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segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Branco que te quero Branco

Acabo de chegar da França, onde passei uma semana com amigos em uma bela casa na pequena cidade de Riquewihr, pitoresca vila com muralhas, ruas de pedras e adegas antigas, no coração da Alsácia. Foram sete dias imersos nos vinhos brancos. Nada de chardonnay ou sauvignon blanc, apenas brancos de uvas locais, cada um com seu estilo próprio e único. Uma viagem para os sentidos.

A região vinícola da Alsácia situa-se no nordeste da França, a oeste das Montanhas de Vosges e ao leste do rio Reno, na divisa com a Alemanha. A região foi palco de constantes disputas territoriais entre França e Alemanha, tendo mudado de nacionalidade por cinco vezes até o fim da segunda guerra mundial, quando definitivamente passou a ser francesa. Até hoje sentimos a forte predominância da cultura e da arquitetura germânicas.

A Rota dos Vinhos começa na cidade de Thann, ao sul, e percorre 170km até a cidade de Wissembourg, ao norte: é um caminho coberto por belíssimas paisagens de vinhedos e por pequenas cidades, com casinhas que parecem de boneca, com flores coloridas nas janelas.

Tradicionalmente, a Alsácia produz vinhos brancos ( 85%), espumantes (10%) e tintos e rosés (5%), mas são os brancos os seus grandes protagonistas, considerados por muitos entre os melhores vinhos brancos do mundo. Ao contrário da maioria das demais regiões da França, a Alsácia rotula seus vinhos com o nome da uva, como no Novo Mundo, e usa a tradicional garrafa comprida “flûte” exigida por lei.

São cultivadas nove variedades viníferas na região, cada uma produzindo um vinho varietal específico e único, mostrando as características dos terrenos desta região. As quatro principais são: Riesling (23% da área cultivada), vinhos encorpados com aromas sutis de frutos e flores e notas minerais, um dos meus preferidos; Pinot Blanc (21%), vinhos com frutado discreto e médio corpo; Gewürztraminer (16%), vinho mais célebre da Alsácia, de reflexos dourados, muito aromático, lembrando frutos, flores e especiarias e Pinot Gris (12 % da área cultivada), vinho dourado, de aromas complexos e finos, às vezes com notas defumadas. Encorpado e longevo. As demais são: Silvaner, vinho leve e refrescante, com aromas frutados agradáveis e discretos; Pinot Noir, única uva tinta da Alsácia, dá origem a vinhos tintos leves e rosés. Também é utilizada na elaboração dos espumantes. Muscat, vinho seco de frutado característico; Auxerrois e Chasselas, muito usadas na mistura com a Pinot Blanc, fornece aromas frutados e cítricos e acidez.

Todos os vinhos da Alsácia se beneficiam de uma das três “AOCs” – Appelation d”Origine Controlées- podendo ser: AOC ALSACE – menciona no rótulo o nome da uva e a sua procedência. Quando essa menção não figurar, isto significa que o vinho é proveniente de uma mistura de uvas e pode se chamar “Edelzqwicker”. Existe um vinho chamado “Gentil”, que é de uma antiga tradição na Alsácia que mistura as cinco uvas mais nobres da região. É elaborado por poucos produtores; Já a AOC ALSACE GRAND CRU está reservada a quatro uvas: Gewürztraminer, Riesling, Pinot Gris e Muscat e menciona obrigatoriamente o nome de um dos cinqüenta lugares classificados como “Grand Crus”. O AOC CRÉMANT D’ALSACE (vinhos espumantes), obtidos pelo método tradicional, podendo ser brancos ou rosés. São de ótima qualidade e preços convidativos.

Quando o vinho é feito com uvas muito maduras, colhidas tardiamente, são denominados “Vendange Tardive”, são normalmente mais doces e possuem uma grande concentração. E quando estas uvas supermaduras são atingidas pelo fungo “Botrytis Cinera”, o vinho produzido é denominado “Sélection de Grains Nobles”, vinho doce raro e de excepcional qualidade, parceiro ideal para o “foie gras”.

Os principais produtores da Alsácia estão hoje representados no Brasil, dentre vários vinhos, de preços variados, gosto muito dos seguintes: Hugel Riesling 2007 e Hugel Gewurztraminer Selection de Grains Nobles 1988 – Hugel & Fils ( World Wine Importadora), Tokay Pinot Gris Reserve 2004, Riesling Schoenenbourg de Riquewihr Grand Cru 2003 e Crémant d’Alsace Chardonnay Brut 2004 - Dopff au Moulin, Riesling Altenberg de Bergheim Grand Cru 1999 - Domaine Marcel Deiss ( Mistral Importadora), Riesling Grand Cru Schlossberg 2004 – Domaine Paul Blanck ( Decanter Importadora), Gewurztraminer Wintzenhein 2005 - Domaine Zind-Humbretch (Expand Importadora), Riesling 2005 – André Kientzler (Grand Cru Importadora).

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