raríssimas excepções, e as excepções são mesmo raríssimas, não são climatizados. E mesmo que os contentores fossem climatizados, coisa impraticável pelo preço incomportável, quem poderia garantir que o circuito de refrigeração se mantinha em todos os passos do transporte, desde o embarque até ao desembarque e desalfândega, desde o armazenamento nos entrepostos de importadores, distribuidores e pontos de venda até ao transporte entre os armazéns e os supermercados, garrafeiras ou restauração? E quem garante que em cada um destes pontos de venda os vinhos são bem acondicionados e preservados?
Significa isto que os vinhos chegam ao mercado, sobretudo na exportação, estragados ou impróprios para consumo? Significa que estamos perante um caso de saúde pública? Claro que não, o vinho é extremamente resiliente e capaz de suportar maus tratos, mesmo que consumados de forma mais ou menos contínua. Não se trata, portanto, de um caso de ameaça à saúde pública, mas sim de uma diminuição das propriedades, condicionantes muito mais delicadas e potencialmente mais difíceis de resolver e entender. Significa que, apesar de continuar bebível, e até potencialmente notável, o vinho perdeu muitas das suas qualidades e dos seus predicados iniciais, surgindo diminuído face às qualidades e ao seu perfil original.
Basta beber alguns vinhos portugueses noutros mercados, sobretudo nos países de clima mais quente e extremado e onde a rede de refrigeração é menos cuidada, para sentir as diferenças dos vinhos face aos testemunhos que ficaram em Portugal. Nem todos os vinhos sofrem o mal da mesma forma e alguns vinhos ou estilos viajam com mais facilidade que outros. Os vinhos generosos, por exemplo, vinhos como o Vinho do Porto, Vinho da Madeira ou Moscatel, são mais tenazes e sentem menos as agruras da viagem sobretudo, no caso do Vinho do Porto, os vinhos da família Tawny. Pelo contrário, os vinhos que mais sofrem são os brancos, especialmente os mais delicados, perdendo frequentemente muita da frescura inicial e desbaratando quase todas as subtilezas aromáticas originais, como que envelhecendo anos em escassos meses de vida.
Num mundo ideal, isto não aconteceria e o circuito de frio seria mantido em todos os momentos de viagem ou guarda. Infelizmente, sabemos que vivemos num mundo que está muito longe de ser perfeito. Se formos rigorosos, percebemos que este problema não é exclusivo dos mercados de exportação. Também em Portugal, independentemente de serem garrafeiras especializadas, lojas tradicionais, grandes superfícies, restaurantes ou hotelaria, independentemente de serem armazéns de logística ou carrinhas de distribuição a fazer entregas, se sentem os efeitos da falta de cuidado, a falta de conhecimento sobre as regras de conservação do vinho, ou a falta de incentivo para efectuar investimentos dispendiosos.
Quem sofre directamente com esta realidade somos nós, consumidores e compradores de vinho, bem como os produtores. As pequenas imperfeições que resultam da má conservação do vinho nem sempre são visíveis ou facilmente compreensíveis pelos consumidores que simplesmente, e naturalmente, penalizam o produtor pensando que o vinho “já foi melhor”…
FugasVinhos - Por Rui Falcão
Rosé português entre os cinco melhores do mundo
O vinho português Colecção Privada Domingos Soares Franco Moscatel Roxo Rosé 2013 foi considerado o 5.º melhor rosé do mundo pela edição de Agosto da revista especializada europeia The Drinks Business.
O Moscatel Roxo Rosé nacional conquistou 85 pontos e uma medalha de prata numa prova cega em que 'mestres vínicos' e 'mestres sommeliers' internacionais avaliaram vinhos rosés com preço acima de 10 euros de países tão diversos como França, Itália, EUA, Portugal ou Espanha.
De acordo com a AICEP, este rosé da José Maria da Fonseca é o único vinho português a surgir neste 'top', tendo sido premiado pelo júri da competição graças aos seus aromas "frutados", "notas florais" e "acidez vibrante".
Domingos Soares Franco, que assina o vinho galardoado, é o representante mais jovem da sexta geração da família que, desde a fundação, presidente aos destinos da produtora vinícola José Maria da Fonseca e é também o principal enólogo da casa.
O especialista criou o Colecção Privada Moscal Roxo Rosé 2013 como forma de explorar "a nobreza e subtileza das notas aromáticas da casta Moscatel Roxo", uma casta nobre e muito pouco comum.
Para além da revista mensal, a The Drinks Business, uma das mais prestigiadas publicações dedicadas às bebidas alcoólicas, detém ainda um site com uma audiência internacional de 460.000 leitores mensais e disponibiliza conteúdos para outras publicações como o The Huffington Post ou a Revista Time.
Fonte : Boas Notícias
O Moscatel Roxo Rosé nacional conquistou 85 pontos e uma medalha de prata numa prova cega em que 'mestres vínicos' e 'mestres sommeliers' internacionais avaliaram vinhos rosés com preço acima de 10 euros de países tão diversos como França, Itália, EUA, Portugal ou Espanha.
De acordo com a AICEP, este rosé da José Maria da Fonseca é o único vinho português a surgir neste 'top', tendo sido premiado pelo júri da competição graças aos seus aromas "frutados", "notas florais" e "acidez vibrante".
Domingos Soares Franco, que assina o vinho galardoado, é o representante mais jovem da sexta geração da família que, desde a fundação, presidente aos destinos da produtora vinícola José Maria da Fonseca e é também o principal enólogo da casa.
O especialista criou o Colecção Privada Moscal Roxo Rosé 2013 como forma de explorar "a nobreza e subtileza das notas aromáticas da casta Moscatel Roxo", uma casta nobre e muito pouco comum.
Para além da revista mensal, a The Drinks Business, uma das mais prestigiadas publicações dedicadas às bebidas alcoólicas, detém ainda um site com uma audiência internacional de 460.000 leitores mensais e disponibiliza conteúdos para outras publicações como o The Huffington Post ou a Revista Time.
Fonte : Boas Notícias
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