Pesquisar este blog

terça-feira, fevereiro 17, 2009

A Revista de Vinhos já tem uma versão online

A Revista de Vinhos já tem uma versão online disponível em www.revistadevinhos.iol.pt. O site tem como objectivo ser a extensão online da mais antiga e prestigiada publicação portuguesa, líder destacada no mercado das revistas sobre vinhos e gastronomia, que este ano comemora 20 de existência.

Orientado pelos mesmos princípios de rigor, isenção e independência que são reconhecidos à “Revista de Vinhos” pelo público e profissionais do sector, o site é uma aposta inovadora dirigida aos consumidores, com o objectivo de orientá-los nas suas escolhas e ajudá-los na sua degustação.

Entre as principais novidades destacam-se os milhares de vinhos provados, comentados e classificados, que vão estar disponíveis numa base de dados de fácil consulta, que permite aceder há distância de um click à opinião da RV sobre cada vinho encontrado no supermercado, garrafeira ou restaurante.

O site vai ainda ser dinamizado com notícias diárias do mundo dos vinhos e gastronomia. A interactividade será também uma imagem de marca do site da RV que terá um fórum de opinião. Neste espaço será possível a troca de opiniões e informações entre os consumidores, produtores, agentes do mercado, críticos e jornalistas. A criação e a produção do site está sob a responsabilidade da IOL e os conteúdos serão feitos pela redacção da Revista de Vinhos.

Para o Director da Revista de Vinhos, Luís Ramos Lopes, “a Revista de Vinhos é, fundamentalmente, uma revista para os consumidores e apreciadores de vinho de qualidade. O site agora inaugurado permite-nos estar ainda mais próximo dos nossos leitores e responder de forma mais imediata às suas necessidades.”

“O site funciona como uma fonte de informação directa e actualizada sobre o mundo do vinho e complementa a informação bastante mais aprofundada que é oferecida pela edição em papel da Revista de Vinhos. Por outro lado, irá funcionar como uma ferramenta indispensável à promoção e divulgação dos nossos eventos, como o Encontro com o Vinho, Gosto de Lisboa e outras iniciativas”, referiu ainda Luís Ramos Lopes sobre as potencialidades do site da RV.

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Câmara Cascudo vira rótulo de vinho português.

No dia em que completaria 110 anos, Luís da Câmara Cascudo recebeu um presente digno de sua história e contribuição à cultura brasileira. Na noite da última terça-feira, 30 de dezembro, o folclorista foi homenageado ao dar nome a uma edição limitada de vinhos portugueses da Quinta do Portal. O vinho Câmara Cascudo Grande Reserva 2001 foi lançado no Olimpo Recepções numa noite repleta de homenagens à cultura potiguar.
''Não poderia estar mais feliz nesta noite, cercada de amigos. Meu pai recebeu belas homenagens neste ano e esta, em particular, é muito especial. Esse vinho é como Câmara Cascudo: encorpado e feliz'', resume a acadêmica Ana Maria Cascudo Barreto, filha do homenageado.
Responsável pela escolha do vinho que recebeu o nome de Câmara Cascudo, o professor do curso de medicina e amante do vinho, Elmano Marques, afirmou que o Câmara Cascudo Grande Reserva 2001 terá apenas 2.000 garrafas a serem comercializadas. Ele contou ainda com se deu o processo de escolha da safra. ''Foi com grande honra e alegria que recebi o convite por parte de Shirley (Bilro) para participar desta escolha. Ela me confidenciou que havia feito contato com a Quinta do Portal para que se fizesse uma degustação e escolha do vinho que receberia o rótulo de Câmara Cascudo. Na minha ida a Portugal, fiz uma degustação vertical para escolher o Grande Reserva 2001'', explicou Marques.
Sobre o vinho escolhido, o enólogo afirma que este tem as características das cartas do Douro, produzidos pela Quinta do Portal. ''Em razão disso, ele apresenta características muitos próprias. São vinhos encorpados, frutados e que harmonizam muito bem a fruta e a madeira. São vinhos que vêm para marcar em definitivo sua presença. O Câmara Cascudo Grande Reserva é sem sombra de dúvidas uma justa homenagem para quem é um maior historiador e folclorista do Brasil'', completa.
A idéia de fazer a homenagem a Câmara Cascudo em um rótulo de um vinho de qualidade surgiu da empresária Shirley Bilro, da Garrafeira Lusa. ''É um sonho realizado. Falar de Câmara Cascudo é falar de cultura. E eu não poderia buscar um outro vinho que não fosse do Douro, que é uma terra plena de história e sofrimento, onde o povo português aprendeu a fazer, de pedras, o líquido precioso que nós sovemos nossos grandes momentos. Fazer um produto a altura de Câmara Cascudo é uma grande responsabilidade. Este é um trabalho muito carinhoso'', disse a empresária.

Bebida é envelhecida por 14 meses

O Câmara Cascudo Grande Reserva 2001 foi envelhecido durante 14 meses em barricas novas de carvalho francês (50%) e russo (50%). De um rubi profundo e intenso, pode-se encontrar no nariz frutos vermelhos bem maduros, maçã assada e ameixa preta.
A caricatura ilustrada no rótulo traz uma história singular. Albano Neves de Souza, escritor e artista plástico angolano, ao enviar cartas da África ao amigo Cascudo, nunca escrevia o endereço do destinatário, mas desenhava apenas caricatura e o nome ''Câmara Cascudo, Brasil''. Com isso, a carta sempre chegava ao endereço correto: Avenida Junqueiras Aires, 377, Natal RN - Brasil, residência do folclorista. ''Quando vi a caricatura numa carta e soube da história, não tinha como escolher outra ilustração'', ressalta Shirley Bilro.
O vinho Câmara Cascudo é o primeiro rótulo do projeto ''Vinho e Cultura Literária'' da Garrafeira Lusa, que ainda vai homenagear outras personalidades da cultura brasileira. A garrafa do Câmara Cascudo Grande Reserva 2001 é enumerada e custa R$ 140.
A Quinta do Portal é uma casa portuguesa, familiar e independente que abraçou o conceito de ''Boutique Winery'', dedicando-se à produção de vinhos DOC Douro, Vinhos do Porto de categorias especiais e Moscatel.

(Diário de Natal, 02.01.2009)

Branco que te quero Branco

Acabo de chegar da França, onde passei uma semana com amigos em uma bela casa na pequena cidade de Riquewihr, pitoresca vila com muralhas, ruas de pedras e adegas antigas, no coração da Alsácia. Foram sete dias imersos nos vinhos brancos. Nada de chardonnay ou sauvignon blanc, apenas brancos de uvas locais, cada um com seu estilo próprio e único. Uma viagem para os sentidos.

A região vinícola da Alsácia situa-se no nordeste da França, a oeste das Montanhas de Vosges e ao leste do rio Reno, na divisa com a Alemanha. A região foi palco de constantes disputas territoriais entre França e Alemanha, tendo mudado de nacionalidade por cinco vezes até o fim da segunda guerra mundial, quando definitivamente passou a ser francesa. Até hoje sentimos a forte predominância da cultura e da arquitetura germânicas.

A Rota dos Vinhos começa na cidade de Thann, ao sul, e percorre 170km até a cidade de Wissembourg, ao norte: é um caminho coberto por belíssimas paisagens de vinhedos e por pequenas cidades, com casinhas que parecem de boneca, com flores coloridas nas janelas.

Tradicionalmente, a Alsácia produz vinhos brancos ( 85%), espumantes (10%) e tintos e rosés (5%), mas são os brancos os seus grandes protagonistas, considerados por muitos entre os melhores vinhos brancos do mundo. Ao contrário da maioria das demais regiões da França, a Alsácia rotula seus vinhos com o nome da uva, como no Novo Mundo, e usa a tradicional garrafa comprida “flûte” exigida por lei.

São cultivadas nove variedades viníferas na região, cada uma produzindo um vinho varietal específico e único, mostrando as características dos terrenos desta região. As quatro principais são: Riesling (23% da área cultivada), vinhos encorpados com aromas sutis de frutos e flores e notas minerais, um dos meus preferidos; Pinot Blanc (21%), vinhos com frutado discreto e médio corpo; Gewürztraminer (16%), vinho mais célebre da Alsácia, de reflexos dourados, muito aromático, lembrando frutos, flores e especiarias e Pinot Gris (12 % da área cultivada), vinho dourado, de aromas complexos e finos, às vezes com notas defumadas. Encorpado e longevo. As demais são: Silvaner, vinho leve e refrescante, com aromas frutados agradáveis e discretos; Pinot Noir, única uva tinta da Alsácia, dá origem a vinhos tintos leves e rosés. Também é utilizada na elaboração dos espumantes. Muscat, vinho seco de frutado característico; Auxerrois e Chasselas, muito usadas na mistura com a Pinot Blanc, fornece aromas frutados e cítricos e acidez.

Todos os vinhos da Alsácia se beneficiam de uma das três “AOCs” – Appelation d”Origine Controlées- podendo ser: AOC ALSACE – menciona no rótulo o nome da uva e a sua procedência. Quando essa menção não figurar, isto significa que o vinho é proveniente de uma mistura de uvas e pode se chamar “Edelzqwicker”. Existe um vinho chamado “Gentil”, que é de uma antiga tradição na Alsácia que mistura as cinco uvas mais nobres da região. É elaborado por poucos produtores; Já a AOC ALSACE GRAND CRU está reservada a quatro uvas: Gewürztraminer, Riesling, Pinot Gris e Muscat e menciona obrigatoriamente o nome de um dos cinqüenta lugares classificados como “Grand Crus”. O AOC CRÉMANT D’ALSACE (vinhos espumantes), obtidos pelo método tradicional, podendo ser brancos ou rosés. São de ótima qualidade e preços convidativos.

Quando o vinho é feito com uvas muito maduras, colhidas tardiamente, são denominados “Vendange Tardive”, são normalmente mais doces e possuem uma grande concentração. E quando estas uvas supermaduras são atingidas pelo fungo “Botrytis Cinera”, o vinho produzido é denominado “Sélection de Grains Nobles”, vinho doce raro e de excepcional qualidade, parceiro ideal para o “foie gras”.

Os principais produtores da Alsácia estão hoje representados no Brasil, dentre vários vinhos, de preços variados, gosto muito dos seguintes: Hugel Riesling 2007 e Hugel Gewurztraminer Selection de Grains Nobles 1988 – Hugel & Fils ( World Wine Importadora), Tokay Pinot Gris Reserve 2004, Riesling Schoenenbourg de Riquewihr Grand Cru 2003 e Crémant d’Alsace Chardonnay Brut 2004 - Dopff au Moulin, Riesling Altenberg de Bergheim Grand Cru 1999 - Domaine Marcel Deiss ( Mistral Importadora), Riesling Grand Cru Schlossberg 2004 – Domaine Paul Blanck ( Decanter Importadora), Gewurztraminer Wintzenhein 2005 - Domaine Zind-Humbretch (Expand Importadora), Riesling 2005 – André Kientzler (Grand Cru Importadora).

Sua genética pode determinar os vinhos que você prefere

Sua estrutura genética pode determinar os vinhos que você gosta de degustar e "cheirar". Algumas pessoas possuem uma genética que lhes permitem gostar de todos tipos de vinho. Esses "sortudos" são chamados de "superdegustadores".

Nos últimos anos, um grande número de tradicionais analistas da indústria vinifera, muitos deles da Inglaterra, tem assinalado aquilo que acreditam ser uma grande falácia no esquema rígido de analisar um vinho através de sua pontuação numérica. A crítica deles é que um pequeno número de avaliadores americanos parecem ser "encantados" por um estilo de vinho que os críticos veem como esteticamente contrário ao que eles entendem que deva ser um "grand vin".

Clive Coates, conhecido autor francês sobre vinhos, recentemente desdenhou dos críticos americanos que gostavam particularmente de um controvertido vinho tinto de Bordeaux dizendo que: "qualquer um que goste daquele vinho, deve fazer um transplante de cérebro". É como se os britânicos vissem os americanos como geneticamente diferentes no que se refere à degustação de vinhos tal como ela é concebida (pelos europeus).
Fonte: Meu Vinho

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

Decantar ou não decantar ? eis a questão

Em sua edição de dezembro de 1997, a revista inglesa Decanter publicou o resultado de um teste que visava esclarecer uma das maiores dúvidas do consumidor de vinho: qual é a melhor maneira de servir um Bordeaux? Ele deve ser decantado? Em caso positivo, quanto tempo antes de servir? Ou seria suficiente apenas retirar a rolha e deixá-lo respirar na própria garrafa?

Para tentar responder a essas perguntas foram convocados seis craques em degustação: os jornalistas e escritores Hugh Johnson e Steven Spurrier; a responsável pelo setor de vinhos da Sotheby’s, Serena Sutcliffe; Patrick Léon, diretor da casa Baron Philippe de Rothschild S/A, que forneceu os vinhos; e os sommeliers Nick Tarayun e Gérard Basset (este francês naturalizado inglês foi o segundo colocado no Concurso Mundial, realizado no Rio de Janeiro, em 1992).

Quatro vinhos – que relacionamos abaixo – foram servidos em seis diferentes situações cada um:

1. decantado imediatamente antes de servir
2. decantado duas horas antes
3. decantado cinco horas antes
4. aberto e servido imediatamente
5. deixado a respirar na garrafa por duas horas
6. deixado a respirar na garrafa por cinco horas

Cada vinho foi servido às cegas: o degustador sabia o nome do vinho, mas não em qual das seis situações estava sendo apresentado.
Por falta de espaço, não podemos apresentar todos os comentários dos participantes, mas houve muito mais divergências do que concordâncias. De qualquer forma, o veredicto final – que serve para orientar (será?) o leitor, foi o seguinte:

Château Mouton-Cadet 1990 – melhor resultado: abrir a garrafa duas horas antes de servir, mas não decantar. Evitar: decantar e servir imediatamente. Foi a unanimidade do painel;
Château d’Armaillhac 1989 – melhor servido imediatamente, sem decantar. Pior resultado: decantado duas ou cinco horas antes;
Château Clerc-Milon 1982 – melhor abrir e servir imediatamente, sem decantar ou mesmo respirar;
Château Mouton-Rothschild 1961 – melhor resultado: decantado duas horas antes de servir. Menos apreciado quando decantado e servido imediatamente.

Algumas conclusões do grupo, analisadas todas as circunstâncias: os vinhos decantados e servidos em seguida foram os que se saíram menos bem; o que foi aberto e servido imediatamente, sem decantar, foi o que se saiu melhor; quase não houve vantagens em abrir a garrafa cinco horas antes de servir. Pareceu claro também que, os melhores e mais importantes vinhos respondem melhor ao procedimento mais tradicional: decantar duas horas antes de servir. Mas como regra geral, no caso desta prova, o melhor resultado foi abrir e servir imediatamente, sem decantar.

No total, o resultado foi desconcertante para todos os degustadores, o que só veio confirmar que a questão é altamente controvertida. A tal ponto que, terminada a degustação, o experiente Hugh Johnson declarou: “Fui reprovado.” Serena Sutcliffe nâo ficou atrás: “Foi uma loucura!" E a editora da revista, Sarah Kemp”, brincou: “Se não fosse pelo Mouton-Rothschild 61, teríamos que mudar o nome da revista: de “Decanter” para “Sirva Agora”!

Fonte: Célio Alzer