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terça-feira, novembro 23, 2010

Não há crise que ganhe dos vinhos argentinos

Estados Unidos já é o principal destino das exportações dessa bebida
Se há um ditado que todo mundo já cansou de escutar nos últimos anos foi que, para os chineses, a palavra “crise” é representada pelo mesmo ideograma que “oportunidade”. Mas apesar de ser repetida milhões de vezes, são muito poucos os que conseguiram converter a sentença em algo além de uma frase feita. Uma das exceções é a indústria de vinhos argentinos. No final de 2008, o banco norte-americano Lehman Brothers se declarou falido e desencadeou um fenomenal desastre em todo o sistema financeiro global, e se dava como certo que todas as empresas que exportavam para o mercado norte-americano iam sofrer o impacto, em especial as que trabalhavam com produtos mais sofisticados, como o vinho. No entanto, nestes últimos anos, as vinícolas locais não somente não viram cair suas vendas para os Estados Unidos como acabaram aumentando suas exportações em volume e em dólares, e além disso, estão ganhando participação de mercado às custas dos vinhos da Califórnia e do resto do mundo. Segundo um estudo da consultora Caucasia, desde que a crise nos Estados Unidos se desencadeou, em setembro de 2008, as exportações argentinas de vinhos cresceram 55% e o país se consolidou como o principal comprador para as vinícolas locais e o segundo no mercado em preço de garrafa, atrás somente do Canadá. “Os Estados Unidos é o principal mercado para a Argentina, e entre janeiro e setembro cresceu 20% em relação ao ano passado, enquanto que no caso pontual de nossa vinícola, chegou a crescer 25%”, explicou Guillermo Barzi, diretor comercial da vinícola rionegrina Humberto Canale.

Preço/ qualidade

Nos Estados Unidos, o mercado está mais concentrado nas duas costas e em algumas grandes cidades como Chicago e Miami, onde a opção dos vinhos argentinos aparece como uma boa combinação de preço e qualidade. “O segmento que mais cresce nos Estados Unidos é o dos vinhos que custam entre 10 e 20 dólares, porque pela crise, muitos consumidores se viram obrigados a baixar de categoria e nessa transição estão descobrindo os vinhos argentinos”, explicou Jean-Edouard de Rochebouët, diretor geral da vinícola Atamisque, de Mendonza.

O novo malbec

Como acontece em praticamente todas as regiões, o malbec é a principal carta de entrada da Argentina no mercado vitivinícola. “O malbec, que até pouco tempo era desconhecido nos Estados Unidos, é o que está abrindo os caminhos, embora esperamos poder ver mais cabernet sauvignon, petit verdot e até algum bonarda argentino na mesa de alguns restaurantes”, disse Ricardo Valero, gerente de exportações da Ruca Malen. O potencial do bonarda argentino é dividido com a vinícola Dante Robino. “No nosso caso, o varietal bonarda tem crescido notavelmente nos Estados Unidos e este ano lançamos um torrontés exclusivo para esse mercado”, explicam na vinícola.

Concorrência trasandina

No início, o vinho argentino cresce às custas dos produtos provenientes da zona euro – como as marcas espanholas e francesas, embora a avançada zona de Mendonza também estão sofrendo com os competidores do Novo Mundo. “Nos Estados Unidos já concorremos com produtores como o Chile; já superamos o Canadá”, destacou Jimena Molina, diretora comercial da Finca Flichman, a vinícola de Mendoza do grupo Sogrape, que aproveita a plataforma de distribuição que seu acionista majoritário tem, o grupo Sogrape, para comercializar os vinhos de suas distintas empresas nas regiões importantes como a de Nova Iorque.

La Nacion - Tradução Portal Agrolink
Autor: Alfredo Sainz

domingo, novembro 21, 2010

A dieta mediterrânea

“Se tu vires um homem comer sozinho, sem companhia nenhuma, podes apostar que ele perdeu metade de sua vida” (Athenaios, gastrônomo grego do IIº séc. d.C.).

A recente inclusão da dieta (1) mediterrânea no Patrimônio Mundial Imaterial da Humanidade (2) ratifica uma prática alimentar e social que para muitos representa o “ideal” à mesa. O Mediterrâneo pode ser considerado o berço da civilização moderna. Este valor mitológico, fundador, foi percebido e explorado por Ancel Keys (3) o “inventor” ou “descobridor” da dieta mediterrânea, em 1952, após o surgimento de pesquisas feitas em Nápoles e desenvolvidas em sete países, que associavam riscos coronarianos e dietas. Ele desenhou esse mediterrâneo puramente europeu, greco-romano e ocidental, como detentor de uma cultura tradicional ao qual corresponderia uma “dieta” que, no seu modo de ver, seria responsável pela baixa taxa de doenças coronarianas na região. Essa associação que Ancel Keys estabeleceu ainda se valeu de pesquisas realizadas em Creta (Grécia), em 1948, por norte-americanos da Fundação Rockfeller.

O que, porém, efetivamente favoreceu a divulgação da dieta mediterrânea de Keys foram as pesquisas francesas dos anos 1980, que revelaram o famoso paradoxo francês: os franceses consomem muito mais gordura animal do que os anglo-saxões e, no entanto, apresentam uma taxa muito menor de doenças coronarianas. Uma das explicações ensaiadas para isso seria o maior consumo de vinho, associado ao consumo de gordura animal. A dieta mediterrânea, então, se converteu na utopia de uma “dieta prudente” universal, em que a vigilância de cada um é substituída pela prescrição de um grande universo de produtos de origem mediterrânea. Uma das conseqüências do confronto desse ideal de dieta com os hábitos dos povos de outras regiões tem sido, como se sabe, um ambiente altamente favorável ao maior consumo de azeite e de vinhos. Isso tem impulsionado a indústria do vinho como tem permitido o enorme desenvolvimento da produção de azeites por meio de varietais e de processamentos.

Como bem dizia o gastrônomo grego, o importante não é somente o que se come, mas como isso se faz: em sua nota a UNESCO reconhece que “...a dieta mediterrânea não compreende apenas a alimentação, já que é um elemento cultural que propicia a interação social”. A saúde e o convívio agradecem.

1- Dieta: vocábulo de origem grega que significa estilo de vida. Quando
ouvimos a palavra dieta imediatamente pensamos em privação, renúncia,
quando na verdade em sua origem, o termo dieta expressa a ligação entre o
homem e o ambiente ao seu redor.

2 - Depois de uma longa discussão a o comitê intergovernamental da
UNESCO proclamou na terça-feira 16 de novembro o macarrão com tomate,
azeite e manjericão, e o conjunto de práticas alimentares, sociais e
culturais que representam a dieta mediterrânea patrimônio cultural
imaterial da humanidade. A votação aconteceu em Nairóbi (Quênia) e
obteve a unanimidade entre os 166 representantes dos estados membros.

3 - Ao desembarcar em Salerno (no sudoeste italiano, próximo à Costa
Amalfitana), em 1945, Keys constatou que as doenças cardiovasculares,
tão comuns em seu país, ali eram muito reduzidas. Entre 1958 e 1964,
analisou alguns fatores de risco cardiovascular em 13.000 homens de 40 a
59 anos distribuídos em 16 regiões pertencentes a 7 países: Finlândia,
Estados Unidos, Japão, Holanda e três países mediterrâneos: Grécia,
Itália e Iugoslávia.

Salada grega com pão sírio

Rendimento: 4 pessoas

INGREDIENTES:

200g de queijo grego feta

100g de azeitona pretas, tipo azapa;

4 tomates maduros;

4 pães sírio;

1 cebola roxa;

1 pepino;

1 pimentão verde;

Orégano

Azeite de oliva extra virgem;

Alho

Sal

Pimenta do reino

MODO DE PREPARO:

Corte o pepino e os tomates em pedaços de 1-2 cm e coloque em uma
saladeira grande. Limpe os pimentões, corte em tiras finas e ponha na
saladeira. Corte a cebola em rodelas e junte às azeitonas. Tempere a
gosto com sal, orégano e pimenta-do-reino moída na hora. Regue a salada
com o azeite e mistures com cuidado. Esfregue 4 pães sírios com 1 dente
de alho descascado, besunte-os com azeite, tempere com sal e leve ao
forno pré-aquecido a 190ºC por 4-5 minutos, até ficarem crocantes.
Quebre os pães grosseiramente em pedaços. Disponha em tigelas
individuais, distribua um pouco de queijo feta cortado em cubinhos em
cada uma e sirva com o pão.
Publicação: 21 de Novembro de 2010 - Tribuna do Norte

terça-feira, novembro 16, 2010

Trufa italiana gigante arrematada por mais de 144.000 dólares


ALBA, Itália — Uma trufa branca gigantesca foi arrematada neste domingo por um comprador de Hong Kong por 105.000 euros (cerca de 144.000 dólares), num leilão perto da cidade de Alba, norte da Itália, disseram os organizadores.

A trufa, um cogumelo subterrâneo, da família das entuberáceas, que produz corpos esporíferos tuberosos, comestíveis pelo sabor e pelo aroma agradáveis, pesava 900 gramas. O leilão foi realizado no medieval Castello di Grinzane, numa região da Itália famosa por seus vinhos e trufas.

Os lucros com o leilão serão aplicados em bolsas de estudo concedidas a estudantes italianos, assim como em obras de caridade em Alba e em Hong Kong.
Fonte - AFP – há 2 dias

Rosés: Sedução além da cor

Infelizmente, o consumo de vinhos em nosso país é ditado pelos tintos, a despeito dos pratos escolhidos ou da época do ano. Os brancos ficam à margem do consumo e os rosés, nem se fala. Para piorar a situação, rotularam estes vinhos como vinhos de segunda categoria, que não têm personalidade, e vai por aí afora.

Se você não tem preconceitos, posso afirmar que está perdendo uma bela oportunidade para ampliar seus horizontes enogastronômicos. Primeiramente, vamos elucidar abaixo os processos de elaboração dos verdadeiros rosés, que estão muito longe de simplesmente misturar vinho branco com vinho tinto:

Pressurage

Termo francês que designa uma prensagem suave de uvas tintas antes da fermentação alcoólica, com controle de temperatura. As uvas são prensadas por um breve espaço de tempo (normalmente de 12 a 24 horas) dentro de um tanque, extraindo cor das cascas de maneira bem delicada. Após esta maceração, as cascas são separadas do mosto e dá-se a fermentação, a exemplo de um vinho branco. A cor deste tipo de rosé lembra o salmão, e é muito característica dos vinhos da Provence (região francesa mundialmente reputada pelos seus rosés). São os rosés mais delicados, com ótimo frescor e muito gastronômicos.


Dois belos rosés de estilos distintos

Saignée

Termo francês que designa sangria, ou seja, o mosto de uvas tintas com as cascas começa a fermentar, com uma crescente extração de cor. Passado algum tempo (normalmente de 24 a 48 horas), o mosto é drenado pelo fundo da cuba de fermentação e transferido para outro tanque, onde dá-se a fementação com controle de temperatura, agora sem o contato das cascas. Este tipo de rosé apresenta cor mais acentuada, lembrando cerejas. É mais encorpado, frutado e intenso (tanto aromática, como gustativamente).

No restaurante Cucina Piemontese em Alphaville, tenho os dois rosés exemplificados na foto acima. O rótulo à esquerda, Domaine Sorin Terra Amata, é um típico provençal, de corpo médio, aromas delicados lembrando flores, frutas cítiricas, ervas e especiarias. Já o rótulo à direita, Julián Chivite Gran Feudo, é um dos melhores rosés de Navarra (região espanhola vizinha à Rioja), com boa intensidade de fruta, mais encorpado, mais macio porém, sem perder o frescor.

Domaine Sorin (Decanter) – www.decanter.com.br

Julián Chivite (Mistral) – www.mistral.com.br

Cucina Piemontese – www.lacucinapiemontese.com.br

Próximo post: Rosés da Provence
Por Vinho Sem Segredo

Vinho Tinto x Libido Feminina

Uma pesquisa de uma universidade italiana afirma que o consumo moderado de vinho tinto pode aumentar a libido sexual feminina.

O estudo da Universidade de Florença foi feito com 798 mulheres italianas entre 18 e 50 anos na região de Chianti, na Toscana.

Elas foram classificadas em três grupos conforme o hábito diário de consumo de vinho: as que consomem entre uma ou duas taças de vinho, as que não consomem vinho e as que bebem mais de duas taças.

As mulheres – todas consideradas sexualmente saudáveis – responderam questionários com 19 perguntas sobre sexualidade. Os questionários medem o índice FSFI (Female Sexual Function Index, em inglês), uma medida usada em outros estudos científicos sobre sexualidade feminina.

O grupo que apresentou os maiores índices de desejo sexual, de acordo com as respostas dos questionários, foram as mulheres que consomem uma ou duas taças de vinho por dia.

Os pesquisadores do estudo fazem duas ressalvas sobre o estudo.

“Nenhuma diferença significativa foi encontrada entre os grupos em relação à incitação, satisfação, dor e orgasmo”, afirmam os cientistas no artigo publicado na revista científica Journal of Sexual Medicine.

“Enquanto este resultado precisa ser interpretado com cautela, devido ao pequeno número da amostragem [...] e pela falta de dados de exames de laboratório, ainda assim o estudo sugere potencialmente uma correlação entre o consumo de vinho tinto e melhor sexualidade.”
Publicado em : Espaço Magistral

segunda-feira, novembro 15, 2010

Orquestrando sabores - um jantar

Semana passada tive mais uma vez o privilégio de harmonizar um jantar elaborado pela famosa chef e minha querida amiga Flávia Quaresma, para o pré-lançamento de um belíssimo automóvel da Fiat. Como não poderia deixar de ser, os vinhos tinham que ser todos italianos e à altura do evento. Dentre os ilustres participantes, um era a Jornalista e aspirante a escritora (como ela se auto denomina), Glória Paiva, que nas horas vagas (poucas), gosta de cozinhar e dançar, e tem um blog intitulado "Comer e andar por aí". Glória documentou e fotografou tudo e nos brinda com a excelente matéria publicada no seu blog ( http://comereandar.blogspot.com), que reproduzo a seguir:

"Na última semana, por um destes tropeços deliciosos do destino - a que chamamos de sorte - tive a oportunidade de participar de um jantar inesquecível e de apurar um pouquinho mais meu paladar para comidas e vinhos italianos. É que, trabalhando em um evento em Campinas, acabei por sentar-me à mesa com o sommelier Paulo Nicolay e a chef Flávia Quaresma, para uma sinfonia de pratos harmonizados com garrafas italianas que não encontramos por aí todos os dias. Melhor dizendo: a chef, infelizmente, não conseguiu sentar-se assim, no sentido da palavra, e relaxar, ocupada que estava com a orquestragem de delícias que iam e vinham da cozinha. Ossos do ofício.

Paulo, por sua vez, sentou-se conosco e foi destilando boas histórias a cada encher de taças. Ele, descobri, é um dos corajosos que deixou a sisudez de uma profissão inicialmente escolhida para dar voz a um chamado do coração - assim passou de Engenheiro a sommelier, na década de 90, quando o termo sommelier sequer era conhecido.

O fato é que refastelei-me e fui dormir macia e alegre, depois de a alma flutuar por tantos aromas e sabores combinados e inesperados. Desculpem o excesso de poesia, mas uma boa comida não é quase isso? Descrevo aqui a sequência do que foi.

Começamos por um Amuse-bouche de foie gras com pera ao balsâmico e avelãs. O patê de foie, acompanhado de finas fatias de pera cozida e a acidez do balsâmico criaram uma combinação delicada e surpreendente, se nos arriscássemos a buscar um pouquinho das gotas escuras no canto do prato.

Isto foi harmonizado com um espumante Franciacorta Cuvée Prestige Brut, da região da Lombardia.



Passamos às entradas de fato com dois pratos: Cappuccino de lagostins com letilhas francesas du Puy e um peixe Vermelho sobre legumes com limão confit, molho ao anis e compota de cebolas e azeitonas. O cappuccino, na verdade um creme bem aerado, me pegou de surpresa. Não sou uma apaixonada por frutos do mar - prefiro as carnes -, mas o lagostin, que "tomava sol em Copacabana, com as perninhas cruzadas", como Flávia descreveu meu prato, estava uma delícia. As lentilhas francesas, tenras, combinaram perfeitamente. E o Vermelho realmente me trouxe uma grande dúvida: teria sido ele o preferido da noite? Recém chegado dos barcos de Santos, o Vermelho macio, com um toque azedinho do limão confit e a combinação do legumes cozidos ficou tão suave e fresco que eu poderia comer um peixe inteiro.



Tudo isso foi combinado com um Rossj-Bass Langhe Chardonnay/Sauvignon Blanc 2008 Angelo Gaja, que Paulo descreveu como uma raridade, uma combinação fora de série no mundo. Segundo ele, "rossj bass" quer dizer algo como "terroir", "da terra", no dialeto de Langhe. Na minha opinião, vinhos brancos gelados são sempre divertidos. E a ousada mistura de uvas Chardonnay com Sauvignon, que os franceses avaliam como uma "heresia", virou uma festa só.



Os pratos principais começaram com um Agnolotti recheado de gorgonzola com ameixa preta e molho de vinho do Porto com especiarias. Por cima, uma "folha seca" de presunto de parma crocante, que Paulo me ensinou a fazer no microondas mesmo. Vou experimentar. "Dá para quebrar e jogar por cima do risoto", sugeriu ele, despertando todas as minhas ideias gordinhas. Um sabor muito intenso e original, o do agnolotti, que foi harmonizado com um vinho igualmente sério: o Barolo Dagromis 2003, também do afortunado Angelo Gaja, vindo do Piemonte. É um vinho de respeito, contou-me o sommelier, digno da cidade de Barolo e produzido com a uva Nebiolo, chamada assim por causa da nebia, neblina do lugar.



O segundo prato principal escolhido por Flávia foi um Stracotto de cordeiro com risotto de açafrão - carne de cordeiro cozida em um molho espesso até desfiar, de tão macia, sobre um risotto amarelo e saborosíssimo. Quase me esqueci de tirar a foto quando o prato chegou. Logo vi que aquilo mexia com meus instintos mais elementares, remontando às origens de cozinheiras gordas portuguesas, fazedoras de grandes assados e comida simples, temperada e colorida com ervas. "Não adianta", pensei. Adoro experimentar novidades, mas este meu lado é muito acentuado. Isto é comfort food em sua totalidade.



Tão simples e alegre quanto, o vinho acompanhante deste prato foi o Brunello de Montalcino 2003 - Caparzo, da Toscana - um sucesso italiano muitíssimo apropriado para o prato da mamma.



A sinfonia estava quase completa. Aí tivemos uma "prè-dessert", um "docinho para abrir o apetite para a sobremesa": Panna cotta com frutas secas ao molho de vinho Marsala e pignolis por cima. Delirei. Leve, doce, com um tipo de geléia de frutas e a cobertura de pinholes macios. Paulo ficou tão impressionado com a minha alegria pela Panna Cotta, que até me deu o copinho dele. Juro que tentei recusar, é claro que aquilo não era sinal da boa educação que minha mãe me deu.

Mas ele insistiu e disse que estava reservando espaço para a sobremesa de fato: Salame de chocolate com castanhas brasileiras e compota de cupuaçu.



Comi as duas Panna Cottas e provei do salame, uma sobremesa robusta, com sabor do puro chocolate e o atrevimento do cupuaçu, digna daquelas mesas de comensais glutões.

Os doces foram harmonizados com o Marsala Superiore Ambra Dolce - Lombardo, da região da Sicília. Suspeito que este tenha sido o favorito do Paulo. De fato, nada deixou a desejar para um bom vinho do Porto, o Marsala, que eu não conhecia. Virei fã também. Não sabia que aquela ilha de 5.000 anos de idade, além de ser o berço da máfia italiana e de belas paisagens, fazia um vinho fortificado tão saboroso.



Terminamos com um par de taças de Marsala - mais ou menos isso! - nossa noite. E me lembro de que debatemos a questão da familiaridade com a comida e a importância da harmonização - não apenas de bebidas, mas dos ingredientes certos, na sequência certa, na medida certa. "Quando alguém diz que não gosta de alguma coisa, quero saber em que contexto esta pessoa comeu aquilo. Os alimentos, se são alimentos, devem ser bons. O nosso paladar é que vai se encaixar neles", ponderou o sommelier, despertando algumas reflexões ébrias."

sábado, novembro 13, 2010

Pinot Gris e Grigio: uma boa opção para o verão

Com a proximidade do verão, é interessante conhecer algumas opções de vinhos refrescantes que se adaptem muito bem como aperitivo e também para acompanhar pratos mais leves. Uma dessas alternativas é o Pinot Gris ou Pinot Grigio, como é conhecido na Itália.

Por ser um vinho leve e frutado, muito agradável, de custo acessível e muito fácil de beber, ele se tornou mania nos Estados Unidos nos últimos anos e está entre os vinhos mais importados daquele país.

Esta moda ainda não chegou ao Brasil, por isso, achei interessante dedicar uma coluna para falar um pouco sobre esse delicioso vinho.

Então, vamos conhecer um pouco sobre a uva e o vinho.

Acredita-se que a uva Pinot Gris, seja uma mutação da Pinot Noir, pois ela tem uma casca mais escura que o normal para uma uva branca.

A cor dos vinhos produzidos com Pinot Gris é geralmente mais carregada que a maioria dos vinhos bancos. Uma exceção acontece com a versão italiana, a Pinot Grigio, que faz vinhos bem mais claros.

Essa variedade de uva é cultivada na Itália, Alemanha – onde é conhecida por Ruländer or Grauburgunder - França, Nova Zelândia, Estados Unidos e em muitos outros países.

Na Itália, as melhores expressões da uva Pinot Grigio estão no nordeste, desde o Trentino, Alto-Adige, passando pelo Veneto, até Friuli.

Um bom Pinot Grigio deve ser leve e refrescante – característica que o está ajudando a se tornar muito conhecido nos últimos anos.

Os vinhos Pinot Gris/Pinot Grigio têm aroma delicado, levemente floral, com notas cítricas de limão. Dependendo do estado de maturação da uva e da técnica de vinificação, o vinho Pinot Gris pode ser de leve a muito rico, redondo e encorpado.

Quando é feito num estilo apropriado, pode até envelhecer bem, mas, no geral, é um vinho para se tomar ainda jovem.
Vale a pena ressaltar que, devido à alta produção de Pinot Grigio na Itália, sua qualidade pode variar bastante. Dessa forma dê preferência aos produtores renomados da região de Friuli e do Trentino, que dedicam uma atenção especial na sua vinificação.

Outras regiões que merecem destaque são:

• Alsácia, na França - onde se faz um Pinot Gris bem interessante, mais pesado e escuro que os exemplares italianos e que podem ser guardados entre cinco e oito anos, período em que adquirem uma riqueza defumada e condimentada.

• Nova Zelândia - onde se produz um vinho bem frutado e com um caráter mineral que o torna inconfundível. Seu sabor é mais fresco que o do Pinot Gris da Alsácia, apesar de terem a mesma textura viscosa.

Existem vinícolas nos Estados Unidos, especialmente na Califórnia, que estão dedicando esforços crescentes para produzir bons Pinot Gris. Muitas vinícolas do Oregon também tiveram resultados satisfatórios e estão aumentando a produção de Pinot Gris. Desta forma, podem-se esperar bons vinhos vindos dessas regiões nos próximos anos.

Em termos de harmonização enogastronômica, os vinhos Pinot Grigio italianos vão bem como aperitivo e para acompanhar pratos leves, principalmente à base de peixe.

O Pinot Gris da Nova Zelândia fica excelente tanto sozinho quanto com pratos leves, como uma massa com molho de tomate e manjericão. Também é uma boa alternativa ao saquê, para acompanhar sushi e sashimi.

O Pinot Gris da Alsácia, que é um pouco mais encorpado, combina com peixes, carnes brancas, pratos à base de trufas e com fígado de ganso.


Vinhos Indicados

Seguem algumas sugestões de vinhos:

• Mezzacorona Pinot Grigio Trentino Riserva DOC 2007 - Itália
• Moenchberg Pinot Gris Grand Cru "Le Moine" 2005 da Domaine Marc Kreydenweiss – França
• Isabel Estate Pinot Gris 2007 - Nova Zelândia
Vinhos e Muito Mais, por Adriana Grasso , Colunista ONNE

França deve continuar sendo maior produtora de vinhos do mundo

Segundo previsão da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), a França deverá conservar sua atual posição de maior produtora de vinhos do mundo em 2010.

A produção francesa deverá atingir cerca de 45 milhões de hectolitros, ficando à frente da Itália com seus 42,58 milhões de hectolitros e dos 35,14 milhões de hectolitros espanhóis.

A OIV reportou ainda uma queda de 4% na produção mundial de vinhos, com 260 milhões de hectolitros produzidos no total, uma redução de 10,7 milhões de hectolitros em relação a 2009. "É como se a África do Sul ou a Alemanha não tivessem produzido nada, é uma redução sensível", explicou o diretor da organização, Federico Castellucci.
Fonte - Revista ADEGA

segunda-feira, novembro 08, 2010

Vinho Maravilha!


Não é de hoje que a uva e o vinho são usados na beleza. Na Antiguidade, as mulheres já preparavam uma máscara facial com as frutas amassadas. De lá para cá, a ciência evoluiu e hoje a bebida é usada em vários tratamentos estéticos, como esfoliação, banho de imersão e massagem. Todo o corpo pode se beneficiar da vinhoterapia. O segredo do sucesso está na casca e na semente da fruta, que é rica em polifenóis, substância utilizada em cremes e óleos, e em banhos de imersão. "O polifenol mais importante do vinho é o resveratrol, cujo poder antioxidante é cem vezes superior ao da vitamina E. Ele neutraliza a ação dos radicais livres - as indesejáveis moléculas que destróem as células- e, por isso, é eficiente para prevenir o envelhecimento precoce.

AÇÃO DA VINHOTERAPIA:

ROSTO: protege as fibras de colágeno e elastina, aumentando a firmeza cutânea. Hidrata profundamente.
CABELO: Recupera a fibra capilar, restaura o brilho e a cor, e impede o envelhecimento precoce dos fios.

CORPO: aumenta a resistência dos vasos sanguíneos e ativa a circulação, melhorando a celulite e a gordura localizada. também ajuda a clarear manchas escuras e estrias.
Sem falar nos benefícios do vinho quando incluídos na alimentação. Sob o aspecto médico, o grande diferencial do vinho, está ligado à moderação do consumo, pois o teor alcoólico da bebida é menor do que o presente em destilados. Trata-se de uma bebida raramente associada ao alcoolismo.
Como o consumo do vinho por si só já é responsável pela elevação das lipoproteínas de alta densidade (HDL) no sangue, o que na linguagem popular significa o "bom colesterol", além de diminuir a agregação das plaquetas, associados aos dois efeitos do produto o resultado será sempre benéfico à proteção do aparelho cardiovascular. Está provado que ao ser consumido moderadamente, o vinho diminui os riscos de doenças coronarianas (infartos), além de prevenir a ação de tromboses, derrames e acidentes vasculares cerebrais isquêmicos.
Da uva associada ao álcool decorrente da fermentação do mosto, tem-se então o sagrado vinho, cujas propriedades medicinais hoje são consideradas inclusive por cardiologistas, que têm recomendado a bebida com freqüência, principalmente para as pessoas com idade acima da faixa etária de 30 anos quando, segundo contata-se, aumenta o risco de acidentes cardiovasculares. A uva contribui com substâncias de efeito antioxidante, comprovadamente favoráveis à saúde humana.
O vinho possui dois íons (silício e cromo), que também têm ação benéfica na limpeza das paredes das artérias. Como estas duas substâncias permanecem na corrente sangüínea apenas por 24 horas, para que elas possam ter efeito protetor é necessário consumir vinho diariamente. Aí reside o "segredo da bebida" se consumirmos o equivalente a duas, três taças por dia. No caso dos idosos, por exemplo, além da melhora de qualidade de vida, o vinho também proporciona melhores digestão e sono, além de bom humor.
Não bastassem as propriedades já ressaltadas, o vinho também está associado à longevidade, sendo mais recomendado para tanto o vinho tinto.
BACO, deus do vinho, ficaria orgulhoso de tanta versatilidade!
Dra. Pâmela Rosa Pereira - Postado por Clínica Due

terça-feira, novembro 02, 2010

Luis Fernando Veríssimo: Sobre a dificuldade de descrever as sensações proporcionadas pela degustação do vinho.

" Já disse mais bobagem sobre vinhos do que sobre qualquer assunto, com a possível exceção do orgasmo feminino e da vida eterna. Isto porque é impossível transformar em palavras as qualidades ou defeitos de um vinho, ou as sensações que ele provoca, assim como é impossível, por exemplo, descrever um cheiro e um gosto. Tente descrever o sabor de uma amora. Além de amplas e vagas categorias, como "doce", "amargo", "ácido", etc., não existem palavras para interpretar as impressões do paladar. Estamos condenados á imprecisão ou ao perigoso terreno das metáforas. Tudo é literatura. "
Fonte: Mundos Vinus

Vinho Tannat brasileiro vence uruguaios em degustação na Alemanha

Não é só o Merlot brasileiro que ganha degustações e destaque em nível internacional. Os vinhos Tannat elaborados no Brasil acabam de ser indicados pela Weinwelt, principal revista de vinhos para consumidores na Alemanha. A degustação foi conduzida por Ilka Lindemman, editora da revista, que esteve em setembro de 2009 no Brasil convidada pelo projeto Wines of Brasil (Wof), realizado em parceria pelo Ibravin (Instituto Brasileiro do Vinho) e pela Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos).

Dos 12 vinhos Tannat indicados pela revista alemã, a metade é do Brasil, apesar dos rótulos desta variedade de uva ser o símbolo do Uruguai. Os dois primeiros vinhos mais pontuados, inclusive, são verde-amarelos: o Lidio Carraro Tannat Grande Vindima, safra 2005, com 88 pontos, e o Piagentini Tannat Grand Reserva, também de 2005, com 87 pontos, empatado com o Medanos Tannat Reserva 2008, do país vizinho. Em seguida, entre os uruguaios, com 85 pontos, aparecem três vinhos brasileiros (Fortaleza do Seival, da Miolo; Salton Classic, da Salton; e o Pizzatto Tannat, da Pizzato). O Tannat da Don Giovanni ganhou 83 pontos, completando o time brasileiro entre os indicados da Weinwelt.

“Fiquei impressionada com o resultado dos Tannats brasileiros. Ter seis vinhos selecionados entre 12 Tannats é uma vitória, ainda mais por ser a uva representativa do Uruguai”, comenta a gerente de Promoção Comercial do Wines of Brasil, Andreia Gentilini Milan.

Na matéria, intitulada “Variedades líderes da América do Sul: Malbec – Carmenère – Tannat”, Ilka Lindemman comenta que “já há muito tempo as prateleiras do comércio não são mais pensadas sem eles, os vinhos sulamericanos, que com sua farta fruta, temperos finos e corpo exuberante já trouxeram tantos bon vivants para o vinho”. E continua: “No entanto, nossa degustação de variedades líderes sulamericanas nos mostrou que os vinhos do Chile, Argentina, Brasil e Uruguai são muito mais do que apenas vinhos de entrada.”

Sobre o Tannat, a editora da revista alemã de vinhos opina: “No Brasil e Uruguai, essa variedade proveniente do sudoeste da França, encontrou uma segunda casa e aqui, ao contrário da França, é quase sempre mencionado no rótulo.”

Na degustação da variedade Malbec, ícone da Argentina, temos um intruso brasileiro: o Malbec Séries, da Salton, safra 2007, que ganhou 85 pontos.
Blog Saca-Rolhas