Uma pergunta que frequentemente me fazem por e-mail ou mesmo pessoalmente é a respeito do tempo de guarda de um vinho, ou se é melhor beber agora ou guardar aquela garrafa que está na adega.
A resposta é simples: depende do vinho. Isso porque aquela regra antiga de que o vinho sempre melhora com o passar do tempo nem sempre é verdadeira, porque é aplicável apenas aos chamados “vinhos de guarda”.
Esses vinhos são aqueles elaborados com matéria prima de excelente qualidade, com uvas de maturação ideal que permitirão ao vinho envelhecer bem. Para isso é importante que um vinho tinto, por exemplo, tenha uma boa estrutura de taninos, acidez e álcool. Esses elementos com o passar do tempo podem se equilibrar de tal maneira que o vinho melhore efetivamente dentro da garrafa. Mas nem sempre é assim.
Alguns vinhos não possuem essa estrutura porque não é uma característica da uva ou não é o objetivo da vinícola. Um Gamay brasileiro, um Vinho Verde ou um Pinot Noir argentino sem passagem por madeira não devem ser guardados. Os dois primeiros devem ser consumidos na mesma safra ou no máximo em um ano. O segundo já suportará 2 ou 3 anos na garrafa, mas provavelmente não estará melhor ao final desse período do que estava após 1 ano de engarrafamento.
Um Cabernet Sauvignon ou um Tannat são uvas que dão muito corpo aos vinhos, mas algumas vinícolas optam por elaborar produtos fáceis de beber, para serem consumidos jovens. Essa já é uma opção da vinícola e não uma característica natural das variedades.
Podemos entender essa questão da capacidade de guarda imaginando uma curva que simboliza o ciclo de vida do vinho. Após o engarrafamento o vinho tende a evoluir, a equilibrar seus elementos, tanto que algumas vinícolas deixam o vinho repousando nas caves antes de coloca-lo no mercado. Após determinado período ele chega ao ápice de suas características. Depois desse auge ele tende a perder intensidade até tornar-se um produto pouco interessante para o consumidor padrão, porque existem os apaixonados por vinhos antigos que vão gostar de vinhos ditos “evoluídos”.
Infelizmente para nós, consumidores, um indicativo importante é o fator preço. Os vinhos mais baratos são feitos para consumo rápido e os vinhos de guarda normalmente custam mais caro. Embora essa regra não seja exata é uma constatação que podemos fazer com o passar do tempo, com a experiência que vamos adquirindo ao experimentarmos mais e mais vinhos.
Tim-tim!
Érika Mesquita - Correio de Uberlãndia
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