Já estamos tão acostumados com os vinhos da África do Sul que nem percebemos o quanto esse país demorou a ter os vinhos reconhecidos mundo afora. Em razão da política racial do Apartheid, somente após 1991 é que o mundo começou a conhecer a produção vinícola sul-africana, que deu os primeiros passos nos anos 1650 pelas mãos de colonizadores holandeses.
A maioria dos produtores de vinhos na África do Sul é composta por cooperativas. A mais importante delas foi estabelecida em 1918, a KWV. Por muito o vinho só poderia ser produzido, comprado ou vendido através da KWV, que ainda detém cerca de ¼ do negócio do vinho no país. Apesar da tradição das cooperativas, os melhores vinhos do país são produzidos por vinícolas particulares.
A legislação que regula o setor é de 1972. Para ser rotulado como varietal, ou seja, levar o nome da uva no rótulo, o vinho deve conter pelo menos 75% daquela variedade. As uvas mais importantes do país são: Chardonnay, Chenin Blanc, Riesling e Sauvignon Blanc (entre as brancas), e Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon e Cinsault (entre as tintas).
Embora sejam produzidos mais vinhos brancos que tintos no país, alguns dos mais respeitados vinhos são feitos com uvas tintas:
- Shiraz – assim chamada também na Austrália, é a mesma Syrah de origem francesa.
- Pinot Noir – que tem crescido em qualidade nos últimos anos, dando vinhos com muita fruta, leves e descontraídos.
- Pinotage – uva símbolo do país, resultado do cruzamento entre as francesas Pinot Noir e Cinsault, produz vinhos agradáveis e de preços acessíveis.
Interessante que no país há tintos que são cortes (assemblage), influenciados pelo estilo francês, especialmente Bordeaux e Rhône. Nessa última região francesa é comum o acréscimo de um pequeno percentual de uvas brancas no corte de um vinho tinto. Não se assuste se encontrar um vinho tinto sul-africano com uma pitada de Viognier, por exemplo.
As regiões produtoras situam-se basicamente no sul e sudoeste do país, em torno da Cidade do Cabo. As principais são Paarl, Stellenbosch, Constantia, Klein Karoo, Walker Bay, Mossel Bay e Franschhoek Valley. As regiões mais distantes do Oceano Pacífico sofrem ação do calor do deserto, produzindo vinhos mais “pesados” e rústicos, enquanto nas regiões litorâneas o calor é amenizado pelas brisas oceânicas, resultando nos vinhos mais importantes do país.Tim-tim!
Érika Mesquita - Correio de Uberlândia
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