Não existe classificação oficial dos vinhos do Pomerol, uma das mais notáveis sub-regiões de Bordeaux, no sudoeste francês. Ainda assim, no topo de qualquer lista dos melhores tintos da comuna certamente estaria o lendário Pétrus. Aliás, em qualquer relação dos grandes tintos do planeta este vinho elaborado com a casta Merlot tem lugar assegurado, tal a sua qualidade. O domaine, comandado por Christian Moueix, tem apenas 11,5 hectares, de onde saem não mais que 50 mil garrafas por ano. Um tinto raro e caro, mas sua fama é merecida, pela classe, aromas potentes, bom corpo e notável concentração de sabor.
O Pomerol, quase um subúrbio da cidade de Libourne, tem apenas 750 hectares de vinhedos e é a menor das apelações de Bordeaux - pequenina mesmo, perto da vizinha Saint-Émilion, que possui 2.300 hectares plantados. Ao contrário do Médoc (outra grande área bordalesa), onde predomina a Cabernet Sauvignon, ali é o reino da Merlot. Esta uva tinta proporciona vinhos redondos, não muito agressivos na juventude e que não precisam envelhecer muito para dar prazer. Neste universo, o Pétrus tem identidade própria. Apresenta o aveludado típico da casta, mas tem vocação para guarda. Normalmente precisa de dez anos para chegar ao ponto ideal de consumo e tem estrutura para durar décadas.
Na preparação dos vinhos do Pomerol, a receita consagrada é 70 de Merlot e 30% de Cabernet Franc. No Pétrus a proporção é outra, 5% de Cabernet Franc e 95% de Merlot. Ele traduz esta uva ao máximo de sua expressão - na verdade, é o que todo Merlot gostaria de ser. O segredo está no solo e nos cuidados com que o vinho é cercado na propriedade. O terreno é argiloso, com boa capacidade de drenagem, e debaixo dele há um sub-solo com forte presença de óxido de ferro, que confere ao vinho sua especificidade.
O preço traduz todos esses cuidados: uma garrafa de Petrus da safra de 1995 custa no mercado brasileiro US$2.800, 00 chegando a US$5.200,00 para a safra de 1982.
Hoje a família Moueix é dona ou administra perto de 20 propriedades vinícolas em Bordeaux, entre elas estrelas como os Châteaux Trotanoy e La Fleur-Pétrus, no Pomerol, Château Magdelaine, em Saint-Émilion, e o Château Dauphine, em Fronsac. Mas nesta constelação, nenhuma tem o brilho ou o charme do tinto que, por sua nobreza, é chamado respeitosamente por muitos enófilos de o Rei Pétrus.
Postado por Com açucar, ou com Afeto.
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