Os principais vinhos brancos do Brasil podem ser divididos em duas categorias bem distintas, quase opostas: são os Chardonnay com passagem em barrica, untuosos e, muitas vezes, pesados e demasiadamente amanteigados, e os Sauvignon Blanc, leves, frescos, minerais e cítricos, e que devem ser bebidos o mais jovem possível (evite, hoje, safras anteriores a 2010). Neste segundo time, com características perfeitas para serem apreciadas nos dias quentes do verão que vai chegando, os melhores exemplares brasileiros são produzidos na serra catarinense, nos chamados vinhedos de altitude. Nem todas as vinícolas da região, porém, perceberam o potencial desta uva. Mas as que apostaram nela estão colhendo ótimos frutos, caso da Villa Francioni, a mais famosa do pedaço, da Sanjo e da Santa Augusta.
Orgalindo Bettú, enólogo da Villa Francioni, diz que está satisfeito com os resultados já alcançados no município de São Joaquim.
— Acreditamos que variedades aromáticas como a Sauvignon Blanc apresentam um bom potencial acima dos 800 metros do nível do mar. Além de excelentes uvas, sãs e maduras, com acidez equilibrada, bom potencial alcoólico e aromas agradáveis e complexos, conseguimos colher da Sauvignon Blanc na safra de 2011 uvas botritizadas — diz ele, apresentando a novidade (uvas botritizadas, atacadas por um fungo, dão origem a vinhos doces, como os Sauternes). — Só as consideradas grandes regiões vinícolas ao redor do mundo conseguem este patamar qualitativo de uvas e seus consequentes vinhos secos e doces. Sem dúvidas, já temos resultados promissores.
A Sanjo é uma moderna cooperativa de descendentes de japoneses que se destaca na produção de maçãs, também na cidade de São Joaquim, capital nacional desta fruta, e que vem chamando a atenção também na elaboração de vinhos, como o Núbio. Nos últimos anos, para diversificar os negócios e percebendo o enorme potencial que as montanhas catarinenses apresentam para a produção de vinhos finos, resolveram investir na viticultura. Há bons tintos e rosados sendo feitos por eles, mas o grande destaque é mesmo o Sauvignon Blanc, com aromas de frutas como abacaxi, maracujá e limão, fresco e agradável.
O Sauvignon Blanc é um vinho que deve ser apreciado bem frio, de preferência colocado em baldes com bastante gelo. Ótimo para se fazer um brinde entre amigos numa tarde quente, e também para a comida: pode acompanhar as ostras de Santa Catarina, e pratos com peixes e frutos do mar com receitas simples, valorizando o frescor dos pescados, podendo, inclusive, entrar no preparo dos pratos, como camarões salteados no alho e azeite, vieiras ao forno na manteiga de limão ou mexilhões à provençal. Também são uma ótima escolha para pratos com peixes crus, como carpaccios, tartares, sushis e sashimis, bem como os peixes cozidos a frio, como os ceviches, tão na moda ultimamente.
Por Bruno Agostini: Esta reportagem foi escrita para a Revista do O Globo do dia 20/11.
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