Pesquisar este blog

quinta-feira, novembro 22, 2007

Um vinho e uma história de Amor

Em 2002, Raul e Nilva fariam 50 anos de casados e Raul queria fazer desta data algo realmente especial. Que presente dar a esposa? O que estaria a altura de tantos anos de união?


Surgiu então a idéia de elaborar um vinho, mas não um vinho qualquer. Raul começou então a estruturar o projeto e este "presente" dá origem a uma parceria com a Miolo e a plantação de vinhedos em sua fazenda na região de Campos de Cima da Serra, Rio Grande do Sul.


Assim, em 2002 nasce o RAR, que nada mais é do que a sigla de um dos mais importantes empreendedores brasileiros - Raul Anselmo Randon. Como diz no contra rótulo desta primeira safra (Reserva de Família) " Raul sonhou com uma forma especial de celebrar e dividir com todos um pouco deste segredo: elaborar um vinho que, como o amor verdadeiro fosse profundo, complexo, pussuisse alma e aquecesse o espírito". Sonho realizado!


O RAR é um corte de 60% Cabernet Sauvignon e 40% Merlot. As uvas são colhidas em Campos de Cima da Serra (um das mais frias e mais altas regiões vinícolas do país, com 1.000 metros de altitude) e seguem para a cantina da Miolo, onde o RAR é elaborado e envelhecido em barricas de carvalho por aproximadamente um ano, permanecendo mais um ano nas caves envelhecendo na própria garrafa antes de ir para o mercado.


Na visita a Campos de Cima da Serra tive a oportunidade de conhecer esta bela história e seus personagens e também de desgustar estes vinhos (safras de 2002 a 2005). O RAR é um vinho potente, elegante e equilibrado, com bom potencial de guarda. A safra atualmente no mercado, a de 2004, está elegante e macia, com taninos finos, mas ainda em evolução.


Saúde e Felicitações a todos os envolvidos neste projeto!



Ao centro o casal: Nilva e Raul Randon.

quarta-feira, outubro 17, 2007

A Expressão do Terroir Gaucho

Surpresas e Descobertas

Acabo de voltar do Rio Grande do Sul, depois de uma semana redescobrindo o terroir gaúcho e visitando as principais regiões produtoras da Miolo, em companhia dos consultores de vinhos José Schiffini (do Rio) e Gerson Lopes, (de Belo Horizonte) e do enólogo e principal executivo da Miolo, Adriano Miolo.

Há mais de cinco anos não ia ao Vale dos Vinhedos e voltei de lá tocado pela beleza e pela seriedade do trabalho que está sendo desenvolvido na região, com importantes investimentos na identificação de novos terroirs, na modernização das práticas agrícolas e de cantina e até mesmo na ampliação do enoturismo na região.

Esta foi realmente uma viagem de surpresas, descobertas e muito encanto ....excelentes vinhos (degustamos 71 entre espumantes, brancos, roses e tintos) e maravilhosa receptividade da família Miolo, que segue trabalhando em conjunto (tios, primos, irmãos), já com a quarta geração à frente dos negócios.

Regiões produtoras e seus principais vinhos

Antes de falar sobre cada região produtora e seus vinhos mais expressivos, gostaria de lembrar o que significa a expressão francesa Terroir.

Terroir identifica os quatro elementos fundamentais de um vinho: o solo, o clima, a cepa e a interferência do homem.

E é neste conceito que os principais produtores da região sul vem trabalhando: na busca da melhor expressão de cada cepa, em cada região, realizando as melhores práticas existentes no mercado viti-vinicultor e, assim, fazendo cair por terra o “dito popular” de que no Brasil não há como se fazer bons vinhos tintos. A Miolo está presente nas cinco principais regiões produtoras de vinhos finos do Rio Grande do Sul: Vale dos Vinhedos (tradicional , mas em plena renovação), Campanha (descoberta de um novo e promissor terroir), Campos de Cima da Serra (parceria com Raul Randon na elaboração do vinho RAR) e Serra Gaúcha (uma parceria com a tradicional Lovara).

Vale dos Vinhedos


Aqui começou a história da vinicultura gaúcha e também a história da família Miolo no Brasil, quando em 1897, Giuseppe Miolo, um imigrante italiano, chega à região de Bento Gonçalves e troca suas economias por um lote de terras no Lote 43.

Hoje, no lote 43, está instalada a vinícola Miolo, criada no final da década de 80, após quase 100 anos de tradição familiar no plantio de uvas. São 450 hectares plantados na região (sendo 120 da família e o restante, integrados com 80 produtores de uvas).

Na vinícola, degustamos 44 vinhos de diversas linhas (Seleção, Reserva e Premium) e também vinhos de outros projetos: Vale do São Francisco, no Nordeste brasileiro; vinhos da parceria com a vinícola espanhola Osborne e vinhos da Viasul, parceria com a vinícola chilena Via Wines.

Com relação aos vinhos do Vale dos Vinhedos, degustamos as linhas Seleção (safras de 2003 a 2006) e Reserva (safras de 2002 a 2006). Vale ressaltar o ganho de qualidade e a evolução destes vinhos a cada ano.

Quanto aos vinhos Premium, a degustação também revelou um ganho de qualidade nas safras mais recentes, conseqüência do trabalho e do cuidado com os vinhedos e da modernização na cantina. Gostei muito do Cuvée Giuseppe (um corte de 60% Cabernet Sauvignon e 40% de Merlot); do Merlot Terroir (elaborado com as melhores parcelas de vinhedos Merlot do Vale dos Vinhedos) e como não falar também do emblemático Lote 43, elaborado justamente com as uvas Cabernet e Merlot, cultivadas no Lote 43 e vinificado apenas em anos excepcionais. A safra que está hoje no mercado do Lote 43 é a de 2004, que embora ainda jovem, demonstra um vinho com grande potencial de guarda e evolução. E a safra 2005, que ainda está envelhecendo na vinícola, também promete.

Região da Campanha

A Campanha foi a grande surpresa desta viagem. Distante 500 quilômetros do Vale dos Vinhedos, quase na fronteira com o Uruguai, está a Estância Fortaleza do Seival, um dos mais arrojados projetos vinícolas atuais, e que já está produzindo vinhos muito interessantes, como o Quinta do Seival e o Fortaleza do Seival.

O projeto foi iniciado há seis anos e tem previsão de implantação de 400 hectares de vinhedos até 2012. No meio dos vinhedos, segue, em fase final de construção, a mais nova vinícola da Miolo, com investimentos estimados em R$ 15 milhões, e que vinificará toda a produção da Estância.

Degustamos 12 vinhos das linhas Fortaleza e Quinta do Seival. Destaco da linha Fortaleza do Seival o Pinot Grigio 2007, cítrico e fresco, com boa boca e acidez viva e o Pinot Noir, elegante e expressivo, com uma fruta bem fresca e taninos macios, estilo novo mundo. Vinhos com excelente relação custo benefício.

Da linha Quinta do Seival, provamos o Cabernet Sauvignon (safras de 2004 a 2006), que se mostrou surpreendente. Podemos até arriscar a dizer que este talvez seja o melhor Cabernet Sauvignon da Miolo. È um Cabernet elegante, sem aromas herbáceos e madeira bem equilibrada.

Degustamos também o Quinta do Seival Castas Portuguesas (safras de 2003 a 2006). Este é o primeiro vinho brasileiro feito com estas uvas (Touriga Nacional, Alfrocheiro e Tinta Roriz). Estes vinhos passam um ano em barricas francesas e um ano envelhecendo na garrafa, antes de irem para o mercado. Os vinhedos já estão com seis anos e os vinhos tendem a melhorar a cada ano. A safra 2004 é a que está no mercado, a 2005 está envelhecendo na garrafa (ainda nas caves da vinícola) e a 2006 ainda está na barrica. Está última safra é a mais estruturada delas e chega ao mercado em 2009.

Campos de Cima da Serra

Esta é mais uma região que surpreende. É uma das mais frias e mais altas (1.000 metros de altitude) regiões vinícolas do Rio Grande do Sul. A aliança da Miolo com o famoso (e um dos maiores empresários gaúchos) Raul Anselmo Randon resultou na produção do vinho RAR.





O RAR é um vinho Premium com um corte de Cabernet Sauvignon e Merlot, provenientes dos vinhedos do empresário, sob a supervisão da Miolo, que também faz a vinificação. Degustamos as safras de 2002 a 2005. Vinhos potentes, elegantes e equilibrados, com bom potencial de guarda. A safra atualmente no mercado, a de 2004, está elegante e macia, com taninos finos, mas ainda em evolução.



Outra grande surpresa foi o encontro com o próprio Raul Randon, que nos recebeu em sua fazenda para a degustação do RAR e do seu famoso Grand Formaggio (queijo tipo Grana Padano), que não deve nada a nenhum similar italiano.

Serra Gaucha

A Serra Gaúcha está localizada na região da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul, sendo uma área de pequenas propriedades agrícolas, de em média dois hectares cada. A Lovara é mais uma parceira da Miolo na produção de vinhos Premium, buscando a tipicidade de cada terroir.

A Lovara (da família Benedetti Tecchio) produz vinhos desde 1967, sendo uma das vinícolas mais antigas do Brasil. A vinícola vem se dedicando a produzir vinhos varietais (isto é, com a predominância de uma única casta) e sem passagem em madeira, conferindo aos vinhos um frescor quando jovem e mantendo a tipicidade da uva. Nesta linha de trabalho, destacam-se o Riesling Itálico, o Merlot e o Cabernet Sauvignon.

Como novidade acaba de chegar ao mercado o Grand Lovara 2005, produzido a partir de um corte de Merlot (60%), Cabernet Sauvignon (25%) e Tannat (15%). Vinho de coloração intensa (com forte presença de aromas frutados) e um leve toque de carvalho, uma vez que passou 12 meses estagiando em barricas de carvalho francês e americano. É um vinho bem estruturado, com grande volume de boca, com taninos jovens, mas elegantes, que indicam uma boa evolução na garrafa.

Na próxima semana, continuamos falando do Sul.

Até lá!

quinta-feira, setembro 27, 2007

Genoma da Pinot Noir decifrado

Franceses e italianos decifram o DNA da variedade Pinot Noir.

Um consórcio de cientistas da França e da Itália divulgou recentemente o rascunho do genoma da videira, mais especificamente da Vitis vinifera, espécie que produz as variedades de uvas usadas na fabricação de vinho fino em todo o mundo.

O trabalho, que estima em cerca de 30 400 o número de genes da planta, foi publicado na edição online da revista científica britânica Nature, uma das mais renomadas no meio acadêmico. A videira é a primeira planta que produz frutos – e a quarta das que dão flores – a ter seu genoma seqüenciado.

Os pesquisadores seqüenciaram o DNA de uma linhagem de plantas derivadas da Pinot Noir, a caprichosa cepa tinta da Borgonha. Eles constataram que o genoma da videira, composto de cerca de 490 milhões de pares de bases (as “letras químicas" do DNA), apresenta o dobro de enzimas associadas à produção de aromas e óleos do que encontrado no DNA de outras plantas já seqüenciadas, como o arroz, o álamo (choupo) e a Arabidopsis thaliana, planta modelo da biologia. Isso quer dizer que talvez seja possível associar a diversidade de sabores e aromas do vinho a elementos presentes no próprio genoma do vegetal.

Os cientistas constataram que o genoma da videira apresenta várias repetições de genes envolvidos no metabolismo de taninos e terpenos, que contribuem para as características aromáticas dos vinhos. Também viram que o genoma da espécie contém amplificações da família de genes ligados à produção do resveratrol, composto químico presente no vinho, sobretudo no tinto, que parece ser benéfico ao coração.

O genoma da videira foi escolhido para ser seqüenciado devido à importância que a planta ocupa como herança cultural da humanidade, desde o período Neolítico. Os resultados do trabalho – coordenado por Patrick Wincker, geneticista da Genoscope, o centro francês de seqüenciamento genético em Evry, nos arredores de Paris - podem ajudar na criação de plantas mais resistentes a doenças e na compreensão das bases moleculares dos aromas e sabores dos vinhos, entre outras utilidades.

Publicado no Jornal do Vinho
http://www.jornaldovinho.com.br/
Marcos Pivetta

quinta-feira, agosto 30, 2007

MALBEC: Coadjuvante no Sudeste da França, mas estrela na vitivinicultura Argentina

Dando continuidade ao tema das uvas francesas que encontraram o seu lugar ao sol fora da sua terra de origem, vamos falar desta vez da uva Malbec, que vem nos presenteando com vinhos deliciosos produzidos na nossa vizinha Argentina.

Proveniente do Sudeste da França, a Malbec sempre foi utilizada para a elaboração de vinhos para corte, em Cahors e Bordeaux. Com muita cor e taninos, era utilizada para dar corpo e cor aos vinhos de Bordeaux, em safras que as tradicionais Cabernet Sauvignon, Merlot e Cabernet Franc não tinham boa estrutura. Lá, nunca produziu vinhos elegantes, e sim vinhos pesados e tânicos.

Levada para a Argentina durante o século XIX e instalada na província de Mendoza, parece ter encontrado o seu lugar no mundo. Abundância de sol e grande amplitude térmica (variação de temperatura da noite para o dia ), solos profundos, permeáveis e pobres de material orgânico, aliados a irrigação através da água de degelo da cordilheira dos Andes, favoreceram um bom amadurecimento e concentração de aromas e cor nos grãos, se tornando decisivos para a elaboração de grandes vinhos.

Nos últimos 10 anos, os avanços tecnológicos, os investimentos estrangeiros e a visão de exportação de muitos empresários, têm feito com que os vinhos malbec argentinos sejam reconhecidos internacionalmente e premiados com medalhas em concursos de vinhos importantes.

De cor vermelho púrpura, aromas de violeta, ameixa e toques de chocolate, dando uma sensação doce ao nariz e boca macia, com boa fruta e acidez, os vinhos Malbec vêm agradando em cheio.

Prefiro os que não passam muito tempo em madeira, preservando o seu caráter frutado.

Ótima combinação com as carnes grelhadas, principalmente com os churrascos brasileiros.

Dos Malbec varietais, gosto muito dos seguintes: Punto Final Malbec Reserva 2004 – Bodega Renacer (Terramatter Importadora), Norton Malbec Reserva 2003 – Bodega Norton ( Expand Importadora ), Angelica Zapata Malbec 2002 – Catena Zapata ( Mistral Importadora ), Pulenta Estate Malbec 2005 – ( Grand Cru Importadora ), Afincado Malbec 2003 – Terrazas de Los Andes ( Grupo Chandon ), Cobos Malbec 2003 - ( Grand Cru Importadora ).
Como a Malbec se presta muito bem ao corte, isto é, a misturas com outras uvas, principalmente com a cabernet sauvignon e a merlot, temos excelentes blends de Malbec hoje sendo produzidos.

Dos topes de linha, gosto muito dos seguintes: Poesia Malbec / Cabernet Sauvignon 2002 – Bodega Poesia ( World Wine Importadora ), Nicolás Catena Zapata 2003 – Catena Zapata ( Mistral Importadora ), Cheval Des Andes 2002 – Château Cheval Blanc e Terrazas de Los Andes ( Grupo Chandon ), Caro 2003 – Catena Zapata e Château Lafite Rothschild ( Mistral Importadora ), Zeta 2002 – Família Zuccardi ( Expand Importadora ).

Como a Argentina faz parte do Mercosul, privilegiando-a em termos de tarifas de importação, têm chegado muitos vinhos Malbec baratos ao mercado. Tome cuidado com os de preços muito baixos (inferiores a R$ 15,00 / R$ 18,00 ), pois normalmente decepcionam.

Acima disso, vocês vão encontrar belas surpresas. Até a próxima !!!

sexta-feira, agosto 10, 2007

O gosto dos novos ricos por vinhos limpa carteiras assim como palatos

Vinhos Premium cada vez mais inacessíveis.

Os vinhos finos estão se tornando cada vez mais inacessíveis para os colecionadores tradicionais, na medida em que novos compradores, cheios de dinheiro, da Rússia e da China e londrinos ricos, com grandes bônus, pressionam os preços, que atingem altas recordes.

Comerciantes de vinho dizem ter visto a entrada do dinheiro novo em busca dos melhores vinhos, na medida em que o crescimento econômico criou bolsões de riqueza pelo mundo e novas fontes de demanda.

O índice Liv-ex 100, dos 100 melhores vinhos para se investir (sendo 90% da região francesa de Bordeaux), aumentou 42% neste ano. O índice, usado por 155 atacadistas, está em seu mais alto nível desde sua criação, em 2000. O Château Lafite Rothschild 1996 tem sido vendido a 7.000 libras (cerca de R$ 28.600) por caixa, subindo de 4.200 libras (cerca de R$ 16.000) há seis meses; o Château Mouton Rothschild 1998 passou de 1.500 libras (cerca de R$ 5.700) para 2.600 (cerda de R$ 9.930) ; e o Château Latour 2004 subiu de 2.050 (cerca de R$ 7.800) libras para 3.200 (cerca de R$ 12.200).

Stephen Williams, diretor executivo da loja londrina Antique Wine, disse que os conhecedores tradicionais de vinho em geral começam tomando vinhos mais baratos e vão subindo gradualmente, mas "o 'dinheiro novo' quer beber vinho bom desde o início... não quer ir subindo gradualmente, quer subitamente uma adega inteira".

Stephen Browett, diretor de compras da Farr Vintners de Londres, disse que vendeu 17 caixas de Château Lafite 2003 nas duas últimas semanas por 7.000 libras (cerca de R$ 26.700) cada - o dobro do preço de um ano atrás. "E as pessoas ainda estão pedindo", disse ele, acrescentando que o vinho foi vendido, na maior parte, para compradores do Reino Unido e da Ásia.

Williams está programando degustações de vinho no novo Ritz-Carlton em Moscou, aberto há duas semanas. O hotel tem sua própria adega, chamada "Pétrus", nome de um dos principais châteaux, com mais de 800 garrafas, inclusive um Château Pétrus Grand Cru de 1961 por US$ 68.000 (em torno de R$ 136.000).

A debilidade do dólar americano em relação à libra e ao euro provocou uma queda na demanda para bons vinhos por compradores americanos, mas novos clientes vêm surgindo na Europa Oriental, Ásia e América do Sul. Justin Gibbs, diretor do Liv-ex, disse: "Tanto a Rússia quanto a China são fontes de bastante demanda bem no topo". Gibbs acrescentou que os compradores de vinho desses mercados tendem a favorecer os mais caros, os "premiers crus".

Reprodução - Financial Times
Jenny Wiggins (Londres)
Tradução: Deborah Weinberg

quarta-feira, julho 18, 2007

A Miolo e seus novos vinhos Super Premium

A Miolo Wine Group lançou este mês cinco vinhos TOP: Lote 43 2004, Merlot Terroir 2005, RAR 2004, Gran Lovara 2005 e Quinta do Seival Cabernet Sauvignon 2005. Foi o maior lançamento de vinhos Super Premium, realizado até hoje pelo grupo Miolo, que passou a participar deste segmento em 2002, com o lançamento do Lote 43.

Vale destacar também que pela primeira vez os vinhos da Miolo foram avaliados pela equipe de Jancis Robinson, que ao lado de Robert Parker é a mais prestigiada crítica de vinhos em nível mundial, especialmente na Europa. Julia Harding, editora do Atlas Mundial do Vinho, publicado por Jancis e assistente da crítica, provou diversos vinhos brasileiros em degustação realizada em Londres em março por Arthur Azevedo, da ABS-SP, e recentemente divulgou as notas no site www.jancisrobinson.com (acesso restrito a assinantes).

Em notas de 0 a 20, o Miolo Merlot Terroir 2004 (recentemente eleito em degustação da revista Gula como o melhor vinho tinto do Brasil) recebeu a nota 17. Os vinhos Quinta do Seival Castas Portuguesas 2004 e Quinta do Seival Cabernet Sauvignon 2004 ficaram com 16 e o Espumante Brut Miolo, com 15 pontos. Esta avaliação, descrita no site de Jancis Robinson torna-se a primeira grande citação da Miolo no mercado mundial de vinhos.

Falando um poucos dos novos vinhos:

Lote 43: é um vinho muito especial para a Miolo, pois foi o primeiro de uma geração de produtos que se enquadram em uma categoria superior. Foi eleito o terceiro melhor vinho em degustação às cegas promovida em abril pela Revista Gula e tem tido boa aceitação no mercado internacional. É um vinho de corte, produzido a partir de uvas cabernet sauvignon e merlot, cultivadas no vinhedo Leopoldina Lote 43. Esta safra que agora chega ao mercado (a de 2004)passou um ano envelhecendo em barricas de carvalho francesas e americanas e mais dois anos na própria garrafa.

Merlot Terroir 2005: Com uma produção anual pequena com 23 mil garrafas de 750 ml, o Merlot Terroir é considerado o melhor vinho da variedade já produzido pela Miolo. A uva merlot é uma das que melhor se adapta ao Vale dos Vinhedos e já é considerada emblemática na região. Este vinho envelheceu 12 meses em barricas de carvalho e posteriormente um ano na garrafa.

RAR 2004: esta é a sua terceira safra, com 47 mil garrafas de 750 ml e 300 garrafas de seis litros. O RAR é um corte de cabernet sauvignon e merlot, cultivadas nos vinhedos de Raul Randon, localizados na região dos Campos de Cima da Serra, um dos pontos mais elevados do Rio Grande do Sul, com cerca de mil metros. O empresário possui área plantada de 16 hectares. Todo o acompanhamento dos parreirais é feito por técnicos da Miolo. Depois de colhidas, as uvas seguem para a vinícola, no Vale dos Vinhedos, onde o vinho é elaborado e envelhecido em barricas de carvalho por aproximadamente um ano. Logo, é engarrafado e permanece mais um ano envelhecendo na própria garrafa.

Gran Lovara 2005: Produzido na Serra Gaúcha, é um corte de 60% merlot, 25% cabernet sauvignon e 15% tannat. Trata-se de um vinho estruturado e encorpado, passando por envelhecimento em barricas de carvalho francesas e americanas por um período de 10 a 12 meses. Depois de engarrafado, passa por mais um processo de envelhecimento em garrafa, de quatro a seis meses. Com esse lançamento, a Lovara busca resgatar o prestígio obtido com o Gran Lovara 1999, que foi na época eleito o melhor vinho brasileiro. Com sede em Bento Gonçalves, a Lovara participa da Miolo Wine Group desde 2004 e é parceira do grupo desde 1999, a partir da aquisição conjunta da Fazenda Ouro Verde, no Vale do São Francisco (Bahia).

Quinta do Seival Cabernet Sauvignon 2005: - 100% cabernet sauvignon dos vinhedos do projeto Fortaleza do Seival Vineyards, localizado na Campanha Gaúcha. Considerada a nova fronteira vitivinícola, a região tem se destacado por produzir vinhos de qualidade. O processo de produção passa pelo envelhecimento de um ano em barricas de carvalho americanas. O vinho caracteriza-se por apresentar alta intensidade de cor com tonalidade vermelho rubi e púrpura. Estarão disponíveis no mercado 45 mil garrafas de 750 ml.

segunda-feira, junho 18, 2007

CARMENÈRE: FRANCESA DE ORIGEM, MAS CHILENA DE CORAÇÃO.

A história da cepa Carmenère, assim como da vitivinicultura chilena atual, tem suas raízes na França, país de grande conhecimento e desenvolvimento da indústria vinícola. Durante muitos anos as cepas predominantes (e que caíram no gosto popular e se impuseram mundo afora) foram as francesas. Mais recentemente, entretanto, algumas cepas antes esquecidas começaram o seu “revivel”.

É o caso da Malbec na Argentina, uma mera coadjuvante na sua Bordeaux natal, que se tornou a grande estrela da vitivinicultura mendocina; a Tannat, que encontra hoje no Uruguai o seu principal reduto; e a Cermenère, que, de todas estas cepas, é a que tem a história mais curiosa. Vamos a ela!

Nos vinhedos bordaleses do século XIX, a Carmenère convivia com outras uvas locais como a Malbec, Merlot, Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc, produzindo os famosos vinhos do Médoc.
Em 1860, uma praga devastadora chamada “filoxera” destruiu quase a totalidade dos vinhedos franceses. Bordeaux teria que começar tudo de novo. O processo de replantio se deu enxertando as videiras francesas em videiras norte-americanas, que eram resistentes a diversas pragas e em particular a filoxera. Mas a Carmenère não foi bem sucedida, tendo sido praticamente extinta da França.

Mas bem antes da Filoxera, visionários empreendedores chilenos, convencidos do grande potencial do seu país para a produção de vinhos, levaram mudas de diversas uvas francesas para o lá e dentre elas a Carmenère.

Condições favoráveis de clima e solo acolheram muitas bem estas uvas, mas a Carmenère ficou durante muitos anos, erroneamente confundida com a uva Merlot, até que em 1994, o Francês Jean Michel Boursiquot apresentou um estudo no Sexto Congresso Latino-americano de Viticultura e Enologia, realizado no Chile, identificando a Carmenère. Testes de DNA vieram a comprovar definitivamente a sua verdadeira natureza.

A partir desse momento, a Carmenère ganhou seu nome verdadeiro e reapareceu no cenário vitivinícola mundial e no Chile o seu plantio só fez crescer.

Excelente para misturas ou “assemblage”, a Carmenère dá vinhos bem estruturados, com aromas doces, ligeiros toques vegetais e com bastantes especiarias. É ideal para acompanhar carnes fortes, como cordeiro e caças, massas com molhos condimentados e queijos tipo parmesão.

A proporção da Carmenère na mistura dos grandes vinhos chilenos vem crescendo nos últimos anos. Vinhos como o Almaviva, por exemplo, cada vez mais vem usando a Carmenère nas suas misturas. Com os seus taninos bem maduros, proporcionam vinhos mais redondos e elegantes, menos rústicos.

Embora acredite que sua verdadeira vocação seja para produzir vinhos de corte, o Chile produz hoje excelentes vinhos cem por cento Carmenère.

Temos ótimos Carmenère disponíveis no mercado, com bons preços. Gosto muito dos seguintes: Reserva 1865 Carmenère – Viña San Pedro ( World Wine La Pastina ), Portal Del Alto Carmenère Gran Reserva ( Terramater Importadora), Winemaker Lot Carmenère – Concha y Toro ( Expand Importadora ), Carmenère Reserva – Casa Silva ( Vinhos do Mundo Importadora), Mirador Selection Carmenère – Viña William Cole ( Ana Import ), Arboleda Carmenère – Concha y Toro ( Expand Importadora ), Santa Digna – Vinã Miguel Torres – ( Relocco Importadora ), Carmenère Reserva – Vinã Tabali – ( Grand Cru Importadora ), Carmenère Reserva – Vinã Von Siebenthal - ( Terramater Importadora).

Poderia listar muitos outros, mas deixo esta descoberta para vocês. Saúde!

terça-feira, maio 15, 2007

Os melhores vinhos do Expovinis Brasil 2007

Um dos momentos mais aguardados da Expovinis (a maior feira de vinhos da América Latina, realizada em São Paulo) foi a divulgação do resultado do concurso “Top Ten”, que elege os dez melhores vinhos em exposição no evento. Antes do início da Expovinis cada expositor enviou duas garrafas, entre as opções de tintos, brancos, espumantes e fortificados, para serem degustadas às cegas por um júri formado por especialistas internacionais e nacionais de reconhecida competência.

Dos mais de 200 rótulos provados foram selecionados este ano não dez, mas sim onze vinhos mais representativos em dez categorias (na categoria tinto velho mundo foram indicados dois vinhos). Confiram o resultado e guardem estes vinhos como referência:

Categoria Rosados
Château Pourcieux 2006 - Château Pourcieux - Cotes de Provence (França)
Importador: Vins de Provence
Categoria Sauvignon Blanc
William Cole Vineyards Sauvignon Blanc 2006 – William Cole – Vale de Casablanca (Chile)
Importador: Ana Import
Categoria Chardonnay
Villa Francioni/Chardonnay 2006 - Villa Francioni - São Joaquim (Brasil)
Categoria Brancos - outras castas
Esporão Reserva 2006 - Esporão - Alentejo (Portugal)
Importador: Qualimpor
Categoria Espumantes (incluindo Champagne)
Vértice Super Reserva Bruto 2000 - Caves Trasmontanas - Douro (Portugal)
Importador: Adega Alentejana
Categoria Tintos Nacionais
Salton Desejo Merlot 2004 – Salton - Bento Gonçalves (Brasil)
Categoria Tintos Castas Bordalesas
Château Haut – Bacalan 2003 - Michel Gonet ey Fils - Pessac Leognan (França)
Importador: Vitis Vinifera
Categoria Tintos Novo Mundo
The Octavius/Shiraz 2001 – Yalumba - Barossa (Austrália)
Importador: KMM
Categoria Tintos Velho Mundo
1º vinho:Vosne Romanée 2003 - Bouchard Pere & Fils - Côte de Beaune (França)
portador: Grand Cru
2º Vinho: Herdade dos Grous Res. 2004 - Herdade dos Grous - Alentejo (Portugal)
Importador: Épice
Categoria Doces e Fortificados
Château Doisy Daëne 2002 - EARL Pierre et Denis Dubordieu - Sauternes (França)
Importador: Casa Flora / Porto a Porto

Sugestão: como dica de custo x benefício, indico esta semana o vinho vencedor na Categoria Sauvignon Blanc - o Mirador Selection Sauvignon Blanc 2006. Aroma típico da varietal, com toques de arruda e frutas cítricas. Bom corpo e ótima acidez. Vinho excelente como aperitivo e acompanhamentos de frutos do mar e queijos de leite de cabra.
Onde Encontrar: Importador - Ana Import – Tel. 21 – 7837-0123
Preço Sugerido: R$ 42,00

quarta-feira, abril 11, 2007

Mais um reconhecimento internacional para os vinhos brasileiros

Prêmios na França

O Brasil continua avançando no mercado externo com o reconhecimento de seus vinhos.

No início do ano os vinhos gaúchos da região do Vale dos Vinhedos passaram a fazer parte de uma seleta lista das chamadas indicações geográficas, reconhecidas pela União Européia – como as regiões de Bordeaux, Borgonha, Champagne (França), Douro (Portugal), Rioja (Espanha), Brunello de Montalcino (Itália), por exemplo.

Agora o concurso anual Vinalies, organizado pela Associação de Enólogos da França, em Paris, premiou um tinto brasileiro com uma Medalha de Ouro e outros cinco vinhos com Medalhas de Prata.

Este concurso já está em sua 15ª edição e este ano contou com a participação de 38 países com 2.850 amostras de vinhos e espumantes.

A distinção é significativa por se tratar de um importante concurso de degustação de vinhos. O vice-presidente da Associação Brasileira de Enologia (ABE), enólogo Carlos Abarzua, esteve representando o Brasil.

Os vinhos premiados são:

Medalha de Ouro:
Baccio Cabernet Sauvignon 2002 - Vinícola Campo Largo

Medalha de Prata:
- Aliança Espumante Moscatel 2006 - Cooperativa Viti-Vinícola Aliança
- Casa Valduga Gran Reserva Cabernet Sauvignon 2004 - Casa Valduga
- Miolo Terroir Merlot 2004 - Vinícola Miolo
- Família Piagentini Espumante Moscatel 2006 - Cia Piagentini de Bebidas e Alimentos
- Salton Volpi Merlot 2004 - Vinícola Salton

quinta-feira, março 08, 2007

Se o vinho fosse uma roupa feminina

Autora norte-americana compara uvas com peças do vestuário feminino

Leslie Sbrocco, crítica de vinhos, autora do livro Wine for Women: A Guide to Buying, Pairing, and Sharing Wine e colaboradora de jornais, revistas e programas de televisão nos Estados Unidos faz uma interessante e divertida comparação entre as principais uvas viníferas e peças essenciais de um guarda-roupa feminino.

É uma brincadeira, mas o paralelo pode fazer algum sentido. As mulheres que o digam !!!!

Recebi este artigo por e-mail, tendo sido originalmente publicado no Jornal do Vinho.

Vejam as idéias de Leslie:

Uvas Brancas:
Chardonnay: versátil, popular e capaz de gerar vinhos de vários estilos. Seria equivalente a um vestido clássico da cor preta, o famoso pretinho básico.
Sauvignon Blanc: com boa acidez, sabores de frutas e ervas frescas, a uva é "equivalente a uma camisa branca de algodão recém-lavada".
Pinot Grigio: é como vestir seu jeans favorito no final de um longo dia, é relaxante e confortável.
Riesling: uva leve e vibrante, com sabores arredondados de fruta e alguma doçura às vezes. "Esse vinho é como um vestido de primavera numa garrafa".

Uva Tintas:
Cabernet Sauvigon: nunca sai de moda, os vinhos feitos com essa uva são como um "terninho clássico".
Merlot: para essa uva macia, sedosa, a comparação é inevitável. Merlot é como uma roupa de cashmere.
Syrah: uva quente, que adiciona uma pitada de "sex appeal em qualquer refeição". Como uma bolsa vermelha adornando uma mulher.
Pinot Noir: uva elegante, clássica e glamorosa, que lembra um vestido de gala, feito de seda.

Parabés a todas as mulheres pelo dia de hoje!!!

sexta-feira, março 02, 2007

As Mulheres de Baco

Em homenagem ao dia Internacional da Mulher (próximo dia o8) resolvi nesta e na próxima semana falar um pouco sobre a participação das mulheres no mundo do vinho, que sempre foi tradicionalmente um mercado masculino: seja colocando o vinho na garrafa (enólogos) ou o tirando (sommeliers).

Na história do vinho, houve mulheres fortes que deixaram a sua marca em num meio tradicionalmente dominado por homens.

Um exemplo clássico e já bastante conhecido é o caso de Nicole-Barbe Clicquot-Ponsardin (a veuve Clicquot) que, viúva aos 27 anos e mãe de uma filha de três anos, revolucionou a casa de champanhe da família no início do século 19 e ficou conhecida como a inventora do remuage, procedimento destinado a retirar as borras de levedura das garrafas de champanhe.

Mas a (viúva) veuve Clicquot e outras mulheres de fibra do passado sempre foram exceções.

No entanto, nas últimas duas décadas, como em quase todas as profissões, mais e mais mulheres passaram a elaborar tintos e brancos. Seja para manter a tradição da família ou por escolha profissional, é cada vez maior a participação da mulher nas escolas de enologia e em vinícolas de todo o mundo.

Na Universidade da Califórnia, em Davis, EUA, o maior centro de conhecimento em enologia das Américas, há alguns anos predominam as alunas nos cursos da área. Todas são absorvidas pela poderosa indústria californiana e colocam sua arte a serviço do vinho. Na América do Sul, há bom número de enólogas em serviço nas vinhas chilenas e argentinas. No Brasil, a Escola de Enologia do Cefet de Bento Gonçalves tem formado nossas enólogas, que atuam em diversas vinícolas da Serra Gaúcha.

Vinho de Mulher? Isso existe?

Será que os vinhos elaborados por mulheres são sempre femininos, macios, elegantes? Ou podem ser vinhos masculinos, robustos e encorpados?

Esta pergunta foi feita há algumas semanas a uma grande enóloga chilena, Cecília Torres (da vinícola Santa Rita) em uma degustação dirigida de seus vinhos, realizada na Grand Cru, no Rio de Janeiro, e ela respondeu categoricamente que NÃO. Um bom enólogo (ou enóloga) está acima do sexo, fazendo bons vinhos, sejam eles mais encorpados (um Shiraz ou um Cabernet Sauvignon) ou um vinho mais delicado (um Merlot ou um Rose).

As Sommeliers no Brasil

Fazer o serviço do vinho e escolher a bebida mais indicada para um cliente são tarefas comumente exercidas por mãos masculinas. Isso pode ser explicado, talvez, porque ao surgirem os primeiros restaurantes os homens eram encarregados do salão, e as mulheres cuidavam do preparo dos pratos na cozinha. Como o sommelier é o garçom responsável pelos vinhos, o cargo foi direcionado a funcionários do salão.

Atualmente, entretanto, além de disputar tarefas entre as panelas ou no salão, já é possível (ainda que raro) ver mulheres selecionando o vinho adequado para uma clientela cada vez mais exigente. A baixa incidência feminina no cargo de sommelier pode ser temporária: há muitas mulheres mostrando seu interesse pelo mundo de Baco. Cito algumas que atuam no mercado paulista: Alexandra Corvo, Carina Cooper, Alice Magot e Rogéria Dias (todas jovens entre 26 e 40 anos). No Rio, Deise Novakoski (do Eça) e Marlene Alves (Quadrifoglio).

Um brinde as mulheres do vinho !!!! E até a próxima semana com mais informações sobre elas.

terça-feira, fevereiro 06, 2007

Espera-se uma grande safra no Sul - em especial para os tintos

A Pinot Noir deve surpreender

Entusiasmados com a qualidade das uvas tintas que serão colhidas no final de fevereiro, os enólogos das regiões produtoras da Serra Gaúcha estão prevendo uma safra excelente de tintos, com muito destaque para a Pinot Noir.

A época da colheita é um momento decisivo, quando é necessário muito calor e pouca chuva para a concentração de açúcares naturais da fruta, o que reverterá em graduação alcoólica, mas não é o único fator para determinar uma bela safra.

Todos os ciclos de uma videira são fundamentais para que a colheita se transforme numa safra excepcional de vinhos: do plantio ao cuidado com a terra, as podas no momento certo, as variações térmicas, a dosagem da água (frio sol e chuva na graduação ideal); são fatores que influenciam a qualidade final das uvas.

Em média, o clima para este período de colheita se apresenta bom. Apesar de alguns picos, não está fazendo muito calor. O frio das noites e o calor dos dias proporcionam um gradiente de temperatura bem acentuado que favorece a maturação fenólica que resulta na melhor coloração e melhor estrutura para o vinho.

Segundo os enólogos da região, este comportamento climático os leva a crer em uma safra muito boa para os vinhos tintos. A uva Pinot Noir deve ser a vedete neste ano. Tudo colaborou para que o melhor desta variedade atinja a "perfeição”, comemoram. Já as brancas precoces (que já foram colhidas, vinificadas e estão fermentando) indicam brancos de excelente qualidade.
A qualidade dos espumantes já está garantida. As variedades Chardonnay e Riesling estão ótimas, mas a Pinot Noir deve ser a cepa que surpreenderá positivamente nesta safra, tanto para elaboração de espumantes quanto para elaboração dos tintos, apostam os enólogos.

Estou torcendo pelo sucesso desta safra e a espera dos excelentes vinhos que estão por chegar. Parabéns e todos os envolvidos neste complexo e apaixonante processo produtivo!!!!

Um pouco das regiões produtoras do Rio Grande do Sul:

Vale dos Vinhedos
Localizado na Serra Gaúcha, especificamente entre os municípios de Bento Gonçalves, Garibaldi e Monte Belo, o Vale dos Vinhedos é uma área privilegiada pela tradição na produção de vinhos finos e por ser a primeira região do Brasil com indicação geográfica, certificada pelo Selo de Indicação de Procedência.

A indicação geográfica é como um Atestado de Qualidade. E quer dizer que o produto é produzido naquela região, segundo regras e padrões rigorosos de qualidade preestabelecidos.

Assim são as regiões conhecidas como Bordeaux, Borgonha, Champagne, Douro, Rioja, etc.

Novidade: há poucos dias, o vale dos Vinhedos teve a sua indicação geográfica reconhecida pela União Européia. É a primeira vez que europeus reconhecem uma denominação de origem de fora. A decisão inédita incluiu também o reconhecimento do Napa Valley, nos Estados Unidos.

Serra Gaúcha
Uma região que evoca beleza, vinhos e amor pela vinicultura. Composta pelas cidades de Bento Gonçalves, Garibaldi, Farroupilha, Caxias, Flores da Cunha, Ipê, Vacaria, Gramado, Canela, Veranópolis, Cotiporã, entre outras, concentra as maiores produtoras de vinho do Brasil.

Campo de Cima da Serra
Região caracterizada por uma altitude de 1.000m e um dos climas mais frios do Brasil.

Campanha
Os vinhedos estão situados em um local histórico: foi nesta região, no começo do século passado, que surgia uma das primeiras vinícolas do Brasil: a Quinta do Seival.

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Sugestão da Semana – Floresta Sauvignon Blanc 2006

A sugestão desta semana é o Floresta Sauvignin Blanc 2006, da Bodega chilena Santa Rita. É um vinho muito agradável de ser bebido nestes dias quentes e abafados de verão. É fresco e possui uma ótima acidez, com toques de frutas cítricas, arruda e vegatais. Combina muito bem com mariscos, peixes e frutos do mar. Parceiro ideal também com queijos à base de leite de cabra.

E quem quiser degustar este Floresta na companhia da enóloga que o elabora, Cecilia Torres, considerada uma das melhores do Chile, a oportunidade é esta semana. Na próxima quinta-feira, dia primeiro, ela estará apresentando alguns de seus vinhos na Grand Cru, no Rio de Janeiro.

Onde Encontrar: Grand Cru (21) 2511-7045
Preço Sugerido: R$ 85,00




A Vinícola Santa Rita e os vinhos disponíveis no Brasil:

Fundada em 1880 por Domingo Fernández Concha, destacado empresário da época, as terras da Bodega Santa Rita estão situadas principalmente em Alto Jahuel, o melhor solo do Valle del Maipo, a 40 km ao sul de Santiago. Também possui vinhedos próprios em outros cinco vales: Casablanca, Leyda, Rapel, Apalta e Curicó.

No Brasil estão disponíveis as seguintes linhas:

Linha "120" - Sauvignon Blanc, Chardonnay, Merlot, Carménère, Cabernet Sauvignon e Carménère/Cabernet Franc/Cabernet Sauvignon. Vinhos frutados, praticamente sem madeira, para serem bebidos jóvens.

Linha Gran Hacienda - Sauvignon Blanc, Chardonnay, Riesling, Viognier, Merlot, Carménère, Cabernet Sauvignon, Merlot/Syrah, Petit Syrah/Syrah e Cabernet Sauvignon/Carménère/Cabernet Franc. Os tintos são parcialmente envelhecidos em carvalho (4 meses) e os brancos não passam por madeira. Vinhos macios e elegantes com ótima relação qualidade/preço.

Linha Reserva - Sauvignon Blanc, Chardonnay, Merlot, Syrah, Carménère e Cabernet Sauvignon. Os tintos são envelhecidos em carvalho por cerca de 11 meses e o Chardonnay por 6 meses . Vinhos mais complexos, elegantes e mais concentrados, também com ótima relação qualidade/preço.

Linha Medalla Real - Sauvignon Blanc, Chardonnay e Cabernet Sauvignon. O Cabernet é envelhecidos em carvalho por cerca de 12 meses e o Chardonnay por 7 meses . Vinhos mais complexos, elegantes e mais concentrados, também com ótima relação qualidade/preço. Produzidos com uvas de vinhedos com mais de 30 anos de idade, resulta em vinhos de ótima concentração.

Linha Floresta - Sauvignon Blanc, Chardonnay, Cabernet Sauvignon/Syrahe Cabernet Sauvignon/Syrah. Resultado do melhor Terroir Chileno, o Chardonnay passa 8 meses em carvalho, o Cabernet Sauvignon/Syrah, 12 meses e o Cabernet Sauvignon , 18 meses. Vinhos encorpados e elegantes, com a madeira muito bem equilibrada.

Linha Casa Real - Cabernet Sauvignon. Vinho Premium da vinícola, produzido com uvas de parreiras com mais de 50 anos. Envelhecido em barricas de carvalho francês por um período entre 15 e 18 meses. Elegante e sofisticado, é considerado como um dos melhores vinhos chilenos.

Vinho de Sobremesa - Late Harvest 2005 - Semillon/Gewurztraminner/Riesling. Vinho doce de colheita tardia com bom corpo, boa acidez e frescor.

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Curso de Vinhos no Espaço Grand Cru

Inciando a agenda de 2007

No início de fevereiro (dias 5, 6 e 7) estou fazendo o primeiro curso de vinhos de 2007 no Espaço Grand Cru, no Jardim Botânico. É uma viagem ao mundo do vinho, às regiões produtoras, ao processo de fabricação e, porque não, uma viagem ao prazer (de degustar, de descobrir e identificar aromas, cores ...).

Difundir a cultura do vinho, sua história e seus segredos é mais do que popularizar o seu consumo - trata-se de cultivar uma arte milenar e cheia de prazeres, que não só faz bem à saúde (lembrando que os polifenóis, componentes do vinho, são sabidamente responsáveis pela proteção arterial) como combina muito bem com encontros, comemorações e rodas de amigos.

O curso é realizado em três aulas (3 horas de duração por aula) com apostila e em cada aula são realizadas degustações:

na primeira: degustação de brancos e tintos

na segunda: degustação de espumantes

  • na terceira: degustação de vinhos de sobremesa e portos

Maiores Informações na Grand Cru (2511-7045) Rua Lopes Quintas, 180 – Jardim Botânico

“Nenhuma palavra combina tanto (harmoniza talvez seja o termo mais apropriado) com um bom vinho quanto prazer. Prazer em saborear. Prazer em produzir. Prazer em se relacionar. Prazer em conquistar aquilo que se deseja” (Exame Edição Especial Vinhos)

segunda-feira, janeiro 08, 2007

A Pinot Noir

Da Borgonha para o Novo Mundo

Na última semana dei uma entrevista para a Revista Programa do Jornal do Brasil sobre a uva Pinot Noir, abordando a sua adaptação ou não a outras regiões do mundo – fora de sua terra natal, com foco especial ao seu cultivo na África do Sul. Aproveito então para falar um pouco mais sobre este uva tão apreciada, sensível e delicada.

A Pinot Noir é uma uva de difícil sucesso quando plantada fora da sua terra natal, a Borgonha, na França, onde produz os míticos vinhos desta região, como o Romanée-Conti. São grandes vinhos, com aromas excepcionais e elegantes e taninos agradáveis. Mas chegar a bons resultados com esta cepa não é uma tarefa fácil. A Pinot Noir deve ser cultivada em climas mais frios, em pequena e controlada produção. Frágil, a cepa sofre muito com as mudanças ambientais e as alternâncias climáticas.

Apesar das dificuldades, percebo que a Pinot Noir atualmente vem produzindo alguns bons resultados em alguns países do novo mundo. Um clone de Pinot Noir, usado na região de Champagne, vem se adaptando bem em alguns países e produzindo vinhos que podem até apresentar (ou lembrar) a tipicidade da Borgonha.

Temos alguns exemplos na Califórnia (cujo cultivo iniciou-se no fim dos anos 80); na Nova Zelândia (resultando em vinhos de bom corpo e muita fruta); e também na Austrália, Chile, Argentina e Brasil.

Na África do Sul, a Pinot ainda é muito pouco plantada (apenas 0,5 % da área total), mas já está produzindo alguns vinhos interessantes. Gosto muito de dois Pinot Noir Sul-africanos, um que mantém a tipicidade da Borgonha e outro bem estilo novo mundo:

MEERLUST PINOT NOIR 2001

Produzido pela vinícola de mesmo nome, no distrito de Stellenbosch, a 40 km da Cidade do Cabo. Possui um toque de amoras maduras na boca, elegante e com um ótimo corpo. Mesmo com um estágio de 15 meses em barricas francesas, apresenta nuances que lembram um Borgonha.
É comercializado pela Importadora Paralelo 35.

GLEN CARLOU PINOT NOIR 2004

A vinícola Glen Carlou situa-se no coração da África do Sul, no PearlValley, distrito de Paarl. Encorpado, com toques de frutas silvestres maduras e chocolate. Este Pinot Noir passa 11 meses em barricas de carvalho francês, o que lhe confere alguns aromas tostados bem estilo Novo Mundo.
É comercializado pela Importadora Grand Cru.