Da Borgonha para o Novo Mundo
Na última semana dei uma entrevista para a Revista Programa do Jornal do Brasil sobre a uva Pinot Noir, abordando a sua adaptação ou não a outras regiões do mundo – fora de sua terra natal, com foco especial ao seu cultivo na África do Sul. Aproveito então para falar um pouco mais sobre este uva tão apreciada, sensível e delicada.
A Pinot Noir é uma uva de difícil sucesso quando plantada fora da sua terra natal, a Borgonha, na França, onde produz os míticos vinhos desta região, como o Romanée-Conti. São grandes vinhos, com aromas excepcionais e elegantes e taninos agradáveis. Mas chegar a bons resultados com esta cepa não é uma tarefa fácil. A Pinot Noir deve ser cultivada em climas mais frios, em pequena e controlada produção. Frágil, a cepa sofre muito com as mudanças ambientais e as alternâncias climáticas.
Apesar das dificuldades, percebo que a Pinot Noir atualmente vem produzindo alguns bons resultados em alguns países do novo mundo. Um clone de Pinot Noir, usado na região de Champagne, vem se adaptando bem em alguns países e produzindo vinhos que podem até apresentar (ou lembrar) a tipicidade da Borgonha.
Temos alguns exemplos na Califórnia (cujo cultivo iniciou-se no fim dos anos 80); na Nova Zelândia (resultando em vinhos de bom corpo e muita fruta); e também na Austrália, Chile, Argentina e Brasil.
Na África do Sul, a Pinot ainda é muito pouco plantada (apenas 0,5 % da área total), mas já está produzindo alguns vinhos interessantes. Gosto muito de dois Pinot Noir Sul-africanos, um que mantém a tipicidade da Borgonha e outro bem estilo novo mundo:
MEERLUST PINOT NOIR 2001
Produzido pela vinícola de mesmo nome, no distrito de Stellenbosch, a 40 km da Cidade do Cabo. Possui um toque de amoras maduras na boca, elegante e com um ótimo corpo. Mesmo com um estágio de 15 meses em barricas francesas, apresenta nuances que lembram um Borgonha.
É comercializado pela Importadora Paralelo 35.
GLEN CARLOU PINOT NOIR 2004
A vinícola Glen Carlou situa-se no coração da África do Sul, no PearlValley, distrito de Paarl. Encorpado, com toques de frutas silvestres maduras e chocolate. Este Pinot Noir passa 11 meses em barricas de carvalho francês, o que lhe confere alguns aromas tostados bem estilo Novo Mundo.
É comercializado pela Importadora Grand Cru.
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