Acabo de chegar da França, onde passei uma semana com amigos em uma bela casa na pequena cidade de Riquewihr, pitoresca vila com muralhas, ruas de pedras e adegas antigas, no coração da Alsácia. Foram sete dias imersos nos vinhos brancos. Nada de chardonnay ou sauvignon blanc, apenas brancos de uvas locais, cada um com seu estilo próprio e único. Uma viagem para os sentidos.
A região vinícola da Alsácia situa-se no nordeste da França, a oeste das Montanhas de Vosges e ao leste do rio Reno, na divisa com a Alemanha. A região foi palco de constantes disputas territoriais entre França e Alemanha, tendo mudado de nacionalidade por cinco vezes até o fim da segunda guerra mundial, quando definitivamente passou a ser francesa. Até hoje sentimos a forte predominância da cultura e da arquitetura germânicas.
A Rota dos Vinhos começa na cidade de Thann, ao sul, e percorre 170km até a cidade de Wissembourg, ao norte: é um caminho coberto por belíssimas paisagens de vinhedos e por pequenas cidades, com casinhas que parecem de boneca, com flores coloridas nas janelas.
Tradicionalmente, a Alsácia produz vinhos brancos ( 85%), espumantes (10%) e tintos e rosés (5%), mas são os brancos os seus grandes protagonistas, considerados por muitos entre os melhores vinhos brancos do mundo. Ao contrário da maioria das demais regiões da França, a Alsácia rotula seus vinhos com o nome da uva, como no Novo Mundo, e usa a tradicional garrafa comprida “flûte” exigida por lei.
São cultivadas nove variedades viníferas na região, cada uma produzindo um vinho varietal específico e único, mostrando as características dos terrenos desta região. As quatro principais são: Riesling (23% da área cultivada), vinhos encorpados com aromas sutis de frutos e flores e notas minerais, um dos meus preferidos; Pinot Blanc (21%), vinhos com frutado discreto e médio corpo; Gewürztraminer (16%), vinho mais célebre da Alsácia, de reflexos dourados, muito aromático, lembrando frutos, flores e especiarias e Pinot Gris (12 % da área cultivada), vinho dourado, de aromas complexos e finos, às vezes com notas defumadas. Encorpado e longevo. As demais são: Silvaner, vinho leve e refrescante, com aromas frutados agradáveis e discretos; Pinot Noir, única uva tinta da Alsácia, dá origem a vinhos tintos leves e rosés. Também é utilizada na elaboração dos espumantes. Muscat, vinho seco de frutado característico; Auxerrois e Chasselas, muito usadas na mistura com a Pinot Blanc, fornece aromas frutados e cítricos e acidez.
Todos os vinhos da Alsácia se beneficiam de uma das três “AOCs” – Appelation d”Origine Controlées- podendo ser: AOC ALSACE – menciona no rótulo o nome da uva e a sua procedência. Quando essa menção não figurar, isto significa que o vinho é proveniente de uma mistura de uvas e pode se chamar “Edelzqwicker”. Existe um vinho chamado “Gentil”, que é de uma antiga tradição na Alsácia que mistura as cinco uvas mais nobres da região. É elaborado por poucos produtores; Já a AOC ALSACE GRAND CRU está reservada a quatro uvas: Gewürztraminer, Riesling, Pinot Gris e Muscat e menciona obrigatoriamente o nome de um dos cinqüenta lugares classificados como “Grand Crus”. O AOC CRÉMANT D’ALSACE (vinhos espumantes), obtidos pelo método tradicional, podendo ser brancos ou rosés. São de ótima qualidade e preços convidativos.
Quando o vinho é feito com uvas muito maduras, colhidas tardiamente, são denominados “Vendange Tardive”, são normalmente mais doces e possuem uma grande concentração. E quando estas uvas supermaduras são atingidas pelo fungo “Botrytis Cinera”, o vinho produzido é denominado “Sélection de Grains Nobles”, vinho doce raro e de excepcional qualidade, parceiro ideal para o “foie gras”.
Os principais produtores da Alsácia estão hoje representados no Brasil, dentre vários vinhos, de preços variados, gosto muito dos seguintes: Hugel Riesling 2007 e Hugel Gewurztraminer Selection de Grains Nobles 1988 – Hugel & Fils ( World Wine Importadora), Tokay Pinot Gris Reserve 2004, Riesling Schoenenbourg de Riquewihr Grand Cru 2003 e Crémant d’Alsace Chardonnay Brut 2004 - Dopff au Moulin, Riesling Altenberg de Bergheim Grand Cru 1999 - Domaine Marcel Deiss ( Mistral Importadora), Riesling Grand Cru Schlossberg 2004 – Domaine Paul Blanck ( Decanter Importadora), Gewurztraminer Wintzenhein 2005 - Domaine Zind-Humbretch (Expand Importadora), Riesling 2005 – André Kientzler (Grand Cru Importadora).
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