Yao Ming lembra que em sua infância em Xangai vinho era servido com cubos de gelo. Só depois que o astro chinês do basquete de 2,3 metros de altura passou algum tempo com o companheiro de equipe da NBA, a liga americana de basquete, Dikembe Mutombo, um jogador congolês de 2,1 metros, ele passou a apreciar vinho.
Yao Ming lança o primeiro vinho de sua vinícola em Xangai.
"Sempre ficava olhando para ele em nossos jantares e às vezes perguntava 'por que você está fazendo isso?'", conta Yao, girando um copo imaginário. "E eu só tentava copiá-lo."
Agora aposentado e de volta à sua cidade natal, o jogador se transformou em um inusitado perito e pioneiro do mercado chinês de vinho. Aos 31 anos, ele está lançando sua própria vinícola californiana, a Yao Family Wines, orientada exclusivamente para o mercado chinês.
Distribuídas pela gigante francesa de bebidas Pernod Ricard SA, as garrafas da primeira leva de 5000 caixas serão rotuladas apenas como Yao Ming e têm como meta o mercado de luxo.
O vinho, feito com uvas Cabernet Sauvignon colhidas em 2009 no Vale de Napa, na Califórnia, é vendido a 1775 yuans (US$ 289) por garrafa (o preço inclui uma taxa de importação de 27% e 17% de imposto sobre as vendas de varejo). Um Segundo vinho, chamado Yao Family Reserve, será lançado no final deste ano, e a pequena produção de 500 caixas será ainda mais cara.
"Eu realmente gosto do Vale de Napa", diz o ex-jogador. "A Califórnia representa férias, vida leve, sol — tudo relacionado a uma boa qualidade de vida."
A Califórnia não poderia ter melhor garoto-propaganda na China do que Yao. Ele é uma das maiores estrelas nacionais e é considerado responsável pelo aumento do interesse chinês pela NBA. Durante suas nove temporadas no Houston Rockets, as partidas eram transmitidas pela televisão nacional da China, e ele foi escolhido para carregar a bandeira chinesa durante a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de 2008 em Pequim. Yao já foi estrelou comerciais de tudo, desde produtos da Apple até o restaurante chinês do seu pai em Houston.
A admiração de Yao por vinho cresceu em paralelo à aceitação da bebida em seu país — o consumo de vinho na China dobrou de 2005 a 2009. Porém, os vinhos importados pela China eram predominantemente da França, e ele viu uma oportunidade no mercado para os vinhos californianos.
Yao pediu à BDA Sports International, agência que o representa, para explorar a ideia de começar sua própria vinícola no Vale de Napa. Em 2009, com o apoio da BDA, ele encontrou um grupo de especialistas em vinho, entre eles o renomado produtor Tom Hinde, para ajudá-lo a realizar seu projeto. "Experimentamos diversos vinhos juntos e conseguimos conhecê-lo de uma maneira que pudemos expressar a personalidade dele no vinho", disse Hinde. "Ele é fisicamente imponente, mas também muito apresentável e gentil. Nós quisemos capturar isso no vinho."
Hinde afirma que a Yao Family Wines não é um negócio efêmero para tirar proveito da fase de crescimento da indústria chinesa de vinho e da fama da celebridade antes que qualquer uma das duas enfraqueça. Ele conta que o plano de negócios da empresa é baseado em um período de dez anos.
Hinde e outras quatro pessoas envolvidas com a vinícola são acionistas minoritários na empresa, enquanto Yao é o principal proprietário. Yao e sua equipe não informam quanto foi investido no negócio, mas especialistas no setor estimam que são necessários entre US$ 2 a US$ 5 milhões para colocar uma vinícola em produção total.
Enquanto quase todo vinho vendido na China provém de fontes domésticas, o mercado de importação cresceu substancialmente. As importações de vinhos engarrafados — ao contrário do vinho barato importado em grandes tanques para ser engarrafado na China — cresceu 240% de 2008 a 2010, de acordo com dados das autoridades alfandegárias da China.
Chad Ingraham for The Wall Street Journal
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