Por mais talentoso e competente que seja o enólogo, e por mais moderna que seja a tecnologia empregada na vinificação, ainda assim, é a variedade da uva (a casta), que vai determinar, majoritariamente, o caráter e a qualidade do vinho. Constata-se com isso que não há vinho excelente sem que antes a uva tenha resultado excepcional no vinhedo. Como também não há vinho espetacular, em que o homem (enólogo), tenha usado de artifícios químicos reparadores (maquiagem), para sugerir qualidade.
Aliás, nos melhores vinhos, o homem (mero coadjuvante) e suas intervenções sutis, ocorrem tão somente para conduzir o processo e extrair o melhor da matéria prima (uva), sem ofuscar-lhe o papel de destaque (protagonista), que tempos depois irá interpretar na taça toda atmosfera e esplendor do seu terroir. E sendo o vinho reflexo da uva, a maior parte da atenção dos produtores atualmente está voltada para o vinhedo e tudo que o compreende: solo, clima, posição, manejo, irrigação, variedade e interação humana.
No final, um grande vinho é o resultado de uma feliz parceria entre o homem e a natureza, sendo a natureza a sócia majoritária e benevolente dessa joint venture. Daí porque o vinho reúne em si um misto de sagrado e profano.
Tribuna do Norte
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