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domingo, dezembro 26, 2010

Como combater a ressaca

Não deveria acontecer, mas acontece – é uma daquelas transgressões cheias de culpa. Às vezes, o dia seguinte é trágico. Lógico que o bom bebedor, o apreciador de vinhos, raramente tem ressaca. Mas acontece, algumas vezes fruto da empolgação de certas comemorações. Segundo pesquisa encomendada pelo site do canal Discovery Health, nos Estados Unidos, 75% de quem toma álcool já experimentou a ressaca pelo menos uma vez na vida e 15% deles a enfrentam pelo menos uma vez por mês – o que, convenhamos, é bastante.

Hangover, como a chamam os ingleses. Ressaca (quando o mar tempestuoso invade a praia e revira a costa), como é conhecida no Brasil. Avoir la guele de bois, como a descrevem os franceses, algo como ficar com a goela de madeira. É o mesmo que veisalgia, nome clínico da síndrome que ataca quem perde a temperança e, em termos populares, chuta o balde.

O dia seguinte frequentemente traz os mais diversos problemas, como alguma depressão, queda de humor, perda de apetite, ansiedade, dificuldade para dormir e sensação de fraqueza, que pode ser agravada por tremores nas mãos. Dor de cabeça, nem se fala, é o pior dos sintomas, ao lado de náuseas, sensibilidade à luz e sons altos, eventual diarreia, aumento dos batimentos cardíacos e da pressão sanguínea, além de desidratação. Nem todos estamos igualmente sujeitos aos efeitos tóxicos do álcool. A presença de gordura corporal, por exemplo, ajuda a dissipar o etanol, absorvendo apenas parte dele.

Alguns dos tratamentos populares podem piorar a situação, como tomar analgésico à base de ácido acetilsalicílico, que irrita ainda mais a parede do estômago e pode precipitar problemas gástricos. Ressaca não tem tratamento: é uma intoxicação alimentar e vai acabar por ser vencida pelo próprio organismo, que se encarrega de eliminar as toxinas e purificar o sangue. O corpo processa, a grosso modo, cerca de 15 ml de álcool puro por hora. Isso significa que você vai precisar de uma hora de abstinência para cada taça de vinho de cerca de 100 ml que tomar, para eliminar qualquer vestígio do álcool no organismo.

Bem, se a comemoração o levar ao excesso, nem tudo está perdido. Algumas coisas podem ser feitas. A principal é aplicar o bom senso: jamais dirigir, aborrecer-se ou tomar decisões sob o efeito da bebida. O álcool ataca primeiro o córtex cerebral, afetando a percepção, o julgamento e a verbalização.

O velho truque de tomar uma gotinha de álcool pela manhã pode de fato aliviar alguns dos sintomas (hotéis em regiões vinícolas oferecem vinho espumante no café da manhã e muito cervejeiros tomam um pouquinho de cerveja misturada com soda limonada ou suco), mas inflinge uma pesada cota extra de sofrimento ao seu organismo – que vai se manifestar em algum ponto do futuro, com as consequências previsíveis, além de induzir ao alcoolismo.

Veja, a seguir, algumas medidas práticas que podem ser úteis:

SÓ PIORA


- Beber de estômago vazio
- Dançar ou praticar exercícios enquanto bebe (acelera o processo)
- Beber e tomar qualquer medicação
- Beber se estiver fazendo dieta restritiva de calorias (para emagrecimento)
- Pouco sono antes ou depois
- Fumar (mesmo charuto)
- Misturar bebidas (o álcool é sempre o etílico, etanol, mas há outros componentes que podem agravar a intoxicação)
- Comer comidas pesadas que exijam mais do fígado
- Tomar leite, comer manteiga ou queijos cremosos

AJUDA

- Beber bons vinhos, com sobriedade
- Comer antes, durante e depois da ingestão de bebida
- Ingerir alimentos de fácil digestão, com carboidratos refinados e gordura vegetal
- Beber água abundantemente, antes, durante e depois
- Decantar o vinho (ajuda a evanescer os sulfitos)
- Comer doces com açúcar ou mel
- Tomar suco de fruta adoçado antes de dormir
- Café preto não adianta nada, apenas mantém o bêbado acordado

O QUE REMEDIA

- Hidratar-se com água, sucos de frutas, refrigerantes, chá
- Café da manhã com frutas ricas em potássio, como banana e kiwi
- Doces com calda ou mel, carboidrato de rápida absorção
- Adotar uma dieta sem gordura animal
- Comer ovos (a proteína cisteína combate o acetaldeído, toxina do álcool)
- Beber energéticos e isotônicos para repor sais minerais
Por Eduardo Viotti

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