KIEV - Uma visita do ex-premier italiano, Silvio Berlusconi, à Crimeia causou mais dor de cabeça nas relações entre Ucrânia e Rússia. Após visitar junto ao presidente russo, Vladimir Putin, uma das maiores coleção de vinhos do mundo, ele tomou um vinho de 1775. A medida rendeu a ele a proibição de entrar no territorio ucraniano e um processo por roubo.
Na visita, Berlusconi e Putin degustaram um Jerez de la Frontera de 240 anos de idade. A garrafa faz parte de uma coleção trazida à época pelo conde Mikhail Vorontsov, durante o império de Catarina, a Grande. Em imagens divulgadas pela rede RT, Berlusconi também se surpreende ao ver uma garrafa de 1891 e pergunta se o vinho poderia ser bebifo.
A vinícola fazia parte do governo ucraniano, antes de a península ser anexada pela Rússia no ano passado. O país exige reparações por bens tomados pelos russos com a incorporação do território.
Após a divulgação da visita e da degustação de Berlusconi no local, a antiga procuradoria-geral da Crimeia, que atua no exílio desde a anexação, abriu um processo contra a diretora do local. Yanina Pavlenko foi indiciada por traição. De acordo com as autoridades de Kiev, houve roubo no valor equivalente a 60 mil libras pelo consumo, e Berlusconi e Putin também teriam a obrigação de ser questionados.
- A garrafa de 1775 é uma das que constituem não apenas a herança da Crimeia ou da vinícola, mas de todo o povo ucraniano - criticou o vice-procurador, Nazar Kholodnytsky, de Kiev.
Tecnicamente, a Ucrânia não tem como condenar as autoridades envolvidas no episódio, já que a Crimeia é território russo desde março de 2014. O Kremlin não comentou o caso criminal, enquanto Berlusconi preferiu se abster de discutir a degustação.
Por O Globo com agências internacionais
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